segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

A EXTREMA DIREITA VIU NO ESPELHO O AUTOR DA CHACINA EM CAMPINAS



FONTE:
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-extrema-direita-viu-no-espelho-o-autor-da-chacina-em-campinas-e-nao-sabe-o-que-fazer-por-kiko-nogueira/



A tragédia servirá para uma reflexão sobre a propagação de ódio?




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artigo sobre a chacina em Campinas que escrevi teve uma reação intensa por parte de direitistas indignados, aqui no site e nas redes sociais.
A maioria dos comentários era de xingamentos pesados (tudo, absolutamente tudo o que você imagina). Também havia uma ou outra ponderação e acusações dos mais variados teores, sendo a de “matéria paga” (!?) relativamente frequente.
Como o DCM tem moderação, muitos desses ataques foram deletados. Reproduzo umas das mensagens que recebemos, que serve como exemplo:
“Quem foi o culpado disso ter chegado onde chegou? A própria esquerda lixosa enquanto promoviam o ódio entre diferentes grupos sociais camuflado de luta conta preconceito e discriminação. Colocando todo homem como um machista, misógino e estuprador em potencial, os brancos como racistas e elitistas, etc. Eu só lamento que esta chacina não tenha acontecido em uma escola ou universidade ocupada por militantes vagabundos e maconheiros.”

Como esse horror aconteceu? “A culpa, caro Brutus, não está em nossas estrelas, mas em nós mesmos”, disse Cássio em “Júlio César”.
A carta de Sidnei para o filho — que acabaria sendo executado com dois tiros — é uma compilação de estupidezes facilmente encontráveis no Facebook.
Sidnei é um deles. Ele deu o passo adiante que seus cúmplices não dão. Se dependesse do sujeito cuja manifestação postei acima, ele pecou em errar o endereço.
Vai virar um mártir dessa turma. Se houvesse mais como eles — e haverá, infelizmente —, não teríamos tantos maconheiros, esquerdopatas, bandidos, defensores dos direitos humanos, veados e vadias por aí.
O Brasil e os valores dos cidadãos de bem foram destruídos por essa gente e homens como Sidnei se imolaram tentando salvá-lo. Ele reagiu ao massacre. Você ouviu esse discurso na boca dos terroristas do Estado Islâmico, com um ou outro sinal trocado.
Sidnei e amigos vivem no medo, na paranoia e no ódio. Alimentaram-se de uma dieta de indigência mental que lhes deu um sentido na vida e, agora, na morte.
O psicólogo Daniel Khneman, Nobel de Economia, fala no livro “Thinking Fast And Slow” que “uma maneira confiável de fazer as pessoas acreditarem em falsidades é a repetição frequente delas, porque a familiaridade não é facilmente distinguível da verdade”.
O que ficou claro na tragédia: o que realmente incomodou os extremistas é que eles se olharam no espelho e viram a face de Sidnei Remis de Araújo.

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Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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