quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

RETROSPECTIVA 2011: soberano na praia, Brasil decepciona na quadra

Enquanto Juliana/Larissa e Alison/Emanuel embolsam todos os títulos na temporada, times de Bernardinho e Zé Roberto vão mal nos principais torneios

Por GLOBOESPORTE.COM Rio de Janeiro
 
Giba comemora ponto do Brasil no vôlei contra o Japão (Foto: Divulgação / FIVB)Giba comemora ponto: seleção passa sufoco para
garantir presença em Londres-2012 (Foto:FIVB)
Um ano que ficará marcado na história do vôlei de praia brasileiro e que não trará saudade alguma para os fãs da quadra. Enquanto Juliana/Larissa e Alison/Emanuel levaram o país ao topo em todas as competições que disputaram, as seleções comandadas por Bernardinho e José Roberto Guimarães não fizeram jus ao status de favoritas e decepcionaram nos principais torneios do ano. No masculino, o ano só não foi perdido porque, na última rodada da Copa do Mundo, nos critérios de desempate, a equipe arrancou uma vaga para os Jogos de Londres-2012.

A alegria ficou por conta das seleções militares, que bateram a China no masculino e no feminino nos Jogos Mundiais, realizados no Rio de Janeiro, e da seleção masculina de vôlei sentado, ouro no Parapan de Guadalajara, no México. Nas areias, além da festa, também houve polêmica. O troca-troca de duplas uniu e separou velhos parceiros e formou um time de ocasião vitorioso. Enquanto Pedro Solberg era acusado por doping e, posteriormente, absolvido, Ricardo e Pedro Cunha se entrosaram para pescar alguns títulos e dar um passo juntos rumo às Olimpíadas

Na Superliga, os xarás Wallace Martins e Wallace Souza comandaram seus times rumo à decisão do título e ganharam chance no time nacional, enquanto Michael, do Vôlei Futuro, enfrentou o preconceito durante uma partida e assumiu publicamente ser homossexual. Entre as mulheres, Tandara pintou como destaque, e o Rio de Janeiro - que fez Fernanda Venturini largar a aposentadoria -, sagrou-se campeão pela sétima vez.

vôlei de praia Pedro Solberg na etapa da Finlândia (Foto: Divulgação FIVB)Pedro Solberg no retorno às competições após
suspensão por doping (Foto: Divulgação FIVB)
No início de julho, os líderes do ranking brasileiro Ricardo e Márcio encerraram a parceria de pouco mais de um ano. Ricardo optou por jogar com Pedro Solberg, que estava com Pedro Cunha desde o começo do ano. Márcio, por sua fez, decidiu se juntar ao ex-parceiro Benjamin, com quem disputou as Olimpíadas de Atenas, em 2004. No dia 13 de julho, porém, Solberg recebeu o aviso da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) de que havia testado positivo para o esteroide exógeno androstane e foi suspenso provisoriamente.

Com isso, Ricardo convidou Pedro Cunha para fazer uma parceria temporária, até que o caso do doping fosse resolvido. Enquanto o filho da ex-jogadora Isabel tentava provar a inocência, a dupla de ocasião ganhou os primeiros títulos. Quando pode voltar a jogar, ainda com o processo em andamento, Solberg se juntou a Ferramenta e conquistou um bronze na etapa do Marrocos do Circuito Mundial. Absolvido do processo após a realização de um terceiro teste, realizado na Alemanha, o atleta passou a treinar com Márcio, que desistiu da parceria com Benjamin.

