quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Suposto culpado por morte de Kevin some de organizada e tem emprego

H.A.M, ou Hélder Alves Martins, tenta se livrar de peso causado por confissão e busca vida nova em cinema da zona leste de São Paulo. Ele já é maior de idade

Por São Paulo


saiba mais
A sigla que ficou conhecida há um ano agora virou nome. Mas um nome que quer ser esquecido após o envolvimento na morte de um garoto. H.A.M, ainda com 17 anos, confessou ter sido o autor do disparo do sinalizador que matou Kevin. Um ano depois, Hélder Alves Martins "sumiu" da Gaviões da Fiel, principal torcida organizada do Corinthians, e tenta se reconstruir no primeiro emprego de sua vida: em uma grande rede de cinemas na zona leste de São Paulo.

Dias depois da prisão de 12 torcedores corintianos em Oruro, na Bolívia, dia 20 de fevereiro passado, o menor foi levado pelo advogado Ricardo Cabral, da Gaviões, a um Distrito Policial em Guarulhos, na Grande São Paulo. Lá, Hélder confessou o crime. Depois, foi ouvido por um promotor boliviano e repetiu a confissão. Por ser menor de idade à época e pelo fato de o Brasil não extraditar cidadãos nascidos no país, ele não voltou para a Bolívia.

Menor chega acompanhado do advogado (Foto: Leandro Canônico) 
H.A.M se entrega em Guarulhos, dias depois da 
morte do garoto boliviano Kevin Espada 
(Foto: Leandro Canônico)
 
Ameaçado por membros da Gaviões e tratado como grande culpado da história - tanto pela morte de Kevin quanto pela prisão de 12 outros torcedores - H.A.M parou de frequentar a quadra da organizada, retomou os estudos por insistência da mãe e hoje busca uma formação técnica em Engenharia Mecatrônica, de acordo com o advogado Ricardo Cabral, talvez o único envolvido no caso a ter contato com o garoto.

A ideia é desvincular completamente o nome de Hélder da tragédia de Oruro. De acordo com integrantes da Gaviões que estiveram naquele fatídico San José x Corinthians e conheciam o garoto, ele teria levado sinalizadores navais para "ganhar moral" com lideranças da torcida. Após a morte de Kevin, o efeito contrário foi causado.

Menor corinthians chega acompanhado do advogado (Foto: Alberto Augusto/Sigmapress/Agência Estado)Menor é recebido pela Polícia Militar em Guarulhos Foto:Alberto Augusto/Sigmapress/Agência Estado)
 
Depois do arquivamento do caso, em meados de agosto, Hélder evitou qualquer contato com o Corinthians. Não foi mais aos jogos no Pacaembu com medo de represálias se fosse reconhecido. Viagens, menos ainda. Isolou-se e contou com a ajuda da mãe para buscar um novo rumo com trabalho e estudos.

Morador do Parque do Gato, ex-complexo de favelas e atual conjunto de moradias populares no bairro do Bom Retiro, o personagem central da morte de Kevin caminha como um anônimo, usa transporte público para chegar ao trabalho e não fala mais sobre o assunto. Hélder recusa qualquer pedido de entrevistas e quer ficar longe do futebol.

Na Bolívia, o pai do garoto morto, Limbert Beltrán, fez um pedido a H.A.M e aos 12 torcedores que ficaram presos durante cerca de cinco meses.

- Que Deus ilumine a vida deste garoto e dos outros 12. Não desejo o mal a ninguém. Meu filho não voltará mais. Só espero que a cada noite este garoto coloque a mão na consciência e saiba que há uma família em luto eterno por causa de uma estupidez. Que Deus o ajude – disse Limbert Beltrán, ao GloboEsporte.com.



FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/corinthians/noticia/2014/02/suposto-culpado-por-morte-de-kevin-some-de-organizada-e-tem-emprego.html

Nenhum comentário: