quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Após se mudar, Duda vê técnica como mãe no Rio e descarta baladas: "Foco"





VÔLEI DE PRAIA



Nova parceira de Ágatha, medalhista olímpica de prata, jovem de 18 anos deixa São Cristóvão, no interior de Sergipe, para morar na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro




Por
Rio de Janeiro, RJ



Cida ao lado da jogadora Duda, que será treinada por Letícia Pessoa agora (Foto: Gabriel Fricke)Cida ao lado da jogadora Duda, que será treinada por Letícia Pessoa agora (Foto: Gabriel Fricke)


Tida como uma das mais promissoras atletas do vôlei de praia, Duda está vivendo um momento de profundas transformações em sua carreira. Além de encerrar a parceria que tinha com a capixaba Elize Maia, ela se mudou da cidade de São Cristóvão, no interior de Sergipe, para um apartamento na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, para iniciar um novo projeto ao lado da experiente Ágatha, medalhista olímpica de prata nos Jogos de 2016, com o objetivo de disputar a Olimpíada de Tóquio, em 2020 e, quem sabe, subir ao pódio.

Até então, Duda sempre foi treinada por sua mãe, que é ex-jogadora da modalidade, em uma estrutura montada por ela própria e chamada de Centro de Treinamento de Vôlei Cida. Mas o sonho de ter a vitoriosa Letícia Pessoa como técnica é antigo. Agora, a menina poderá realizar essa vontade de receber diariamente as orientações de uma profissional que já comandou nomes como Emanuel, Alison, Maria Elisa e Juliana.

- Acho que era o destino. Quando eu tinha 10 anos e minha mãe ainda jogava, a Letícia falou que queria me treinar. Minha mãe adorou. Meu pai sempre acompanhou e também falava isso. Ela era a técnica do Emanuel, que é o Rei. Estou muito feliz e vai ser muito importante. Tenho muita afinidade com ela, já a conheço bem e é como se fosse uma mãe para mim. Vai ser uma mãe aqui no Rio - disse Duda, campeã olímpica da Juventude em Nanquim 2014.

+ Projeto Tóquio: GloboEsporte.com acompanha a trajetória de atletas até 2020

Ágatha e Duda treinarão na tranquilidade de clube da Barra da Tijuca (Foto: Flávio Dilascio)
Ágatha e Duda treinarão na tranquilidade 
de um clube privado da Barra da Tijuca 
(Foto: Flávio Dilascio)


Apesar da pouca idade, Duda se mostra muito madura. Questionada sobre o fato de ter de abdicar de várias coisas comuns para jovens de 18 anos, como baladas, ela disse estar completamente focada em sua carreira como jogadora de vôlei de praia. A saudade dos familiares e, principalmente da mãe, após a mudança de Sergipe para o Rio de Janeiro, também está sendo encarada de forma tranquila pela atleta. Ela relatou que está acostumada a ficar longe de casa por conta das inúmeras viagens que precisa fazer para competir.

- Foi muito emocionante (a despedida). Todo mundo ficou triste por um lado, feliz pelo outro, porque eu sempre quis isso. Não vai ser tão diferente porque eu só ficava mesmo em casa uns dois meses no ano. Sempre viajei muito. Não vou ter minha família todo dia, mas eu adoro o Rio de Janeiro e estou feliz de vir morar aqui. Vai ser especial. Preciso focar no vôlei. Saudade vai ter, mas eu sempre abdiquei de várias coisas. Como eu sou do interior, de São Cristóvão, eu nunca tive muito essa coisa de ir para festa. Sempre fui muito de família, uma pessoa caseira. Nunca fui muito de sair, ir para a balada, sempre quis o vôlei, sempre foquei, nunca perdi treino. Isso é algo de família. Nunca senti vontade e sempre vai ser assim - explicou.

Ágatha Duda técnica Letícia Pessoa lançamento dupla vôlei de praia (Foto: Flávio Dilascio)
Duda ao lado da técnica Letícia Pessoa no 
lançamento da dupla (Foto: Flávio Dilascio)


Duda não vai ver sua mãe todos os dias, mas a ideia é que, a cada quinzena, Cida viaje de Sergipe para o Rio de Janeiro para acompanhar o trabalho. A mãe da jogadora é uma das 11 pessoas que fazem parte da equipe multidisciplinar (nutricionista, psicólogo, fisiologista, entre outros) que ajudará o novo time.

