Ex-atacante, que eliminou Corinthians no Morumbi, administra parque em Buenos Aires e vê time do coração mais experiente para o título
Até hoje, os torcedores corintianos não se esquecem do erro de Guinei. E os do Boca não se cansam de recordar a mistura de raça e técnica de Graciani. Quem garante é o próprio ex-atacante. O GLOBOESPORTE.COM achou Alfredo Oscar Graciani em Buenos Aires. Aposentado desde 1999, ele trabalha na Secretaria de Esportes da capital argentina, na administração do Parque Sarmiento, distante do centro da cidade.
Chamado de Murciélago (Morcego) pela fanática torcida do Boca, Graciani parece trabalhar na caverna do Batman. Fria, escura, bem diferente da calorosa Bombonera. Quando soube que um jornalista brasileiro o procurava, pensou que fosse brincadeira.
- Nós fazíamos essa piada na minha época de jogador. Dizíamos que jornalistas estavam procurando. Havia muito menos do que hoje em dia, não é?
Graciani hoje trabalha num parque em Buenos Aires(Foto: Alexandre Lozetti / Globoesporte.com)
- O Corinthians não me parece uma grande equipe. Nunca foi campeão ou chegou a esta fase, essa pressão joga contra. Creio que seja muito importante para eles, pena que cruzaram com o Boca e seus jogadores, que sabem muito bem como é ganhar a Libertadores - afirmou.
O discurso tem um forte tom de paixão. Graciani costuma dizer que sua vida é o Boca. Na quarta-feira estará na Bombonera para ver o time do coração, no primeiro jogo da decisão. E para ele, a experiência de Riquelme pode fazer diferença. O camisa 10 é candidato a ser o que o Morcego foi em 91: algoz do Corinthians. Além do famoso gol do Morumbi, ele também fez no jogo em casa. Mas o que está na memória é mesmo o que contou com a “ajuda” de Guinei.
- Eu me lembro perfeitamente. O zagueiro tem a bola. Eu aperto, roubo, encaro o goleiro e coloco por cima dele. Um lindo gol! Acredito que a torcida do Boca se lembre. Era muito difícil para equipes argentinas jogar no Brasil, quase sempre perdiam. Mas contra o Corinthians fomos muito bem e esses gols são importantes para mim.
Parceiro de Batistuta no ataque de 1991, Graciani aponta uma característica que se aprimora na equipe azul e amarela desde aquela época: saber jogar como visitante. Por isso, em sua visão pouco imparcial, uma vitória na Bombonera praticamente sela o heptacampeonato.
E para conquistar essa vitória, Riquelme, de 34 anos, é o trunfo. As cobranças de faltas, escanteios e seus passes precisos para os companheiros são as maiores esperanças do Morcego em uma equipe que também não enche seus olhos. Para Graciani, autor do gol histórico de 91, os finalistas da Libertadores praticamente se equivalem na força defensiva. Mais uma razão para apostar na experiência do Boca.
Graciani vê o Boca Juniors mais preparado para o título deste ano (Foto: Alexandre Lozetti / Globoesporte.com)
Hoje aos 47 anos, ele decidiu se aposentar aos 34 por não aceitar jogar em clubes menores, já em condições físicas piores. Virou comentarista de televisão, chegou a trabalhar no Boca e, desde 2008, atua na administração do Parque Sarmiento ao lado de outro ex-atleta do clube, Walter Pico. Ele foi colocado no cargo pelo prefeito Mauricio Macri, ex-presidente do Boca Juniors.
Pai de cinco filhos, frutos de dois casamentos, ele deu um leve sorriso ao saber que Guinei até hoje é lembrado pela falha em seu gol. Um sorriso quase cruel, que revela orgulho em um rosto que tem história e vive escondido em Buenos Aires, mas sempre dedicado ao Boca.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/libertadores/noticia/2012/06/lembra-dele-algoz-do-timao-em-91-graciani-lembra-gol-e-aposta-no-boca.html
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