Técnico alvinegro tira peso do rebaixamento de jogadores e comissão técnica, diz que clube chegou à "falência" e cobra reestruturação para disputar títulos na elite em 2016
Chegou ao fim a participação do Botafogo no Campeonato Brasileiro. O empate sem gols com o Atlético-MG, na tarde deste domingo no Mané Garrincha (veja os lances no vídeo acima), foi o último capítulo de uma pífia campanha que culminou com o rebaixamento para a Série B com uma rodada de antecedência. Com futuro incerto no Alvinegro, Vagner Mancini tirou o peso da queda das costas de jogadores e comissão técnica, disse que o clube chegou à "falência", mas manifestou mais uma vez o desejo de seguir à frente da equipe. Questionado se gostaria de reconduzir o Glorioso à elite do futebol brasileiro, o treinador concordou para conseguir fechar um ciclo considerado vitorioso em sua opinião.
- Seria fechar um ciclo vitorioso no clube. Na maneira de enxergar, pelo que leio e ouço nas ruas, todo mundo entendeu que a culpa maior (do rebaixamento) não foi nossa, treinador e atletas. Claro que existe uma parcela de culpa, mas óbvio que nos sentimos chateados por ver uma grande equipe cair. Eu, vivendo o dia a dia, sei por que o Botafogo caiu. Mas muita gente que está de fora não sabe o que nós vivemos ao longo dos últimos sete meses. Agora é o ciclo natural do Botafogo. Foi um clube que, entre aspas, chegou à falência no futebol e que vai ter que se organizar para entrar forte na Série B e voltar em 2016 com as mesmas chances de título dos outros 11 gigantes do nosso futebol.
Vagner Mancini aguarda posição da nova
diretoria para saber se continuará no
clube (Foto: Beto Nociti
/ Agência Estado)
Análise do jogo
O Botafogo ao menos fez um jogo disputado e teve chances de
ganhar. No segundo tempo nós criamos boas situações de gol, mas infelizmente
terminou 0 a 0 e conseguimos um ponto no último jogo. O ponto forte foi que
mais uma vez o time lutou muito dentro que poderia ser feito, assim como
demonstrou ao longo do campeonato. Lutou muito, mas faltou qualidade em alguns
momentos. Hoje em termos táticos a equipe esteve sempre bem arrumada. No segundo
tempo, com Maikon e Yuri Mamute, tivemos uma movimentação ofensiva mais
interessante. Mas faltou mais peso na frente. Na hora que chega à zona de
arremate falta alguma coisa. Foi um empate que fechou a temporada após uma
sequência de derrotas.
Vontade de ficar no Botafogo?
Obviamente, a vontade de todo técnico é ficar e desenvolver
o trabalho, mas isso depende da decisão de uma diretoria que está chegando
agora. Tendo Mancini ou não, o mais importante é que o Botafogo possa se
reestruturar. Internamente, muita coisa deixou de ser feita e muita coisa não
foi passada. Hoje eu posso dizer que é necessária uma reestruturação geral, que
o Botafogo reorganize seu departamento de futebol, porque um clube dessa
envergadura não pode ter o que nós passamos, fosse dentro de campo ou em termos
de estrutura.
Bom ambiente e estrutura como condições para permanência
Vamos sentar, conversar e, na base do diálogo, ver o que foi
feito de errado e o que precisa ser feito. Uma das condições seria essa, mas há
muitas coisas a acertar para desenvolver o trabalho, seja com o Mancini ou com
outro treinador. É preciso um ambiente em que o técnico não tenha outra coisa a
fazer a não ser dar treino e exigir dos atletas. Porque chega uma hora em que o
desgaste é tão grande que a cobrança é mais pesada e o desânimo acaba batendo.
Você não recebe salário, e o atraso de certa forma foi o ponto alto de todo
esse ano. A partir do momento que tudo for jogado na mesa e a diretoria tomar
ciência de tudo que é necessário fazer, aí sim a gente pode iniciar uma
conversa.
Reconstrução do elenco para 2015
Mesmo que o Botafogo tivesse permanecido na Série A teria
uma dificuldade enorme, porque de qualquer maneira teria que remontar o elenco.
Será preciso um projeto para disputar o estadual e chegar na Série B como forte
concorrente ao título, porque a camisa do Botafogo pede isso. Óbvio que muito
ainda precisa ser feito. Passei quase oito meses aqui e posso falar isso. Não
disse ao longo da temporada porque estávamos envolvidos numa série de coisas.
Mas chegava um determinado momento em que não havia materiais para serem usados
nos atletas dentro do vestiário. Isso influencia, não dentro de campo, mas no estado
de espírito. O atleta se sente abandonado, e isso é a pior coisa. Essa foi uma
das razões por que fiquei até o fim. Sabia que uma saída antecipada geraria
mais um efeito dominó negativo do que a solução. Espero que pelo bem do
Botafogo ele seja reorganizado para voltar a brigar como merece.
Clima no vestiário
Já estava decretado o rebaixamento. Então hoje vi no campo e
no vestiário uma equipe mais leve, com menos pressão e mais equilibrada
emocionalmente. Por isso fez um jogo melhor. Sabemos que ninguém pode aceitar a
queda, mas é a realidade. Que o ano de 2015 seja favorável a todos e deixo a
mensagem de que lutamos muito, mas infelizmente não foi possível.
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