Lágrimas de dor, de luto, de orgulho, de decepção: temporada se encerra com diferentes situações de sentimentos à flor da pele no futebol brasileiro
O 7 a 1
O maior vexame da história do futebol brasileiro transformou a esperança em lágrimas naquele 8 de julho no Mineirão. O massacre da Alemanha sobre o Brasil, com a goleada de 7 a 1 nas semifinais da Copa do Mundo, desnorteou os torcedores no estádio e país afora. Muitos desabaram em choro – criando algumas das imagens mais ilustrativas da histórica derrota. Os jogadores, ao deixar o campo, perplexos, mal conseguiam falar. “Só queria dar uma alegria a meu povo. Desculpa, todo mundo. Desculpem, brasileiros. Só queria ver meu povo sorrir”, disse David Luiz, soluçando de tanto chorar.
Garoto chora no Mineirão durante massacra da
Alemanha sobre o Brasil (Foto: Eduardo
Nicolau / Agência estado)
Fernandão
Quando o helicóptero onde estava Fernandão caiu às margens do rio Araguaia, em Goiás, em 7 de junho, milhões de torcedores, especialmente os do Inter, entraram em estado de orfandade. A morte prematura do ídolo, aos 36 anos, chocou a legião de admiradores daquele que talvez seja o jogador mais importante da história do clube gaúcho – o capitão dos títulos da Libertadores e do Mundial de 2006. Assim que se tornou pública a perda do símbolo, torcedores (inclusive gremistas) rumaram ao Beira-Rio para, juntos, prestar homenagens a ele. No estádio, foi criado um memorial e inaugurada uma estátua para Fernandão, que foi velado no ginásio do Goiás, seu clube de formação, e sepultado em Goiânia. Ele deixou esposa e três filhos.
Torcedor presta homenagem a Fernandão no
memorial ao ídolo no Beira-Rio (Foto:
Edu Andrade / Agência Estado)
Estádios
Ano de Copa do Mundo foi também ano de estádios novos ou absolutamente reformados no Brasil – mesmo que não fossem usados no Mundial. E de emoção com as novas casas. Em maio, após 103 anos de espera, a Fiel passou a ter um estádio para chamar de seu. Torcedores foram às lágrimas com a inauguração da Arena Corinthians. O resultado, porém, foi decepcionante: derrota de 1 a 0 para o Figueirense.
Na reta final do Brasileirão, seria a vez de os palmeirenses viverem emoção parecida. Surgiu a Arena Palmeiras, nova versão do Palestra Itália, e os alviverdes foram tocados com a volta da rotina de jogos em sua casa. Porém, a exemplo do que aconteceu com o rival, a estreia não foi nada positiva: derrota de 2 a 0 para o Sport.
Antes dos paulistas, em abril, o Inter reinaugurou o Beira-Rio, totalmente remodelado. O clube fez uma festa grandiosa – com shows e apresentações cênicas que contaram a história colorada. Foram destaques jogadores do passado, e não faltaram lágrimas em momentos como a aparição de Falcão, vestido com o uniforme dos anos 70, e o pedido de desculpas emocionado de Fabiano – ídolo no final da década de 90, um período sem títulos. D’Alessandro, Falcão e Fernandão funcionaram como mestres de cerimônia. Colorado algum poderia imaginar que aquela seria a última vez do capitão do título mundial no estádio. Ele morreria dois meses depois.
Léo Moura
Pouco antes de completar 500 jogos pelo Flamengo, Léo Moura deu entrevista ao GloboEsporte.com e escancarou toda a emoção que sua trajetória no futebol, em particular com a camisa rubro-negra, provoca nele. Ao ver depoimentos de amigos e familiares, o lateral-direito se lavou em lágrimas. Ao longo da temporada, ele alcançou a marca e renovou seu contrato por mais seis meses: fica no Fla ao menos até a metade de 2015, fechando uma década no clube.
Márcio Chagas
O árbitro Márcio Chagas da Silva se emocionou ao comentar o episódio de racismo do qual foi vítima depois de um jogo entre Esportivo e Veranópolis, em Bento Gonçalves, pelo Campeonato Gaúcho. O juiz encontrou bananas em seu carro no estádio Montanha dos Vinhedos. Ao pensar no filho, não conseguiu domar as lágrimas.
Seedorf
Chegou ao fim em janeiro a passagem do holandês Seedorf pelo Botafogo. E também sua história como jogador de futebol. Ao aceitar convite para treinar o Milan, o craque se desligou do clube carioca e, automaticamente, encerrou a carreira. A despedida dos colegas foi com emoção e choro. No novo desafio, ele teve mais decepções do que alegrias. Durou seis meses no cargo.
Seedorf emocionado na despedida do Botafogo
(Foto: Satiro Sodré / SSPress)
Felipão
Depois da pancada que levou na Copa do Mundo, Luiz Felipe Scolari voltou para suas origens. E suas origens estão no Grêmio. O treinador assumiu o time tricolor e fez boa campanha no Brasileirão, mas não conseguiu levar a equipe à Libertadores. O ponto alto de seu retorno à antiga casa foi a goleada de 4 a 1 sobre o Inter - o Grêmio não vencia um Gre-Nal há dois anos e meio. Era aniversário de 66 anos do treinador, que se emocionou no vestiário ao tentar fazer um discurso aos jogadores. “A vida... a vida nos dá oportunidades”, dizia ele, sem conseguir completar a frase, à beira das lágrimas. Os jogadores logo interromperam a fala e puxaram um “parabéns pra você” para o comandante.
Valdívia
O sofrimento do Palmeiras com a ameaça de rebaixamento foi até a última rodada do Brasileirão. O empate por 1 a 1 com o Atlético-PR foi suficiente para salvar a equipe alviverde, mas o time saiu vaiado de campo. Valdívia foi a campo no sacrifício. Não tinha condições plenas de jogo. E se emocionou ao pedir desculpas à torcida. “Uma equipe f..., com a história do Palmeiras, não pode faltar respeito com essa torcida que lotou o estádio. O momento é de vergonha. Peço desculpas pela vergonha que foi esse ano. Apesar de tudo que aconteceu, lá de cima veio uma força pra gente. Estou emocionado porque sofri muito esse ano”, disse ele.
Rodrigo Gral
Rodrigo Gral nasceu em Chapecó e rodou o mundo até poder defender, aos 35 anos, o clube do coração. A história com a Chapecoense durou duas temporadas. Adorado pela torcida, ele encerrou seu vínculo com o time de infância – não conseguia mais render, sempre envolto em lesões. E chorou em sua despedida. Acabou rumando para o Juventus de Seara, onde conquistou a Série C do Campeonato Catarinense.
Rodrigo Gral chora em sua despedida da
Chapecoense (Foto: Sirli Freitas/
Agência RBS)
Torcedor palmeirense
Milagres de Natal. Mikael Lima, de 12 anos, morador de Rio Branco, no Acre, escreveu uma carta ao Papai Noel pedindo uma camisa do Palmeiras como presente. Filho de um pedreiro e de uma dona de casa, ele dizia, na mensagem, que tem sangue verde. Pois ganhou muito mais que isso. Comovido com o desejo do garoto, o clube avisou que ele está convidado para viajar a São Paulo, com tudo pago, para conhecer o novo estádio do Palmeiras. O menino, ao saber do presente, caiu no choro.
FONTE:
http://glo.bo/1Bh9sj8
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