Hilda Furacão: uma lenda da boêmia Belorizontina
No Botafogo, nada ou quase nada é simples, e quase tudo é original, luminoso e mítico. Umas vezes para o bem, outras vezes para o mal. Desta vez a história teve um desfecho feliz – a história do nosso querido futebolista Paulinho Valentim, que fez cinco gols no Fluminense na maior goleada de uma decisão do futebol carioca profissional, e da já mítica esposa Hilda ‘Furacão’, falecida hoje, na manhã de 29 de dezembro de 2014, com 84 anos de idade.
Leia a história em:http://mundobotafogo.blogspot.pt/2008/02/paulo-valentim-hilda-furaco.html
Hilda Maia, nascida em Minas Gerais, foi uma mulher da ‘vida fácil’ na boêmia de Belo Horizonte. Paulinho Valentim, ‘herói’ do Botafogo na final de 6x2 sobre o Fluminense em 1957 e ídolo Boca Juniors, apaixonou-se por Hilda ‘Furacão’ e decidiu casar com aquela que seria até hoje de manhã Hilda Maia Valentim.
Temperamental e frequentador da boêmia, Paulinho não levava desaforos para casa. Na cerimônia de casamento o padre exortou Hilda a abandonar a ‘vida fácil’ e, então, furioso com a reprimenda, Paulinho Valentim foi para cima do padre para o esmurrar ali mesmo no altar, tendo sido João Saldanha, padrinho de casamento, quem muito oportunamente acalmou os ânimos e garantiu a continuidade do cerimonial.
Hilda rumou a Buenos Aires com o futebolista, depois acompanhou-o ao México e regressou com ele definitivamente a Buenos Aires, permanecendo com Paulinho Valentim até ao fim da vida do craque, que acabou por ficar pobre e faleceu muito doente em 1986. Hilda manteve-se em Buenos Aires vivendo com o filho, Ulisses Valentim.
A esposa de Paulinho foi eternizada por Roberto Drummond num livro intitulado Hilda Furacão, publicado em 1991. O romance foi adaptado para televisão em forma de minissérie pela autora de telenovelas Glória Perez, exibida em 1998 na TV Globo. A minissérie colaborou para que o romance tenha batido o recorde de vendas dos livros publicados por Roberto Drummond – 200 mil exemplares. O canal de televisão Globo Premium exibiu o filme em Portugal, exatamente há um ano atrás.
No romance Hilda Furacão era uma mulher sensual da alta sociedade que enfeitiçava os homens à beira da piscina de um clube tradicional de Belo Horizonte – o Minas Tênis Clube.
No romance de Drummond, a musa, Garota do Maiô Dourado, recusou pedidos milionários de casamento, abandonou a família e mudou-se para o Maravilhoso Hotel, na zona boêmia da cidade, tornando-se numa famosa prostituta. Hilda tirava o sono à cidade, e especialmente a três rapazes: Malthus, que se tornou frade dominicano, líder político e escritor; Aramel, oBelo, que queria ser ator de Hollywood e acabou como Dom Juan de aluguel; o próprio Roberto Drummond, autor do romance que imortalizaria Hilda Furacão.
Ainda hoje Belo Horizonte discute o que é realidade e o que é ficção no romance de Drummond, que faleceu em 2002 sem esclarecer o assunto. Certo mesmo é Hilda ter sido um ‘furacão’ sensual na noite Belorizontina, o Fluminense provar do remédio ‘Tim, Tim, Tim, gol de Valentim’ por cinco vezes na final de 1957, ambos se terem apaixonado, casado e nunca mais se terem separado até ao fim da vida de Paulinho Valentim.
Certo também é que Hilda ‘Furacão’ Maia Valentim se eternizou na literatura e na televisão, por obra de Roberto Drummond e Glória Perez.
Entrevistada recentemente, Hilda disse, sobre o marido de quem se orgulha muito, que ele “Era um craque. Era demais. Não passava jogo sem fazer gol”. E o Boca Juniors reconheceu-o: no Estádio La Bombonera existe uma estrela de bronze em homenagem a Paulinho Valentim.
Pesquisa de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo); Imagens: TV Globo e Internet / Reprodução.
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