- Minha mãe vai ser assistente técnica. Ela precisa ficar lá em Sergipe para cuidar da minha avó de 95 anos, estar com meu pai e ver a escolinha de vôlei dela. Antes ela também não ia em todas as etapas comigo, conseguia ir de vez em quando só, e agora vai ser da mesma forma. Minha mãe vai ficar indo e voltando. Meu pai vai me ver de vez em quando em campeonatos também. Tenho muitas amigas no Rio e vou me sentir em casa - comentou.

Cida, por sua vez, disse que irá sentir bastante nesse início.

- Vai ser um pouco complicado, principalmente para mim. A Duda sempre jogou muito fora, mas nunca tinha saído de casa efetivamente. Ela sempre tinha para onde voltar, pro aconchego lá de casa, né? E a minha vida no Rio vai ser assim: 15 aqui, 15 lá, porque tenho um projeto social lá, tenho atletas, tenho minha família, muita gente depende de mim. Vou ter que me virar, ficar indo e vindo. Vai ser complicado no início, mas vamos nos ajeitar e tudo nós vamos aprender. A Duda vai ficar com o preparador físico, o Lucas, que já morava com a gente em Sergipe. Assim, vai ficar protegida. Fica na Barra da Tijuca o apartamento. Vou sentir muito sim. Já vivemos isso, porque ela fica muito tempo fora de casa. Às vezes eu acompanho, a maioria delas, mas precisamos nos acostumar, porque é o esporte que ela escolheu para sua vida, né? Vamos dar todo o apoio necessário - relatou.

Duda vôlei de praia (Foto: Divulgação/FIVB)
Duda é uma das mais promissoras jogadoras 
de vôlei de praia da atualidade 
(Foto: Divulgação/FIVB)


Duda afirma que, em um aspecto específico, a mudança para o Rio de Janeiro vai ajudar. Ela namora há um ano e meio o jovem Felipe, que também é jogador de vôlei de praia. Nascido em Foz do Iguaçu, ele mora em Maringá, no Paraná. A distância agora será menor.

- Ele é do mesmo ramo, joga vôlei de praia na base e no adulto, então está acostumado com isso. E o Felipe é tranquilo. Agora vai ficar mais perto, na verdade. Nos vemos muito pouco, duas vezes por mês, mas tudo bem. Às vezes ele viaja e passa uma semana comigo. Ele vai começar a faculdade em março. Fevereiro vai aproveitar e vir para cá. No início do namoro foi difícil, mas agora estamos acostumados.

Marina Barra Clube oferecerá estrutura e privacidade às meninas (Foto: Gabriel Fricke)
Marina Barra Clube oferecerá estrutura e 
privacidade às meninas 
(Foto: Gabriel Fricke)


Apesar das muitas mudanças, Duda está extremamente empolgada para começar a atuar ao lado de Ágatha. Elas começam a treinar com bola no dia 8 de janeiro no Rio de Janeiro, mas jogam apenas no dia 27 deste mês, na etapa de João Pessoa, na Paraíba, pelo Circuito Brasileiro de vôlei de praia.

- A Ágatha pelo que eu sempre ouvi é muito parceira, trata bem, chama, quer que dê tudo certo. Eu sou muito calma, escuto muito, é claro que falo às vezes o que tem de ser feito também. Mas ela, mesmo perdendo num jogo, pensa ponto a ponto, quer conquistar cada um, e isso é muito bom. Ela é muito unida com quem joga. Sempre pensei como ela, ponto a ponto, tijolo a tijolo, quero plantar cada semente para cultivar uma planta.

+ Com CT, logo e equipe multidisciplinar, Ágatha e Duda apresentam novo time 

Além de logotipo oficial, Ágatha e Duda vão ter um Centro de Treinamento. Será o Marina Barra Clube, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. No local, terão academia à disposição, uma quadra de areia, além de banheiros e local para estacionar. A paranaense não tinha essas regalias quando praticava diariamente na Praia de Ipanema ao lado de Bárbara Seixas.
- Estou muito feliz de estar formando essa parceria e sinto que será muito boa. Estou honrada de jogar ao lado dela, pois vou ganhar muita base. É muito especial, e a estrutura é muito boa. Teremos muita privacidade, ficaremos só nós treinando aqui. Vai ser uma estrutura perfeita para começar um ano muito bom, com o pé direito.


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei-de-praia/noticia/2017/01/apos-se-mudar-duda-ve-tecnica-como-mae-no-rio-e-descarta-baladas-foco.html

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