Alison e Emanuel vibram com título em Roma (Foto: divulgação / FIVB)Alison e Emanuel erguem os troféus em Roma
(Foto: divulgação / FIVB)
No dia 19 de junho, um jejum de seis anos foi quebrado com estilo. Na decisão do Mundial feminino do vôlei de praia, em Roma, Juliana e Larissa conseguiram uma virada épica sobre as bicampeãs olímpicas Kerri Walsh e Misty. As hexacampeãs do Circuito Mundial saíram na frente, mas sofreram a virada no segundo set e chegaram a estar quatro pontos atrás no tie-break. Com sangue frio para salvar um match-point, as duas reverteram a vantagem e levaram a bandeira verde e amarela ao topo do pódio. Horas depois, Alison e Emanuel se sagraram campeões no confronto com os compatriotas Márcio e Ricardo, por 2 sets a 0. Foi o primeiro título mundial de Alison e o terceiro de Emanuel.

As duplas, que também foram vitoriosas no Circuito Brasileiro, no Circuito Mundial e nos Jogos Pan-Americanos, chegam como favoritas aos Jogos Olímpicos de 2012.

Juliana e Larissa vencem a final de Roma (Foto: Divulgação/CBV)Juliana e Larissa vibram e se abraçam após reação incrível sobre americanas (Foto: Divulgação/CBV)
vôlei Wallace Sesi (Foto: Alexandre Arruda / CBV)Wallace Martins celebra com o treinador Giovane
Gávio (Foto: Alexandre Arruda / CBV)
Aos 28 anos, Wallace Martins apresentou seu cartão de visitas. Após quatro temporadas no Bolívar, da Argentina, o oposto foi contratado pelo Sesi e não decepcionou. Em um time de estrelas da seleção, como Murilo, Serginho e Sidão, o carioca chamou a responsabilidade e foi o maior pontuador da Superliga, com 573 acertos. A atuação rendeu a primeira convocação da carreira para a equipe de Bernardinho, pela qual disputou a Liga Mundial, o Campeonato Sul-Americano e, sob o comando do auxiliar técnico Rubinho, os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara.

A seleção feminina encheu o calendário de torneios mas, nos dois principais, decepcionou. No Grand Prix, o Brasil chegou invicto à decisão contra os Estados Unidos, tendo inclusive derrotado as rivais na fase inicial. Na partida que valeu o ouro, porém, o time esteve irreconhecível em quadra e perdeu por 3 sets a 
0. No Mundial, no Japão, o tombo foi ainda maior. A confiança conquistada com o ouro nos Jogos Pan-Americanos foi embora já no primeiro jogo, com novo revés para as americanas. O time de José Roberto Guimarães sofreu com desfalques por lesão e acumulou outros tropeços. A equipe verde e amarela terminou o torneio, vencido pela Itália, na quinta colocação e não conseguiu vaga antecipada para Londres-2012.

José Roberto Guimarães, final Grand Prix volei (Foto: Divulgação / FIVB)Zé Roberto tenta orientar o time durante a péssima atuação na final do Grand Prix (Foto: Divulgação / FIVB)
No masculino, a agenda não foi tão cheia, mas a seleção perdeu os principais torneios intercontinentais de que participou. Na Liga Mundial, sofreu duas derrotas para os Estados Unidos na fase classificatória. Na fase final, como já estava classificado para as semis, o Brasil encarou a Rússia com um time misto e perdeu por 3 sets a 0. Na decisão, novamente contra os europeus, a equipe de Bernardinho foi batida no tie-break e viu o sonho do decacampeonato ser adiado. No Campeonato Mundial, principal compromisso do ano, Serginho e Bernardinho trocaram ofensas (veja no vídeo), e o grupo perdeu para Itália, Cuba e Sérvia A classificação para as Olimpíadas veio apenas na última rodada, nos critérios de desempate.

Atual campeã Mundial, a Rússia foi atropelada pelo Brasil no Grand Prix e, nas semifinais do Campeonato Europeu, caiu diante da Turquia, equipe comandada pelo brasileiro Marco Aurélio Motta. Fora da decisão, o time de Gamova não se classificou para a Copa do Mundo e viu a Itália ser convidada pela Federação Internacional de Vôlei.

grand prix de volei - gamova da russia desapontada (Foto: Divulgação/FIVB)Desapontada com atuação pífia no Grand Prix, Gamova aplica gelo no ombro (Foto: Divulgação/FIVB)
No início de abril, Michael, do Vôlei Futuro, foi hostilizado pela torcida mineira na primeira partida do confronto com o Cruzeiro pelas semifinais da Superliga masculina, e o clube de Araçatuba protestou publicamente. Dias depois, o meio de rede assumiu ser homossexual e recebeu manifestações de apoio dos colegas de time.

