Técnico colorado agradeceu experiência no clube gaúcho em entrevista nesta tarde
Diego Aguirre se despede em entrevista coletiva (Foto: Tomás Hammes/GloboEsporte.com)
Aguirre foi chamado pela diretoria para se reunir na manhã desta quinta-feira, no CT do Parque Gigante. Naquele momento, recebeu do presidente Vitorio Piffero e do vice de futebol Carlos Pellegrini o comunicado de que estava fora do clube.
- Não houve conversa, mas um comunicado. Quando não há razões claras, não tem como conversar. Não entendi, mas também não precisa de explicação. Só quem ganha é bom. Se você não é campeão e se não ganha jogo, não é bom o suficiente - lamenta.
De uma forma geral, Aguirre vinculou a demissão com a queda na Libertadores. E admitiu abatimento com a perda daquela que era a prioridade e grande sonho para o treinador e clube
.
- Talvez poderíamos estar comemorando a Libertadores agora. Não sei a palavra é chateado, mas surpreendido. Três dias antes de um Gre-Nal, enquanto eu estava motivando os jogadores, acreditando que era um jogo decisivo. Fiquei surpreso por isso. Eu gostaria de estar neste Gre-Nal no domingo. Estou invicto em clássicos - discorre.
Aguirre negou qualquer problema com a atual diretoria e disse que acertou o pagamento de pendências financeiras com o presidente Vitorio Piffero.
Ex-técnico do Inter, Diego Aguirre deixou
portas abertas para retorno no futuro
(Foto: Tomás Hammes)
O treinador deixa o Inter após comandar 48 partidas oficiais. Foram 24 vitórias, 15 empates e nove derrotas. Neste período, o Colorado marcou 65 gols e levou 44, obtendo um aproveitamento de 60,4%. Conquistou o Gauchão sobre o Grêmio e terminou a Libertadores como semifinalista. No Brasileirão, a campanha ficou aquém do esperado, na décima colocação.
Ao colocar a experiência na balança, Aguirre se mostrou agradecido pela oportunidade de trabalhar no Inter. Deixou as portas abertas para um retorno futuro e disse que pretende “descansar”. Ou seja, prefere digerir o momento no clube e evitar planejar o futuro.
– Foi uma experiência que me fez crescer como pessoa e profissional. Sempre vou estar agradecido ao momento e as coisas que vivi no Inter, essa chance de voltar a trabalhar no clube em que atuei. Deixo as portas abertas. No momento, eu não treinaria outro clube brasileiro. Estou ainda muito envolvido com o projeto – valoriza.
Enquanto o sucessor não é escolhido, o Gre-Nal será comandado de forma interina por Odair Hellmann, auxiliar técnico da comissão permanente do Colorado. E Aguirre desejou sucesso para o ex-colega.
- É um colaborador muito bom. Desejo o melhor para ele, obviamente para os jogadores também. Acho que não muda nada. o Inter tem muita chance de ganhar esse Gre-Nal. Pode ser um Gre-Nal histórico por ele ser o primeiro como treinador- afirma.
Diego Aguirre não tem projeto para o futuro
(Foto: Tomás Hammes/GloboEsporte.com)
Relação com o grupo:
Temos uma relação muito boa, pessoal e profissional. São suposições que eu não compartilho, acho que o grupo de jogadores deu muitas coisas boas. Todos tínhamos a ilusão de ganhar a Libertadores e ficamos muito tristes quando isso não aconteceu. É uma prova da nossa ganância por esse objetivo.
Priorizamos a Libertadores e não conseguimos. Talvez tenhamos perdido foco em outras coisas como o Brasileirão. Os jogadores também podem perfeitamente seguir adiante e ganhar alguma coisa ainda. Tem a Copa do Brasil e é possível se recuperar no Brasileirão. Continuo acreditando na qualidade do time.
Faria algo diferente?
Estou muito tranquilo com minha comissão técnica. Acreditamos na nossa forma de trabalho. Tentamos adaptar alguma coisa daqui. Mas eu não podia chegar aqui no Inter e mudar minhas convicções.
Logicamente que devo ter cometido erros e acertos. Não posso olhar para trás e pensar no que aconteceu. A realidade é que fico com muitas coisas positivas. Acho que deixamos para o Inter.
