Especialista em ondas grandes relembra acidente e comenta elogios e críticas após encarar 'monstro dos mares'. Recuperada, ela espera voltar ao trabalho em um mês
Após levar uma série de ondas na cabeça e ficar inconsciente, ela foi reanimada na areia por Carlos Burle, que a resgatou em um cenário de horror, que poderia ter tido um final trágico. Recuperada e apenas com o tornozelo direito fraturado, a surfista voltou na última quinta-feira para o Rio de Janeiro, e conversou com o Esporte Espetacular na casa de sua mãe, no Rio de Janeiro.
Após grave acidente em Nazaré, Maya Gabeira se
recupera na casa da mãe, no Rio, sua terra natal (Foto:
Carol Fontes)
"Stayin alive"
Quando o amigo e companheiro de equipe fez a massagem de ressuscitação, uma técnica de reanimação cardiorrespiratória que substituiu a respiração boca a boca, uma música não saiu do seu pensamento. Concentrado em trazer Maya de volta, Burle não parava de cantar "Stayin alive" (na tradução, continuando vivo), sucesso da banda "Bee Gees". Foi como nascer de novo. Agora, a atleta não quer nem saber de dormir.
- Tenho dormido pouco, não tenho vontade de fechar o olho, quero ficar acordada. Por mim, nem dormia, saía correndo por aí, mas, estou com o pé quebrado (risos). Como diz o Burle, a Maya está na excitação da volta à vida. No hospital, eu tinha crises de riso, só conseguia zoar. É muito bom viver. Vou voltar aos poucos, não tenho pretensão de surfar uma onda em Nazaré este ano ou no ano que vem, mas vou continuar meu trabalho e me preparar para estar no lugar certo na hora certa. E vou ter coragem de descer outra onda gigante - disse, bem-humorada.
Maya Gabeira na onda que quase a fez perder a vida, em Portugal (Foto: Reprodução Instagram)
- Saímos do porto e entramos por trás da onda. Quando veio a série de ondas oceânicas, que pareciam tsunamis naquele mar gigante e liso. Eu estava naquela adrenalina, vai ser tudo ou nada. Os meninos estavam superanimados, como se estivessem na Disney. Foi a onda da minha vida. Arrisquei a minha vida porque queria surfar naquele mar histórico. Depois, precisei lutar para sobreviver no maior perrengue da minha vida - disse Maya.
Susto no Taiti e evolução
Se eu fosse morrer naquele momento, iria em paz
Maya Gabeira, especialista em ondas grandes
- O que aconteceu em Teahuppo me ajudou, assim como a roupa de borracha, os treinos de apneia, o comprometimento do Burle em me salvar e o meu instinto de sobrevivência. Na hora em que tudo fica preto e branco e você é nocauteado, percebe que é vulnerável e Deus tem que ajudar. Somos humanos e morremos. A minha profissão tem riscos. Se eu fosse morrer naquele momento, iria em paz - declarou.
Críticas de Hamilton e elogios de McNamara
Um dos maiores nomes do surfe de ondas grandes do mundo, o havaiano Laird Hamilton criticou a presença de Maya no mar naquele dia quase fatídico na Praia do Norte. Em uma entrevista ao vivo a uma rede de televisão americana, o mito do esporte disse que a brasileira não devia estar ali por não ter habilidade suficiente para surfar a onda e culpou Burle, que, segundo ele, não deveria ter deixado Maya cair no mar com aquelas condições. Não satisfeito, Hamilton ainda afirmou que não considera que Burle tenha completado a onda, ou seja, ela não valeu.
Após salvar Maya, Carlos Burle pega onda gigante,
que pode ter sido a maior já surfada na história (Foto: AFP)
Ao lado dos companheiros de equipe, Maya sorri no hospital em Leiria (Foto:Reprodução Instagram)
- Ele disse que 95% dos surfistas não teriam coragem de pegar aquela onda. Eu acho que ele estava vislumbrando as direitas. Eu li várias vezes o que o Garrett falou, ele foi um fofo. O que ele escreveu me dá força, esperança, alegria e muitos sentimentos bons. O Garrett sempre foi um ídolo para mim e eu não teria passado por isso e estado naquele lugar se não fosse por ele, que descobriu aquela onda. Quando chegamos lá, a gente foi muito bem recebido por ele e por todo o povo de Portugal. Tenho certeza que eu não teria arriscado tudo o que eu arrisquei se eu não estivesse me sentindo tão em casa. Foi um alívio quando eu vi o que ele falou. É horrível você passar por tudo isso e um ídolo seu te criticar ou dizer que você não é capaz, que você não devia estar ali. Ele me conhece e acompanhou a minha carreira. Vivemos grandes momentos na história do surfe de ondas grandes juntos, e o depoimento dele é o que vale - finalizou.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/programas/esporte-espetacular/noticia/2013/11/maya-revive-drama-entrei-no-ringue-com-mike-tyson-e-fui-nocauteda.html
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