No jogo da volta, a equipe paulista homenageou o atleta com bandeirões, camisas e muita festa, e saiu vitoriosa em quadra. No desempate em Minas, o Cruzeiro levou a melhor e garantiu vaga na final contra o Sesi.

Bandeira Vôlei Futuro Michael (Foto: João Gabriel Rodrigues /  GLOBOESPORTE.COM)Bandeirão na quadra do Vôlei Futuro no 2º jogo da semifinal da Superliga (Foto: João Gabriel Rodrigues)
 
7 41 42/40
É o número de títulos que o Rio de Janeiro conquistou na Superliga feminina com a vitória sobre o Osasco na temporada 2010/2011 É a idade de Fernanda Venturini, a jogadora mais velha inscrita na Superliga 2011/2012. A levantadora abandonou a aposentadoria após 3 anos e meio Foi o placar do segundo set do duelo entre Brasil e Argentina pelas semifinais da Liga Mundial. Na decisão, time verde e amarelo perdeu o título para a Rússia.
comemoração do vôlei sentado no Parapan (Foto: Fotocom.net)Na comemoração do bicampeonato parapan-americano, a seleção masculina de vôlei sentado celebra como
o time de Bernar
dinho: mesmo sem as próteses, os atletas saltam no tradicional 'peixinho' (Fotocom.net)
Stacy Sykora recebe presentes da torcida (Foto: Divulgação/Vôlei Futuro)Stacy Sykora recebe presentes da torcida
(Foto: Divulgação/Vôlei Futuro)
"Se você me perguntar, eu vou voltar melhor. Eu posso não voltar no melhor do meu físico, nunca se sabe. Estou dizendo que vou voltar melhor porque, mentalmente, eu me sinto forte. Eu tenho fotos e memórias que agora me fazem lembrar todos os dias de que preciso tirar vantagem disso tudo. Eu amo tanto o vôlei. É a única coisa que já fiz. Quando você tem uma lesão séria como esta, nada significa mais que voltar ao seu dia a dia. Isso importa muito para mim. É incrível como foi maravilhoso hoje. Eu nem posso dizer o quanto. Foi como se eu estivesse, de 1 a 10, no nível 10 de felicidade."

A líbero Stacy Sykora foi a vítima mais grave do acidente sofrido pelo ônibus que levava o time feminino do Vôlei Futuro para a disputa da semifinal da Superliga. A americana sofreu um corte na cabeça e traumatismo crânio-encefálico. Na segunda parte da reabilitação, a atleta voltou a jogar vôlei nos Estados Unidos e, em novembro, se reapresentou ao clube de Araçatuba, pelo qual foi campeã paulista.

Tandara, Brasil x EUA, Grand Prix (Foto: FIVB / Divulgação)Tandara em jogo contra os Estados Unidos pelo
Grand Prix (Foto: FIVB / Divulgação)
A mudança de oposta para ponteira fez Tandara crescer no Vôlei Futuro, ficando atrás apenas de Joycinha como a maior pontuadora da equipe na Superliga. Bem na seleção B que conquistou o título da Copa Yeltsin, na Rússia, a atleta ganhou justamente a vaga da companheira de time no grupo principal. Reserva de Sheilla, a brasiliense aproveitou bem todas as oportunidades que teve no segundo semestre e promete brilhar na próxima temporada, desta vez vestindo a camisa do Osasco.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2011/12/retrospectiva-2011-soberano-na-praia-brasil-decepciona-na-quadra.html

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