domingo, 5 de julho de 2015

Primeira lição: chilenos sofrem, vibram e aprendem a conjugar o verbo vencer

Torcedores de diferentes gerações lotam o Estádio Nacional de Santiago na final da Copa América e assistem à primeira conquista da história da seleção do Chile



Por
Santiago, Chile



Dominga tem cinco anos. Vestiu o vermelho de La Roja, pintou o rostinho com as cores da seleção chilena e foi para o Estádio Nacional no último sábado levada pelos pais e a irmã mais velha. Sapeca e inquieta, quase não parou na cadeira na final da Copa América entre Chile e Argentina. Passou a maior parte do tempo distraída com canetinhas de colorir e preocupada em encher e estourar os barulhentos bastões de plástico. Ainda não sabe se comportar numa decisão de campeonato. Era tudo muito novo para a chileninha. Tudo muito novo para ela, para os 45.693 torcedores que assistiram à final ou para qualquer chileno, jogador e torcedor. 

Torcida Chile final (Foto: Richard Souza)
Dominga, de cinco anos, vibra e assiste ao 
primeiro título conquistado pela seleção 
chilena (Foto: Richard Souza)


Ganhar. Um verbo difícil de conjugar. Até o 4 de julho de 2015, completamente estranho para a seleção chilena, quatro vezes vice-campeã da Copa América. Pois o vice foi riscado na decisão contra a Argentina, como a palavra "finalistas" da camisa comemorativa ao inédito título. 

Difícil, sofrido, suado, com uma vitória nos pênaltis por 4 a 1 após empate sem gols no tempo normal e na prorrogação. A taça da Copa América vai ganhar uma plaquinha nova, com o escudo da Federação de Futebol do Chile.

O GloboEsporte.com assistiu à decisão das cadeiras do Estádio Nacional. No meio dos torcedores, o que se viu foi confiança, emoção, medo, tensão, alívio, choro e sorrisos. Um sentimento atrás do outro até a consagração na cavadinha ousada de Alexis Sánchez. Quando a bola cruzou a linha, e o camisa 7 disparou para comemorar, os chilenos se abraçaram meio sem jeito. A impressão era que não sabiam como festejar. Passada a angústia das penalidades, se declararam aos principais jogadores do time.

- Gary Medel, Gary Medel! Gary Medel, Gary Medeeeel! – cantavam para o volante, um dos mais festejados do grupo e de maior identificação com os fãs. 

Torcida Chile X Argentina (Foto: Marcelo Hazan)
Chilenos de diferentes gerações assistem ao 
momento histórico no Estádio Nacional. 
Ídolo, Gary Medel tem nome e número 
"carregados" nas costas (Foto: Marcelo Hazan)


Sánchez, Arturo Vidal, Valdivia e Claudio Bravo também foram homenageados. Enquanto ocorria a cerimônia de premiação, os torcedores cantavam, gritavam, faziam ligações para quem não estava no estádio e tiravam fotos, muitas fotos. Por aqui, as redes sociais ficarão vermelhas nos próximos dias.
- Chile, campeón! Chile, campeón, Chile campeón! – cantavam, enquanto saíam do estádio para tomar as ruas da capital chilena.

O sábado só acabou no domingo. O ônibus que levou os campeões ao Palácio de La Moneda, a sede da Presidência do Chile, foi cercado no trajeto até o local, tomado pelos fãs. Gente que ainda engatinha na hora de festejar um título, mas que começa a aprender com uma lição das boas. A pequena Dominga ainda não lê nem escreve, mas uma palavrinha fará parte do seu vocabulário: campeã.

Torcida Chile final (Foto: Richard Souza)
Bandeiras tremularam o tempo todo durante 
a final contra a Argentina 
(Foto: Richard Souza)


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