terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Luta por título de Medina deve ficar para os últimos dias da semana

Ondas melhores são esperadas só na quinta no Havaí. Caso condição não mude, solução será mudar de praia. ASP descarta interromper disputa ou estender janela


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Direto de Oahu, Estados Unidos
 
Gabriel Medina (Foto: Reprodução / Instagram)Medina aguarda boas condições do mar para brigar pelo título (Foto: Reprodução/Instagram)

O surfe é um esporte que depende da natureza. No último sábado, a organização da última etapa do Circuito Mundial de Surfe (WCT), o Pipeline Masters, no Havaí, optou por interromper as baterias após a segunda fase (repescagem) por conta das condições extremas e para preservar a integridade física dos surfistas. O mar estava perigoso, e os atletas sofreram com as quedas sobre a bancada de corais.

O tamanho das ondas vem diminuindo consideravelmente desde então, e a tendência seguirá nos últimos dias, segundo as previsões. A melhora só deve acontecer a partir de quinta-feira, com a chegada de um novo swell (ondulações com boas condições para o surfe), embora seja pequeno. A próxima chamada do Pipe Masters será nesta terça-feira, às 15h30m (de Brasília), embora a chance de retomada da competição seja improvável.

- A direção do swell mudou e a angulação dele está totalmente de norte, o que não é bom. Ainda há algum tamanho nesta ondulação, porém, na direção errada, que não se encaixa bem na bancada de Pipeline. Estamos monitorando um swell que promete ótimas condições para os últimos dias desta semana - explicou o ex-integrante da elite, Kieren Perrow, comissário da ASP (Associação de Surfistas Profissionais).

O GloboEsporte.com acompanha a briga pela taça em Tempo Real. Líder do ranking mundial, Medina pode conquistar o título já na terceira fase, dependendo dos resultados de Mick Fanning, número dois do mundo, e do americano Kelly Slater, terceiro colocado no ranking. Basta que ele vença e o s rivais fiquem pelo caminho.

As condições do mar têm dado um banho nos surfistas que disputam a última etapa do WCT. Depois de dar um show nos tubos de Pipeline no sábado, em ondas de até 6m, o americano Kelly Slater sentiu dores na costela em razão do cenário desfavorável, e o sul-africano Jordy Smith precisou abandonar a prova ao deslocar o ombro em uma tentativa de pegar um tubo. Os ventos fortes fizeram desaparecer as esquerdas de Pipeline e as direitas de Backdoor, obrigando os organizadores a promover seguidos adiamentos da briga pelo título.


Info CONDICOES Ondas Final Pipeline 2 (Foto: Infoesporte)

O melhor vento para a prática do surfe é o chamado terral (off shore), que sopra da terra em direção ao mar. O swell, ou seja, a ondulação, é formada por tempestades no oceano, que chegam à costa e formam as ondas. Em praias do Havaí, como Banzai Pipeline, as bancadas de corais e pedras vulcânicas fazem com que as ondas sejam perfeitas e tubulares, claro, dependendo do vento e de outras variáveis do clima. No entanto, os ventos estão imprevisíveis no North Shore da ilha de Oahu, e a organização do evento poderá ter que esperar até os últimos dias da janela para realizar o campeonato. O limite é o no sábado, dia 20 de dezembro.
mudar de praia é a última opção

A possibilidade de estender a janela de espera, como já ocorreu em etapas em Jeffrey's Bay, na África do Sul, e em Teahupoo, no Taiti, foi descartada pelo diretor da ASP, Renato Hickel, por conta das regras locais. Interromper o campeonato como está também não é uma opção viável, afinal, na temporada havaiana, de dezembro a março, o que não falta são ondas. Portanto, em último caso, se as previsões não se confirmem e a natureza não cooperar para as esquerdas e direitas na lendária Pipeline, a solução será mudar de praia. Local do treino de Medina nesta segunda-feira, "Off theWall" aparece como boa alternativa.

treino surfe Gabriel Medina off the wall (Foto: Pedro Gomes Photography)
Gabriel Medina encontrou ondas para treinar 
no pico "Off The Wall" (Foto: Pedro 
Gomes/ Photography)


Apesar de ser uma opção remota, organização do WCT já recorreu a ela três vezes. Em duas oportunidades, as disputas foram transferidas para o Beachpark, um banco de areia ao lado dos picos de Pipeline e Backdoor, com vitórias para Robbie Page e Kelly Slater. A terceira e última foi em 2007, quando a organização optou por realizar o campeonato no pico de "Off The Wall", ao lado do palanque do Pipe Masters. Na ocasião, o australiano Bede Durbidge sagrou-se campeão.

