Lendas do vôlei exaltam legado de Bernardinho: "Impacto muito forte"

VÔLEI

Homem de confiança do treinador por quatro anos, Nalbert cita liderança; Carlão destaca resultados e afirma: "Um dos maiores técnicos de todos os tempos"

Por Fabrício Marques

Brasília

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A saída de Bernardinho do comando da seleção brasileira masculina de vôlei, confirmada nesta quarta-feira pela CBV, marca o fim de uma era. Foram 16 anos de comando do técnico, que levou o time a um nível de soberania poucas vezes visto no esporte mundial. Um trabalho incomparável, segundo lendas do vôlei do país. Velhos conhecidos do técnico, os ex-jogadores Nalbert e Carlão exaltaram o legado deixado pelo treinador, considerado um dos maiores - se não o maior - de todos os tempos. Veja os depoimentos:

Bernardinho deixa o comando da seleção 

brasileira de vôlei após 16 anos (

Foto: Reuters)

NALBERT

Nalbert foi capitão da seleção comandada por
Bernardinho por quatro anos (Foto: CBV)

- Estamos falando talvez do maior trabalho da história do voleibol mundial. Um dos melhores da história do esporte. Difícil a gente ver um treinador com um trabalho que, desde o início, conseguiu tantos resultados. A mudança com a chegada dele foi impressionante. O Brasil vinha de um sexto lugar na Olimpíada (Sydney) e, no ano seguinte, foi direto para campeão da Liga Mundial. Trabalho com impacto muito forte desde início e isso durou 15, 16 anos. É impressionante a regularidade e a consistência. A mudança de atletas, sempre feita de forma bem estruturada, bem pensada, de maneira que o time nunca saiu do pódio, das finais dos maiores campeonatos do mundo. Das oito competições mais importantes jogadas nesses 16 anos, o Brasil esteve na decisão em todas. Foram quatro finais olímpicas, quatro finais de Mundial. Ganhou cinco e perdeu três. Se for buscar na história do esporte, é muito difícil isso se repetir. O mérito é de muitas pessoas que participaram desse processo, mas principalmente dele e sua comissão técnica. É um grande líder de grupo, de time. Isso é incrível, essa consistência e longevidade no trabalho.

Estamos falando talvez do maior trabalho da história do voleibol mundial. Um dos melhores da história do esporte...  Fui capitão dele por quatro anos e ele me inspirou muito como líder. Aprendi a ser um capitão melhor por conversas que a gente teve"

Nalbert

- Não posso deixar de falar isso: fui capitão dele por quatro anos e ele me inspirou muito como líder. Aprendi a ser um capitão melhor por conversas que a gente teve. Me lembro às vésperas do Mundial de 2002, que eu não estava muito bem, não muito em forma, com problemas físicos que me tiraram dos treinamentos antes do campeonato. E precisava entrar em forma muito rápido. Ele marcou alguns treinos individuais comigo naquele ano, antes do Mundial. Me lembro bem ele me falando, em uma sexta-feira, depois de eu ter treinado a semana inteira, que íamos fazer um treino no sábado, às quatro da tarde. Eu fiquei chateado, está tirando minha folga, me punindo, me castigando? Mas a ficha caiu quando cheguei no sábado e ele já estava lá, totalmente pronto para o treino. Ele se sacrificava junto. Abrindo mão do fim de semana dele por mim, pelo time. De certa forma, estava mostrando a todo o time que, se o técnico e o capitão estão treinando no fim de semana, porque os outros não vão dar os 100% todos os dias? Isso me marcou demais naquele campeonato. Não por acaso, na final do Mundial, tive minha maior atuação com a camisa da seleção brasileira e pude agradecer quando ganhamos na quadra e no fim do ano, eu e ele, como melhor técnico e melhor atleta do Brasil. Esse tipo de conduta marcava demais.


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CARLÃO

Carlão jogou com Bernardinho na seleção brasileira medalhista de prata em 1984 

(Foto: Reprodução/Internet)

- Fechou com chave de ouro. Não poderia ter sido melhor. Para mim, um dos maiores técnicos de todos os tempos. Não só do voleibol, mas em todos os esportes. Outros treinadores deviam se espelhar nele. Fez parte da geração de prata, veio ganhado experiência, não só como jogador, mas também como técnico. Treinou masculino, feminino, teve experiência na Itália, comandou tão bem lá. Ele deixa um legado incomparável. Tenho até pena de quem vai assumir (risos).

- Temos que respeitar a decisão do Bernardo. Foram 16 anos. Ganhou tudo na seleção brasileira, comandou atletas excepcionais. Eu tive o prazer de jogar com ele no início da minha carreira. Ele era auxiliar na minha primeira Olimpíada. A gente fica triste. O voleibol inteiro vai se ressentir muito. Mas assim, o carinho e gratidão muito grande por tudo o que ele fez pela seleção brasileira.


BRUNINHO

Bernardinho e Bruninho comemoram a conquista do ouro (Foto: Mark Kolbe/GettyImages)

Filho de Bernardinho e capitão da seleção brasileira medalhista de ouro na Rio 2016, em mensagem postada no Instagram:

- Descrever mais de 20 anos entre seleção feminina e masculina são difíceis de dizer. Essa imagem que você merece depois de tantos anos. Toda tua dedicação, paixão e amor pelo que faz são inspirações pra todas as gerações. Obrigado por tudo!!! E que venham novos desafios na tua vida!


FOFÃO

Fofão Bernardinho Rio de Janeiro vôlei 

(Foto: Alexandre Arruda/CBV)

Ex-levantadora da seleção brasileira e do Rio de Janeiro, comandado por Bernardinho, em post no Instagram:

- Hoje se encerra mais um ciclo desse técnico multicampeão no comando da Seleção Brasileira... Fiz parte do grupo na sua primeira apresentação na seleção feminina em 1993, você modificou a historia do vôlei feminino e de todos os lugares por onde passou, nos ensinou a vencer e a não desistir. Só tenho a agradecer por sua dedicação, empenho e por esse amor que você tem pelo nosso esporte. Que Deus abençoe seus novos caminhos e que continue contribuindo com o voleibol que precisa muito de pessoas como você.


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2017/01/lendas-do-volei-exaltam-legado-de-bernardinho-impacto-muito-forte.html