Rodízio e aposta em meninos:
Colocamos nosso foco muito na Libertadores e precisamos fazer muitas variantes no Brasileirão. O trabalho foi muito bom e tenho a satisfação de ter colocado muitos meninos na base e que talvez hoje continuariam no time B. E se valorizaram muito no Inter como instituição.
Também faltou experiência para ser campeão com tanto menino. É preciso mais rodagem, mais tempo. Para mim é uma satisfação. Com certeza o Inter terá uma recompensa econômica. Me sinto parte e valorizo isso. Sei que as coisas irão para o seu lugar com o tempo. Tenho certeza que nosso trabalho será valorizado.
Resistência da diretoria:
Talvez eu tenha encontrado uma resistência a mudar coisas em pouco tempo. Isso gerou um impacto porque dava desconfiança. Além disso, é difícil. Faz 36 anos que o Inter não é campeão do Brasileirão e mais de 20 que não é da Copa do Brasil. Acho que é bom mudar em alguma coisa.
O mais importante é que os jogadores sempre acreditaram e estão juntos para lutar pelos objetivos desportivos. Tivemos um bom Gauchão e vencemos a final contra o Grêmio. Foi um objetivo pequeno cumprido. Depois, chegamos perto na Libertadores, ficamos na semifinal, mas fomos o time brasileiro que esteve mais longe.
Abatimento com queda na Libertadores:
Eu tinha muita ilusão em ganhar a Libertadores. Sei do esforço, paixão e dedicação do grupo. Quando se perde, é normal ficar triste. Eu fiquei muito triste, não conseguia dormir. A vitória é muito boa, mas quando se perde é preciso estar triste. Não gosto de perder esse jogo e ficar sorrindo no outro dia no avião como se não tivesse acontecido nada. É uma ferida que precisa se cicatrizar. Se perde a final da Copa, não é possível ficar bem quatro dias depois para o Gauchão. Para o Inter a Libertadores era a Copa do Mundo.
Ex-técnico do Inter, Diego Aguirre concede
entrevista coletiva de despedida
(Foto: Tomás Hammes)
Foi uma decisão que se deu por situações diferentes. Geferson e Aranguiz estavam na Copa América. Eduardo Sasha, jogador muito importante, fez cirurgia no tornozelo. Juan se lesionou e ficou 20 ou 30 dias, assim como Nilmar tinha m histórico. Somente aí são cinco jogadores titulares que não estavam. Claro que o time não era o mesmo. Se desarrumou. Tentávamos colocar em campo o melhor time possível com os jogadores disponíveis.
Demissão justa?
Não acho justa, mas também não fico surpreso. Após 16 rodadas do Brasileirão, são 13 ou 14 técnico que mudaram. É algo cultural do país.
Relação com a torcida
Também tenho que agradecer sempre. Eles tiveram algo importante, sobretudo em jogos decisivos. Foram seis jogos em casa na frente da torcida e ganhamos todos na Libertadores. A torcida do Inter é maravilhosa e estou agradecido pela força que eles nos deram. Se eu vou voltar? Não fiquei com nenhum problema, ou algo ruim. Nós deixamos as portas abertas.
Falta de respaldo:
Para mim ter sido opção para o Inter já foi bom. Não por ser uma opção depois de outra. É verdade que quem me trouxe foi Luiz Fernando Costa que, lamentavelmente, não está mais entre nós. Talvez se ele tivesse ficado eu tivesse mais respaldo no começo. Se não houve respaldo, foi por medo de algo novo.
A verdade é que não aconteceu nada estanho, só coisas normais. Acho que o Inter tem gente muito boa no clube, como Alexandre Limeira, Pedro Afattato, Celso Chamun, são pessoas espetaculares. Eles também ficaram surpresos com minha demissão. O ambiente era muito bom. Não tive nenhum problema. Tive a liberdade para trabalhar e tomar as decisões.
Permanece no Brasil?
Não sei. Agora é descansar e com a certeza que não vou pegar nenhum time brasileiro agora. Estou envolvido emocionalmente com o projeto do Inter. Não seria honesto comigo se eu pegasse outro clube agora.
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FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/internacional/noticia/2015/08/aguirre-nao-ve-razoes-claras-para-demissao-so-quem-ganha-e-bom.html
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