- Pipeline é uma praia que fica dentro de um parque, que tem suas regras, portanto, estender a janela é uma opção nula, já que seria uma situação delicada. Duvido muito que a Prefeitura de Honolulu aceitasse. Cancelar não é uma possibilidade, isso só acontece quando o mar está "flat" (sem ondas), o que não acontece nessa época do ano no Havaí. Se chegarmos ao fim da janela, e as condições não forem boas, iremos para um pico ao lado ou mudamos de praia. Mas acho muito difícil isso acontecer. O mar vai ficar cada vez menor nos próximos dias, mas a previsão é de que um swell chegue na quinta, com boa angulação para Pipeline, mas que também quebra Backdoor. O campeonato deverá ser realizado na quinta e na sexta ou na sexta e no sábado.

pipeline e backdoor

A variação das ondas de Pipeline e Backdoor podem ser decisivas para a decisão do título mundial. Por ser "goofy" (surfar com o pé direito na frente da prancha), Gabriel tem mais facilidade para dropar a onda de Pipeline, uma esquerda. Quando a onda quebra para a direita, a Backdoor, o trabalho fica mais complicado para Medina e mais fácil para Slater e Fanning, já que ambos têm base regular (pé esquerdo na frente da prancha). Jamais o Pipe Masters consagrou um campeão surfando de costas para Backdoor, o que seria o caso de Medina.

- A direção do swell mudou para norte e nos próximos dias, o mar está mais para Backdoor, o que faz com que Dusty Payne (líder da Tríplice Coroa Havaiana) tenha mais chances de vencer Medina na terceira fase - analisou o sul-africano Martin Potter, comentarista da ASP e campeão do mundo em 1989, quebrando a hegemonia histórica de australianos, americanos e havaianos.


surfe pipeline montagem 1 (Foto: Divulgação/ASP)
Campeão mundial será definida nas ondas de 
Pipeline (esquerdas) e Backdoor (direitas) 
(Foto: Divulgação/ASP)


baterias da terceira fase

1.John John Florence (HAV) x Adam Melling (AUS)
2. Owen Wright (AUS) x Fred Patacchia (HAV)
3. Michel Bourez (TAH) x Matt Wilkinson (AUS)
4. Josh Kerr (AUS) x Jadson André (BRA)
5. Miguel Pupo (BRA) x Filipe Toledo (BRA)
6. Gabriel Medina (BRA) x Dusty Payne (HAV)
7. Kolohe Andino (EUA) x Julian Wilson (AUS)
8. Bede Durbidge (AUS) x Adrian Buchan (AUS)
9. Mick Fanning (AUS) x Jeremy Flores (FRA)
10. Joel Parkinson (AUS) x Sebastien Zietz (HAV)
11. Nat Young (EUA) x Kai Otton (AUS)
12. Kelly Slater (EUA) x Alejo Muniz (BRA)



baterias da segunda fase/repescagem

1: Kelly Slater (EUA) 17,00 x Reef McIntosh (HAV) 7,00
2: Michel Bourez (TAH) 5,00  x Makai McNamara (HAV) 3,17
3: Jordy Smith (AFS) 4,30 x Dusty Payne (HAV) 4,30
4: Nat Young (EUA) 8,50 x Mitch Coleborn (AUS) 4,77
5: Miguel Pupo (BRA) 7,17 x Raoni Monteiro (BRA) 4,13
6: Filipe Toledo (BRA) 7,64 x Glenn Hall (IRL) 7,07
7: Adrian Buchan (AUS) 3,47 x Travis Logie (AFS) 1,43
8: Kai Otton (AUS) 7,16 x Brett Simpson (EUA) 6,83
9: Fredrick Patacchia (HAV) 6,90 x Mitch Crews (AUS) 1,57
10: Jadson André (BRA) 12,70 x Tiago Pires (PRT) 2,73
11: Julian Wilson (AUS) 4,50 x Dion Atkinson (AUS) 0,84
12: Matt Wilkinson (AUS) 4,13 x Aritz Aranburu (ESP) 3,24



o que medina precisa para ser campeão

- se for eliminado até a terceira fase => precisa que Kelly Slater não vença a etapa e que Mick Fanning não chegue às semifinais. Se Fanning for eliminado nas quartas, decide o título da temporada numa bateria homem a homem com o brasileiro.
- se for eliminado na quinta fase => Mick Fanning não pode chegar à final;
- se for eliminado nas quartas ou nas semifinais => Mick Fanning não pode vencer a etapa;
- se chegar à final => conquista o título, independentemente da campanha de seus rivais

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