quinta-feira, 4 de abril de 2013

libertadores - Timão vence Millonarios, assume liderança do grupo e se classifica

Após 'apagão' no primeiro tempo, Corinthians supera nervosismo em Bogotá e assegura classificação à próxima fase da Libertadores


 A CRÔNICA

por Diego Ribeiro


Foi do jeito que a Taça Libertadores da América costuma ser. Com pressão, catimba, sofrimento... À maneira que o torcedor do Parque São Jorge gosta e ficou acostumado no título do ano passado. O Corinthians venceu o Millonarios por 1 a 0 no El Campín, em Bogotá, assumiu a liderança do Grupo 5 e assegurou a classificação à próxima fase da competição continental.

As atuações consistentes da equipe do técnico Tite passaram longe do que se viu no primeiro tempo. Completamente perdido, o Timão foi dominado do início ao fim pelos colombianos. Somente na etapa complementar, com as trocas de Pato por Jorge Henrique e depois de Romarinho por Edenilson, e também com a frieza de Danilo, os alvinegros encontraram o caminho do gol e também da primeira vitória fora de casa nesta Libertadores.

Com o triunfo, o Corinthians chegou aos 10 pontos ganhos - mesma pontuação do Tijuana, do México, que horas antes empatou com o San José, na Bolívia - e alcançou a ponta da chave por ter melhor saldo de gols que o principal rival do grupo. Na última rodada, na próxima quarta-feira, o Timão pega o San José, no Pacaembu. Para garantir a primeira colocação, basta vencer por uma diferença de gols igual ou inferior em um gol a uma possível vitória do Tijuana sobre o Millonarios, no México - assim, o clube paulista manteria a vantagem no saldo de gols sobre os mexicanos.

Em situação mais tranquila, o Corinthians agora volta as atenções para o Campeonato Paulista. No próximo domingo, a equipe recebe o São Bernardo no Pacaembu, às 16h (horário de Brasília).

Danilo comemoração jogo Corinthians Millonarios Libertadores (Foto: AFP)Jogadores do Corinthians comemoram o gol da vitória em Bogotá: foi no sofrimento (Foto: AFP)

Bandeirão empurra Millonarios; Timão se segura
São mais de 600 metros de largura por 40 de altura, cor predominantemente branca, mas com faixas em azul, amarelo e vermelho, cores da bandeira da Colômbia. Foi com o proclamado “maior bandeirão do mundo” que a torcida do Millonarios recebeu seu time para enfrentar os atuais campeões do planeta. Em campo, os donos da casa não decepcionaram e seguiram o calor de sua massa.

O lotado El Campín viu um Corinthians retraído, apenas esperando a pressão colombiana. Ela veio com a capacidade técnica de Rentería, a velocidade de Montero e a experiência de Mayer Candelo, camisa 10 e grande condutor do Millonarios. Envolvente, o time treinado por Hernán Torres criou chance atrás de chance, a melhor delas com Montero, em chute de canhota bem defendido por Cássio.


Alessandro jogo Corinthians Millonarios (Foto: AFP)Corinthians sofreu no primeiro tempo da partida: pressão total do Millonarios (Foto: AFP)

O Corinthians não parecia Corinthians. Isolado no ataque, Alexandre Pato não conseguiu aparecer no meio dos bons zagueiros Pedro Franco e Román Torres. Os erros de passes irritaram Tite, que se esgoelava à beira do gramado para tentar acertar o posicionamento da equipe. Perdido, Romarinho mal tocou na bola. E ele deveria ser o articulador entre defesa e ataque...


Dessa forma, as poucas chances alvinegras vieram com a famosa “ligação direta”. Até os 35 minutos, o goleiro Zapata só havia trabalhado em um chute de Emerson Sheik – a bola foi  lançada por Cássio, na grande área oposta. Na única troca de passes que lembrou o estado normal do Timão, Danilo deixou Pato na cara do gol: outra defesa de Zapata.


Tite tentou mudar o que pôde, levando o mesmo Danilo para o meio e deslocando Romarinho para a ponta. As variações deram resultado, e Danilo quase marcou gol idêntico ao da vitória por 2 a 1 sobre o São Paulo, domingo passado. Mesmo assim, o Millonarios foi melhor e só não foi para o intervalo com a vitória porque seus atacantes fizeram tudo, menos finalizar com precisão.

Romarinho jogo Corinthians Millonarios Libertadores (Foto: Reuters)Romarinho não foi bem e acabou sacado no início do segundo tempo (Foto: Reuters)

Alteração e frieza de Danilo resolvem
Foi na Colômbia que o Corinthians viveu um dos piores capítulos de sua história: a queda na fase preliminar da Libertadores de 2011, para o desconhecido Deportes Tolima, na pequena cidade de Ibagué. Campeão invicto da competição continental do ano seguinte, o Timão parecia reviver os momentos de mau futebol no El Campín. Pressionada, a equipe do técnico Tite não encontrava meios de superar a marcação dos colombianos.

Um lance com apenas quatro minutos de bola rolando no segundo tempo simbolizou a situação ruim dos alvinegros: Fredy Montero disparou chute da intermediária e encontrou Cássio completamente adiantado. No susto, o goleiro tentou desviar, não conseguiu, e a bola explodiu no travessão. Gritos de lamento ecoaram das arquibancadas. Os "Millos" não se conformavam em ver tamanho domínio e nenhum gol.

Mas uma alteração de Tite mudaria o jogo. Inconformado com a falta de efetividade do Corinthians no campo de ataque, o comandante sacou Alexandre Pato para a entrada de Jorge Henrique. Em seu primeiro lance, ele tabelou com Alessandro e recuou a bola para Danilo. O "Homem de Gelo" do Timão teve paciência para chutar rasteiro, preciso, no canto esquerdo. Gol da liderança do grupo.

Danilo comemoração jogo Corinthians Millonarios Libertadores (Foto: AFP)Danilo comemora com Jorge Henrique (Foto: AFP)

O Millonarios continuou consciente de que o ambiente estava a todo o seu favor e que, se não revertesse o placar, estaria eliminado da Taça Libertadores da América. Apoiado por sua barulhenta torcida, o time colombiano não se entregou. Fez com que o Corinthians se acuasse para o campo de defesa, e passou a atacar com todas as armas à sua disposição. Perlaza entrou no lugar de Ortiz, para que os donos da casa partissem para cima. Edenílson substituiu Romarinho, para segurar as pontas no Timão.

Visitante, o time de Tite soube se portar como o atual campeão da América. Fez da grande área o coração da equipe, e o protegeu até o apito final. Esqueceu a classe e a técnica, dando lugar aos chutões dos zagueiros e aos saltos desajeitados de Cássio, afastando a bola da trave alvinegra. A busca pelo bi continuará na fase de mata-mata.


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