Ex-jogador fala do clima de histeria que envolvia time antes e após Barcelona, da emoção do bi em 2004 e do sonho de ser campeão como técnico
Giovane com as medalhas de Barcelona e Atenas
(Foto: Tria Sports / Divulgação)
(Foto: Tria Sports / Divulgação)
- Aquele time se mantém vivo na cabeça das pessoas. Só não sei se meus filhos têm muita noção do que foi realmente porque não existe isso agora. Por mais que a seleção continue ganhando, não tinha a febre da nossa época. Ao ponto de sermos comparados a uma banda de rock, devido à histeria. Mas meus filhos sabem que foi um grande momento. O ensinamento que deixamos para as gerações futuras foi como se comportar fora da quadra e não deixar que nada de fora interfira dentro dela. O assédio antes e, principalmente depois do ouro, era ótimo e dava muito trabalho. Eu me casei antes das Olimpíadas de 92, imagina, e me fiz de bobo muitas vezes. Era cantado todo dia pelo menos três vezes. Muita gente se hospedava no mesmo hotel, pulava muro de vestiário. Era uma histeria que não existe hoje porque tem mais ídolos e acesso - disse.
Giovane festeja a vitória do Brasil sobre a Holanda na final de Barcelona 92 (Foto: Agência Getty Images)
- A gente rompeu uma barreira, o fato de achar que a gente é pequeno e não pode. A gente imaginava chegar em quarto lugar porque a geração anterior a nossa tinha ficado em segundo em Los Angeles-84 e no também no Mundial de 82. E tinha essa barreira de achar que a gente não treinava igual, não tinha o uniforme igual. Ali mostramos que é possivel vencer sim. E não foi sorte.
Foi sonho. Quando as vitórias começaram a se acumular, Tande tratou logo de arrumar uma trilha sonora. Precisou entoar apenas dois versos de "Sonhar não custa nada", samba da Mocidade, para receber o aval dos companheiros. No dia 9 de agosto, a cantoria se repetiu. E terminou na Vila, com todos comemorando aquela façanha comendo sanduíches.
Após título da Superliga, Giovane recebe abraço dos
filhos (Foto: Danielle Rocha / Globoesporte.com)
filhos (Foto: Danielle Rocha / Globoesporte.com)
Depois dali, a vida mudou. Os compromissos aumentaram, a fama, o assédio e a conta bancária também. O problema é que eles ainda não estavam preparados para passar por tudo aquilo. O preço seria cobrado em Atlanta-96.
- Houve uma carga excessiva. Eu pelo menos sofri, no bom sentido. A vida mudou muito. Nos amistosos ninguém queria ver o time reserva jogar. Os titulares ficaram expostos e eram obrigados a jogar porque a empresa estava pagando. Existia pressão sobre o Zé Roberto para que todos jogassem. E, em alguns momentos, não estavamos bem. E tinha aquela coisa da fama, da propaganda, do ganhar dinheiro... Gerou inveja, ciúmes e sentimento ruim. De 2001 para cá o Brasil ganhou muitos títulos e não sofreu.
Giovane (à esquerda) comemora o bi nas Olimpíadas de Atenas-2004 (Foto: Getty Images)
- Para fazer bem feito, tem que ter objetivo e sonho. Fiquei 20 anos longe da família e, para ficar mais 20, tem que ser por um motivo muito grande. O dia a dia se torna convidativo a passar por tudo de novo. Continuo pensando dessa forma e trabalho para isso. Não vou negar que é um sonho.
Giulia durante treino da seleção infantil no CT de Saquarema (Foto: Alexandre Arruda/CBV)
- Gosto de dizer que não fico botando muita pilha não, porque já carregam um peso grande. Se conseguirem vestir a camisa seleção e chegaram às Olimpíadas, será muito bacana. E eu já sei o que vão passar. Se forem médicos o orgulho de pai será o mesmo. A família ia gostar de ter um sucessor na quadra, mas estamos bem resolvidos com relação a isso.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2012/08/giovane-sobre-selecao-de-92-eramos-comparados-uma-banda-de-rock.html
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