sexta-feira, 7 de março de 2014

Joias Perdidas: Tales, amigo de Pato na base, vai do triatlo ao Kuwait

Destaque no Inter, meia chegou a se arriscar em outro esporte. Após passagens pela Tailândia e pela Terceirona de Portugal, joga agora no Al Yarmouk

Por Rio de Janeiro

Tales (Foto: Divulgação)Tales atua pelo Al Yarmouk (Foto: Divulgação)

O ano era 2006, e o Internacional, ao mesmo tempo em que conquistava o Mundial de Clubes, apresentava aos holofotes do futebol um certo Alexandre Pato, atacante de apenas 17 anos que mostrava técnica refinada e um vasto repertório de dribles com soluções fáceis para jogadas difíceis. Ali explodia um fenômeno, acreditavam colorados, junto com a percepção de que o meia Tales - amigo de Pato e apenas um ano mais novo - seria o próximo. Não foi. Hoje, aos 24 anos, enquanto vê o ex-companheiro ganhar uma chance no São Paulo, Tales atua pelo Al Yarmouk, do Kuwait, buscando reerguer a carreira após um bom tempo disputando competições de biatlo e triatlo (veja vídeo acima).

- Esses treinos de triatlo aconteceram em um período no qual havia terminado meu contrato com o Internacional e eu estava esperando por uma nova oportunidade no futebol. Meu irmão é triatleta e, como eu sempre adorei treinar forte e me exigir bastante, foi a saída que encontrei pra me manter em forma e com o espírito competitivo - diz Tales, que chegou a vencer algumas provas e em 2013 teve passagens pelo Joanes, clube da Terceira Divisão portuguesa, e pelo Suphanburi, da Tailândia.


Fui tricampeão sul-americano e atuei com muitos jogadores que hoje fazem muito sucesso e que me têm em alta consideração, além de ter viajado o mundo todo defendendo meu país. Isso tudo não tem preço 
Tales

A presença desses clubes no currículo de Tales surpreende, sobretudo porque ele se diz o jogador com o maior número de convocações para seleções de base na história (74). Com a camisa da seleção brasileira, foi campeão sul-americano sub-15, sub-17 e sub-20, atuando como titular em vários jogos, sendo decisivo em alguns deles e fazendo parte de uma geração que contava com jogadores como Bernardo, Fellipe Bastos, Giuliano, Alex Teixeira e Lulinha, entre outros. O meia lembra com carinho desse tempo.

 - Procuro guardar com muito orgulho esses feitos marcantes que tive na minha trajetória da base tanto do Inter quanto da seleção. Fui tricampeão sul-americano e atuei com muitos jogadores que hoje fazem muito sucesso e que me têm em alta consideração, além de ter viajado o mundo todo defendendo meu país. Isso tudo não tem preço, não há falta de oportunidade ou azar nos profissionais que vá tirar isso da minha história.

O jogador reclama da falta de oportunidades no Inter, clube pelo qual atuou muito pouco, e afirma que a falta de ritmo o prejudicou bastante.

- Fizeram coisas não muito legais no meu contrato e que me impossibilitaram de jogar por muito tempo. Isso comprometeu bastante, mas é passado. É uma coisa sobre a qual procuro nem pensar mais.

 
Dos tempos de Inter, ficaram as amizades. Uma delas, com Alexandre Pato, foi eternizada por um gesto no jogo contra o Al Ahly, do Egito, no Mundial de Clubes de 2006. Após marcar o primeiro gol do Colorado no jogo, Pato comemorou como se estivesse jogando videogame, apertando os botões de um controle imaginário. Era uma homenagem ao amigo, combinada via internet na véspera da partida.

- Foi muito legal o gesto. Combinamos no dia anterior, sem muito compromisso, e achei que ele não fosse lembrar. Jamais vou esquecer, foi fantástico. Há um bom tempo não falo com o Pato, mas tive o prazer de ir ao casamento dele e participar de outros momentos importantes. Tenho certeza de que isso ficará marcado para nós dois.

Sem sequência fora do Inter

Pouco aproveitado no Inter, Tales deixou o clube em 2010. Foi emprestado ao Sporting, de Portugal, e também não teve chances de atuar. De volta ao Brasil, passou pelo ASA, de Arapiraca, e novamente não foi aproveitado. Após terminar o contrato com o Colorado, em 2012, ficou sem clube e não recebeu proposta brasileira. Transformou-se momentaneamente em um andarilho do futebol, mas vê um lado positivo nas experiências que viveu.

- Apesar da pouca idade, me considero uma pessoa com muita vivência e um privilegiado por poder aprender sobre diversas culturas - disse o jogador, que, além de Portugal, Tailândia e Kuwait, viveu na Suíça por um breve período.


Tales jogando pela seleção sub-20 (Foto: Reuters)Tales comemora gol pela seleção sub-20 ao lado de Sandro, hoje no Tottenham (Foto: Reuters)

Sobre o futuro, Tales se mostra otimista, mas procura não traçar muitos planos ou metas a longo prazo.

- Por enquanto penso em dar sequência ao meu trabalho em um lugar onde eu possa adquirir experiência profissional, de vida e, principalmente, onde eu tenha oportunidade de mostrar meu potencial. Mas é uma questão que procuro não me envolver até a hora de decidir. Deixo tudo nas mãos do meu empresário, Matheus Assaf, e procuro apenas me concentrar em fazer o meu trabalho.



FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2014/03/joias-perdidas-tales-amigo-de-pato-na-base-vai-do-triatlo-ao-kuwait.html

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