Preparador físico contribui com ‘mágica’ da permanência do Tigre a partir da essência de comandados e ingredientes de sua experiência de 20 anos no futebol
O chamamento de ‘bruxo’ por colegas de trabalho não é por
acaso, ainda que ele passe longe da alquimia. Márcio Corrêa é homem da ciência,
e do esporte. Porém tem sob a manga a mágica para fazer o Criciúma arrancar
para a permanência na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Com o
preparador físico, o time correu até se garantir na elite nacional. O gaúcho de
Porto Alegre ajudou a espantar o ‘monstro’ chamado rebaixamento com a extração
do que cada atleta poderia ofertar de melhor. Fez da cabeça caldeirão e do
conhecimento ingredientes para a poção do Tigre para completar a principal
tarefa do ano.
Márcio Corrêa, o 'bruxo' que dispensa a mágica:
ciência aplicada ao esporte
(Foto: João Lucas Cardoso)
A manipulação de quem acredita ser um preparador de atletas,
e não apenas físico, fez surgir dos atletas doses de disposição, vontade e
atitude em campo. Para um estudioso da preparação física, força seria pouco.
Márcio Corrêa buscou na essência dos jogadores do Criciúma a cura para o
rebaixamento. E na hora certa.
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- Para que as coisas se revertessem resolvi adotar métodos
diferenciados de treinos, visando sempre extrair o melhor de cada jogador e o que
realmente cada um seria capaz de colaborar. Cada atleta tem sempre algo a ser
potencializando e que muitas vezes não é explorada na devida forma – acredita o
‘bruxo’.
Márcio Corrêa desembarcou no Heriberto Hülse um dia depois
do técnico Argel Fucks. Juntos, tinham 13 rodadas para fazer com o Criciúma
deixasse a zona de rebaixamento. Cada um em sua área, tinham em comum o desafio
de reverter o quadro que se desenhava de rebaixamento e fazerem com que a
equipe atingisse a principal meta do ano. A aposta do clube para a reta final
foi providencial. Ganhariam o reconhecimento de surgirem no local e hora certa.
Com Argel edita dobradinha salvadora para o Criciúma Argel (Foto: João Lucas Cardoso)
- Sinceramente eu acho que chegaram na hora exata. Se não
fossem eles, não sei se o Tigre chegaria em condição de garantir a permanência.
Todo mundo dava o Criciúma como morto. Eles chegaram e conseguiram trazer este
brio ao time e ressuscitar o Criciúma, para aqueles que diziam que tínhamos
perdido. Conseguiram levantar o Criciúma. Contou muito o trabalho do Márcio.
Ele é um excelente profissional, sempre escuta a gente. O encontro
frequentemente lendo livros, dá para ver que estuda muito – afirma o zagueiro
Ewerton Páscoa.
Especializado em fazer render
Os 20 anos dedicados ao futebol não servem para que o
‘bruxo’ tenha fórmulas prontas. A experiência ajuda no trato com os jogadores,
e não à toa é reconhecido por comandados como um homem de diálogo. É na
academia e na pesquisa que se mantém em dia com os avanços na área em que
trabalha, além de participações em seminários ou estágios. Por isso, o
ex-goleiro Danrley, hoje deputado federal, não fica surpreso com os avanços do
Criciúma com o profissional que o comandou no Grêmio, em 2003.
Papo com os atletas: o diálogo é uma de suas marcas (Foto: João Lucas Cardoso)
- Não me surpreende a arrancada do Criciúma porque o Márcio
é um profissional que tem muito conhecimento sobre preparado. Se era isso que
faltava ao time, ele é responsável pela ascensão que teve. É um cara que sabe o
tempo de cada. Se precisa individualizar o trabalho com algum atleta, ele vai e
faz. Ele é capaz de fazer os jogadores tenham condições de render mais – conta
o amigo.
Da experiência de seis anos entre trabalhos e estágios em
clubes da Ásia, Europa e América Latina, Márcio Corrêa recolocou no Criciúma
trabalhos físicos voltados a situações de jogos. Os treinamentos de força e
velocidade em caixas de areia ou tiros de mil metros não estão na cartilha do
‘bruxo’ moderno – o que considera como bobagens. A atividade tem bola e implica
nos comandados a elevação da capacidade para situações corriqueiras ao longo
nos 90 minutos.
- Nossa metodologia de uma forma geral está baseada nas
atividades e deslocamentos que ocorrem nos jogos, sempre procurei entender os
exercícios de jogo para as cargas que eu aplicasse nos treinamentos se tornasse
atraentes e satisfatórias para o rendimento competitivo, ou seja, treino o que
acontece durante o jogo. Fiquei muito satisfeito ao ver a disposição de toda a
equipe depois de nossa chegada, buscamos um rumo novo para o grupo, traçamos um
objetivo mútuo para cada partida a ser superada. Ficou evidenciada ao público a
mudança de atitude e da qualidade de jogo da equipe. Por exemplo, na vitória
contra o Coritiba, fora de casa (na 35ª rodada), nós fizemos o gol e
continuamos atacando o adversário até o final do jogo. Contra o Atlético-PR, em
casa (na rodada anterior), fizemos outra partida belíssima de empenho total de
todos os atletas. Mantivemos uma intensidade competitiva – celebra o preparador.
Volta, e por cima
O retorno de Márcio Corrêa ao Heriberto Hülse ocorreu cerca
de seis meses depois que partiu. Ele esteve na comissão técnica do ano
anterior, na campanha do acesso. Mas também não resistiu aos maus resultados da
equipe nos primeiro trimestre. Porém, só ele voltaria rapidamente. O trabalho
na campanha do acesso fez com o presidente Antenor Angeloni o escolhesse para
tentar dar a força que o Criciúma precisava para arrancada.
Arranca junto: Márcio Corrêa corre com os jogadores do tigre (Foto: João Lucas Cardoso)
Foi um curto período longe do estádio criciumense, mas ainda
assim o preparador acredita ter se deparado com um Tigre diferente, porém
igualmente desafiador. Se antes ele tinha que lutar pelo sonho do acesso, desta
vez era para dar fim a um pesadelo.
- Quando cheguei ao clube para finalizar a temporada de 2013
o encontrei muito diferente do que deixei, quando praticamente lideramos todo o
Campeonato Brasileiro da Seérie B e fomos vice-campeões. Agora a historia era
outra, era lutar contra o monstro do rebaixamento. Isso é uma situação
absolutamente difícil e desagradável, mas somos profissionais e vivemos de
desafios.
Missão dada e cumprida. Nas nove primeiras partidas desde seu
retorno, o Criciúma apresentava sinais de crescimento e amealhava alguns
pontos. A partir da 33ª rodada, o Tigre disparou. Chegou na última rodada
precisando apenas de um empate e com a notável invencibilidade de sete partidas.
Perdeu a partida final, mas o esforço não foi em vão porque o Vasco caiu e
carimbou a permanência do Carvoeiro na primeira divisão.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/criciuma/noticia/2013/12/bruxo-marcio-correa-extrai-forca-do-criciuma-para-fugir-do-rebaixamento.html
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