quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Advogado de organizada revela que preso em Oruro é um dos foragidos

Delegada não confirma para 'não atrapalhar nas investigações', mas Tiago Aurélio dos Santos Ferreira, segundo a Gaviões, é um dos três ainda procurados pela polícia

Por São Paulo

 
Ricardo Cabral, advogado da Gaviões da Fiel, confirmou, na tarde desta quinta-feira, que um dos três torcedores que são procurados pela Polícia com mandado de prisão é Tiago Aurélio dos Santos Ferreira, um dos 12 que foram presos em Oruro, na Bolívia, há exatamente um ano, acusados da morte do garoto Kevin Beltrán Espada, durante jogo da Libertadores contra o San José - clique aqui e veja por onde anda o menor de idade que assumiu a autoria do disparo do sinalizador marítimo que matou o boliviano.

O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) realiza desde às 4h desta quinta-feira a "Operação Hooligans", em cumprimento a cinco mandados de prisão e outros seis de busca e apreensão contra torcedores que invadiram o centro de treinamento do Corinthians no dia 1º de fevereiro. O pedido de investigação foi feito pelo presidente do clube, Mário Gobbi, que é delegado licenciado.

Tiago Aurélio torcedor do Corinthians preso ao lado da esposa (Foto: Diego Ribeiro)Tiago Aurélio, na época da prisão em Oruro
(Foto: Diego Ribeiro)
 
Dois dos cinco já foram presos: Tarcísio Baselli Diniz e Gabriel Monteiro de Campos (vulgo "República"). Tiago Aurélio é um dos três foragidos. Um terceiro homem, identificado como Danilo dos Santos Gomes, foi preso, autuado em flagrante por porte ilegal de arma e de drogas. Gabriel é da torcida Pavilhão Nove. Tarcísio e Danilo são da camisa 12.
Alguns dos que tiveram prisão decretada já têm passagem pela polícia por crime de "intolerância esportiva" - Elisabete Sato, diretora do DHPP, não precisou quantos.

Sato também não quis confirmar a identidade de Tiago Aurélio para "não atrapalhar nas investigações". Mas o advogado da Gaviões admitiu que é ele um dos foragidos.
rojões como armas

Em entrevista coletiva na sede do DHPP, Elisabete Sato revelou que foram achados cinco rojões modificados na sede da torcida Camisa 12. Segundo ela, eles são "modificados para aumentar o efeito lesivo" e isso os torna ilegais. Ainda de acordo com a diretora do DHPP, foram apreendidos R$ 18.496 na Camisa 12, "dinheiro de ingressos", segundo um dos detidos.
- Eles estavam insatisfeitos com a atuação os jogadores, por isso decidiram fazer o protesto. Um deles (Gabriel, que é da torcida Pavilhão Nove) disse que entrou tranquilamente pela porta da frente - relatou Elisabete Sato, do DHPP.

entrada facilitada?
A polícia investiga se alguém do clube facilitou a entrada dos torcedores no CT.  Na ocasião, houve dano ao patrimônio e agressão a jogadores e funcionários do clube - clique aqui e veja como foi

- As câmeras só mostram o momento da invasão, nada de roubo, agressão - disse Margarete Barreto, delegada do Decradi.

torcedor corinthians desembarque oruro (Foto: Marcos Ribolli)Tiago Aurélio, no desembarque em Cumbica,
após sete meses em Oruro (Foto: Marcos Ribolli)
 
Foram ouvidos funcionários do clube, inclusive o médico Joaquim Grava, que dá nome ao CT e chegou a se machucar no cotovelo durante a invasão. 

A investigação segue em curso. A polícia quer ouvir o atacante Paolo Guerrero, que foi agredido por um dos invasores. 

- A investigação ainda não acabou, se conseguirmos identificar mais torcedores serão expedidos mais mandados de prisão - disse Elisabete Sato.

A Operação Hooligans conta com 90 policiais do DHPP e ainda está em andamento. Assim, novos suspeitos poderão ser presos ao longo do dia.


Tiago Aurélio e outros 11 torcedores ficaram presos na Penitenciária de Oruro por sete meses, acusados da morte de Kevin Espada, atingido por um sinalizador marítimo. Eles alegaram inocência e foram libertados após o fim da investigação. No Brasil, um torcedor menor de idade na época (17 anos) assumiu a culpa do disparo. Em entrevista ao GloboEsporte.com, os pais de Kevin reclamaram do descaso. Já o menor, que assumiu a autoria do disparo do rojão, deixou a torcida organizada e arranjou um emprego.

Diretora do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Elisabete Sato, e delegada Margarete Barreto, do Decradi (Foto: Diogo Venturelli) 
Diretora do DHPP, Elisabete Sato, e delegada 
Margarete Barreto, do Decradi, em coletiva 
(Foto: Diogo Venturelli)

alvo são as organizadas
A delegada Margarete Barreto, do Decradi, confirmou que as sedes das torcidas organizadas Gaviões da Fiel, Pavilhão Nove e Camisa 12 foram os alvos da operação policial que já prendeu dois dos invasores ao CT corintiano e ainda busca outros três já identificados e que tiveram mandado de prisão expedido pela Justiça. A operação policial foi batizada de "Operação Hooligans".

