Como aconteceu com Monique no Mundial, técnico sabe que vai sofrer para cortar atletas antes dos Jogos, porém quer mais opções. Nove vagas estão encaminhadas
Grupo dourado de 2012 deverá ser a base do
de 2016 (Foto: Alexandre Arruda
/ Divulgação CBV)
Cada país só pode inscrever 12 jogadoras para as Olimpíadas. Assim, muitas que vivem grande fase terão de ser cortadas. Foi o que aconteceu com Monique no Mundial de 2014. Tirar a oposta do seu grupo machucou demais o treinador, que a considera um talento nato. Desta vez, o tricampeão olímpico tem a boa dor de cabeça no seu meio de rede. A ausência das titulares Fabiana e Thaisa nas competições recentes permitiu a Carol e Juciely, no GP, e a Adenízia, no Pan, mostrarem excelente fase e acirrar a disputa pelas três vagas destinadas à posição no Rio.
- Vai ser uma dor muito grande para quem sai e para quem fica, mas não quero pensar muito nisso. Estamos num momento de preparação e observação. Temos o Grand Prix como observação de performance e, talvez, alguns amistosos que vamos programar. A ideia é fazer jogos aqui, para aproveitar o clima de jogar perto da torcida. Depois, pensamos nas escolhas. Essas jogadoras que ficaram fora são importantes. Pode aparecer alguma coisa nova na Superliga. Eu levantaria as mãos para o céu. Os EUA apresentaram duas jogadoras que eu nunca tinha visto jogar. Uma delas foi a MVP do Grand Prix (Karsta Lowe - a outra foi a levantadora Molly Kreklow). Não sei o que vai acontecer - declarou José Roberto Guimarães.
Para Marco Freitas, comentarista do Sportv, a atual safra do Brasil está atrás de EUA, e também pode ser batida pela China.
- O Zé Roberto e o Bernardinho entram para jogar contra o Quênia ressaltando algum grande jogador do adversário. Mas, nesse caso, é muito verdade. Em termos de "material humano", o potencial dos EUA é muito superior. A China também tem potencial maior do que o Brasil. Vale ressaltar que as chinesas são campeãs do mundo em todas as categorias de base: sub-18, sub-20 e sub-23. Mas tem que mostrar na hora. Ele (Zé Roberto) faz muito bem essa pressão. Todos os times do mundo buscam velocidade e estrutura de bloqueio e defesa. Os EUA conseguem fazer tudo isso num nível que eu nunca tinha visto antes no voleibol feminino. Elas estão próximas demais do nível apresentado pelo voleibol masculino dos EUA - analisou o comentarista do SporTV, Marco Freitas.
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Nos próximos 12 meses, as atletas dedicarão quase cinco à preparação com o Brasil no CT de Saquarema, tempo considerado curto. Os campeonatos concomitantes obrigaram Zé Roberto a aumentar seu leque de opções, com as 26 que precisou levar para o Pan e o Grand Prix. Além dessas, o treinador tem outras peças à disposição, cinco delas presentes no Mundial da Itália, no ano passado: Sheilla e Fabiana (poupadas), Thaisa (operada), Tandara (grávida) e Fabíola (pedido de dispensa).
- Uma das coisas mais interessantes neste ciclo olímpico foi a convocação de várias novas jogadoras.
É um risco calculado. Muito melhor ser segundo no Pan, apesar de eu também não ter gostado da final contra os EUA, e terceiro no Grand Prix do que se iludir, como em outros esportes, de vencer no Pan e não sustentar o trabalho à frente. Ele alimenta a competitividade e causa desconforto nas titulares. Bem ou mal, você vê o crescimento de uma Mari (Paraíba), de uma Suelle - disse Marco Freitas.
Juciely (à frente) e Carol (fundo) se destacaram
no Grand Prix no bloqueio e ataque (Foto:
Alexandre Arruda / CBV)
Zé Roberto sofre com a falta de uma oposta pronta para substituir Sheilla (Foto: Alexandre Arruda/CBV)
- Por isso (lesões), nós tentamos preparar outras jogadoras. Não sabemos o que vai acontecer. Pode ter lesão, pode ter jogadora hoje na frente, mas amanhã não....As coisas já mudaram em alguns meses. A vida me ensinou isso. Cinco jogadoras que jogaram o Mundial ficaram fora (Pan e Grand Prix). Thaisa pela cirurgia, Sheilla e Fabiana, poupadas, Tandara, que está grávida, e a Fabíola, por uma opção própria de ficar fora. Não dá para descartar absolutamente nada nem ninguém - despistou o experiente comandante e três vezes campeão olímpico.
O meio de rede promete ser a maior dúvida de Zé Roberto. As companheiras de Rio de Janeiro, Carol e Juciely, e Adenízia, de Osasco, são as favoritas. Bárbara corre por fora, mas vem agradando ao técnico. O pedido de dispensa de Fabíola para competições neste ano fez a melhor levantadora das últimas duas Superligas, Macris, ganhar espaço e ser escolhida como reserva de Dani Lins no Sul-Americano da Colômbia entre setembro e outubro próximos.
Joycinha e Monique são as principais opções na saída de rede, caso Tandara não recupere sua melhor forma física e técnica após gerar seu filho, provavelmente em setembro. Joycinha leva vantagem na altura. Monique, na técnica. Se Adenízia e Tandara forem recrutadas, o Brasil terá nove atuais medalhistas de ouro - Fabi, Fernandinha e Paula Pequeno foram as outras três que subiram ao lugar mais alto do pódio em Londres.
A recuperação física e técnica da mamãe Tandara
será decisiva para sua convocação (Foto: Paula
Carpi / Estúdio Raiô)
- Também tenho essa linha de raciocínio. Acho que a Macris, entre as (levantadoras) que foram nesses dois torneios, está em segundo lugar. Diria que a Macris foi uma das maiores surpresas do processo que ele fez. Mas não podemos descaracterizar a Fabíola. Até onde sei, não houve indisciplina por parte dela no pedido de dispensa. Soube que foi bastante respeitosa e avisou com certa antecedência, sem atrapalhar os planos do Zé. A situação mais delicada é a questão da oposta. A gente está bem dependente da Sheilla. Não estaria se acontecesse a evolução da Tandara após as Olimpíadas, prejudicada por alguns fatores, como sua gravidez. (O ataque) faltou um pouco mais de potência, pegada (no Grand Prix e Pan). É interessante ressaltar que a Tandara dava um contraste bom com a Sheilla. A Sheilla é muito técnica. A Tandara tem muita potência. A Tandara é a única oposta, falando de potência, para jogar em nível internacional - afirmou Marco Freitas.
Programação
Nos dias 19 e 20 de agosto, a seleção feminina disputará dois jogos amistosos contra a Bulgária, em Maceió. Na sequência, será a vez de um torneio amistoso no Maracanãzinho dos dias 28 a 30 contra Bulgária, Alemanha e Holanda. No dia 7 de setembro, a equipe embarca para a Holanda, para uma série de três a quatro amistosos contra as donas da casa. A partir do dia 24 de setembro até 2 de outubro, a disputa do Sul-Americano, em Cartagena, na Colômbia.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2015/08/ze-abre-luta-por-vaga-e-torce-por-nova-joia-levantaria-maos-para-o-ceu.html
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