Um deles (invasores) disse que entrou tranquilamente pela porta
do CT do Corinthians
Elisabete Sato, diretora do DHPP
 
- Foram 13 delegados e 85 policiais civis nesta operação, que teve 11 mandados de busca e cinco de prisão, sendo que dois já foram presos e ainda houve uma prisão em flagrante (de um homem por porte ilegal de arma e de drogas). O alvo foram as organizadas, ou seja, as sedes da Gaviões da Fiel, da Pavilhão Nove e da Camisa 12 - explicou Margarete Barreto, delegada responsável pela investigação.

- Estamos trabalhando na identificação de outros envolvidos e na busca de mais três que já foram identificados. Esperamos que o Judiciário olhe com rigor nossa atitude. Estamos empenhados para que os responsáveis sejam punidos rigorosamente - emendou a delegada.

Esperamos que o Judiciário olhe com rigor nossa atitude
Margarete Barreto, delegada do Decradi
 
Margarete Barreto confirmou também que investiga o motivo de algumas câmeras de monitoramento do CT do Corinthians terem supostamente falhado durante a invasão. A hipótese de que alguém do clube tentou acobertar a invasão não está descartada.

- A gente está investigando isso, para ver se houve apenas um problema no sistema ou se foi algo intencional para omitir a identidade desses invasores.

a busca
Na manhã desta quinta-feira, a polícia prendeu três torcedores. De posse de cinco mandados de prisão e outros seis de busca e apreensão, os policiais saíram às ruas,  ainda durante a madrugada, atrás dos torcedores que no início do mês invadiram o CT do Timão provocando tumulto, agredindo jogadores e funcionários e furtando telefones celulares.

Durante as buscas, 13 torcedores acabaram detidos para averiguação. Três deles foram presos. Dois pela invasão e um deles em flagrante, portando de maneira ilegal um revólver calibre 38, maconha e explosivo. Três estão foragidos - incluindo aí Tiago Aurélio, um dos 12 presos acusados pela morte de Kevin Espada, há um ano, em Oruro. Os dois já presos pela invasão e os três foragidos são acusados de formação de quadrilha, roubo, lesão corporal e ameaça. Com a prisão preventiva decretada, eles ficarão no DHPP pelo próximos cinco dias. 


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A ação começou por volta das 4h30. Dez corintianos foram detidos na quadra da Camisa 12, sendo um preso por porte ilegal de arma. Na Pavilhão 9, mais um foi conduzido ao distrito policial. Por fim, na Gaviões da Fiel, a maior torcida organizada do clube, os policiais detiveram mais duas pessoas e apreenderam uma quantia de 3,3 mil dólares (equivalente a R$ 7,2 mil) em dinheiro. Os nomes dos detidos e dos presos ainda não foram divulgados. Todos foram levados ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) no centro da cidade. Computadores e documentos também foram capturados.

Ação da polícia na sede da torcida organizada do Corinthians (Foto: Hélio Torchi / Agência Estado) 
Torcedor do Corinthians é detido pela polícia na 
manhã desta quinta-feira (Foto: Hélio 
Torchi / Agência Estado)

a invasão
No último dia 1º de fevereiro, um sábado, cerca de 100 torcedores do Corinthians invadiram o CT Joaquim Grava, na zona leste de São Paulo, e aterrorizaram funcionários, jogadores e diretores do Timão. Apesar da presença da Polícia Militar, nenhum dos vândalos foi preso naquele dia.
Membros da diretoria do clube alvinegro ainda tentaram conversar com alguns líderes das uniformizadas, mas não houve muito papo. Os corintianos que ali estavam queriam bagunça. E conseguiram. Três celulares foram roubados, sendo um deles do meio-campista Luiz Ramirez. Os jogadores precisaram se esconder em quartos do alojamento e em outras salas. O atacante Paolo Guerrero e o médico Joaquim Grava, que dá nome ao centro de treinamento, foram agredidos pelos invasores. Mais cinco funcionários também sofreram agressões. 

Mosaico invasão CT Corinthians polícia (Foto: Editoria de Arte)

O clima de tensão se instalou no clube. O presidente Mário Gobbi prometeu ajudar nas investigações, cedendo informações e imagens à polícia. Mas diversas imagens das câmeras de segurança do CT não foram gravadas. Há uma perícia em andamento.

    
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- Presume-se que houve uma questão técnica, uma falha. A delegada me relatou que vai fazer uma perícia na máquina. É essa perícia que vai dizer se alguém tentou burlar ou se realmente se confirma a falha técnica - declarou o presidente corintiano. 
 
Por outro lado, estão com a polícia 13 fotos que retratam o que ocorreu depois das agressões e depredações. E algumas imagens de vídeo que não se perderam. Ao todo, o CT tem 22 câmeras de monitoramento. O clube diz que entregou entregou tudo o que tinha. Com base no material, a polícia identificou 20 torcedores e expediu os primeiros mandados de prisão. Eles responderão por diversos crimes, entre eles dano ao patrimônio e formação de quadrilha.

Depois dessa invasão, três jogadores foram embora do Corinthians: o meia Douglas foi para o Vasco, o zagueiro Paulo André seguiu para o Shangai Shenhua, da China, e o atacante Alexandre Pato acabou envolvido numa troca com Jadson e agora é jogador do São Paulo. 

Documento invasão CT Corinthians polícia (Foto: Reprodução) 
Documento de três páginas que o 
Corinthians encaminhou ao Ministério 
Público após a invasão do CT




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