Gigante argentino supera trauma da segunda divisão, mantém estabilidade financeira, aposta em ex-jogadores para cargos diretivos e colhe frutos com sucesso em 2014
Impressão errada em ingresso de jogo do River rendeu novas provocações da torcida do Boca
Em dezembro de 2009 o empresário Rodolfo D'Onofrio perdeu as eleições para a presidência do River Plate por uma diferença de incríveis seis votos. Daniel Passarella, ex-jogador e treinador, foi o eleito, recebendo da gestão anterior um clube massacrado por problemas administrativos e financeiros. O rebaixamento já vinha batendo à porta, o ídolo repetiu os erros da diretoria que o antecedeu e não conseguiu impedir o que já parecia inevitável: a inédita queda para a Segundona. D'Onofrio tentou se eleger novamente no fim de 2013 e foi nomeado presidente até 2017. O dirigente trouxe uma mudança radical no modelo de gerenciamento do clube e apostou em quem conhece melhor a instituição: os ídolos. Os resultados estão sendo imediatos.
Atacante colombiano Teófilo Gutiérrez é a
estrela do atual time do River Plate
(Foto: AP)
- O River está voltando a ser forte esse ano, a partir da presidência de Rodolfo D'Onofrio, que incorporou Enzo Francescoli (um dos maiores ídolos da história do clube) como manager e vários outros ex-jogadores para que cuidem do futebol. Mas, principalmente, a mudança se deve à seriedade da diretoria, já que agora comandam o clube buscando o bem da instituição, dos sócios e dos torcedores, quando as gestões anteriores priorizavam seus interesses e conveniências pessoais. Por isso deixaram o clube em ruínas e o afundaram futebolisticamente. Com uma condução séria, um gigante como o River sempre se põe de pé. Esta é a base dessa ressurreição - analisou o jornalista Martín Blotto, do diário "Olé".
Sob o comando de Ramón Díaz, o treinador com o maior número de títulos na história do clube, os Millionários sagraram-se campeões do Torneio Final em maio deste ano. No mesmo mês, jogaram a decisão da Campeonato Argentino contra o San Lorenzo, vencedor do Torneio Inicial em 2013, e ganharam por 1 a 0, conseguindo mais uma taça. No fim da campanha, o técnico renunciou ao cargo. Para o segundo semestre de 2014, o ex-jogador e também ídolo Marcelo Gallardo foi contratado.
River e Boca farão dois Superclássicos
decisivos nas próximas semanas
(Foto: AP)
A diretoria não faz loucuras e está sendo capaz de manter os salários em dia. Os problemas políticos deixaram de ser os principais temas do noticiário esportivo, e Gallardo consegue ter tranquilidade para trabalhar. Com o foco exclusivamente no futebol, o time conseguiu uma sequência de 31 partidas de invencibilidade, ocupando a liderança do Campeonato Argentino. Se com Díaz a equipe foi campeã em meio a atuações irregulares e críticas, com o novo comandante encontrou um estilo que agrada e a paz de que tanto necessitava.
- Depois de quatro anos muito ruins da outra gestão, a atual presidência trocou todos os dirigentes e uniu o clube ao povo. Em campo, o êxito desse trabalho é a equipe estar bem física e mentalmente. A cabeça importa muito e, estando bem fisicamente e de cabeça, os jogadores têm vontade de treinar e jogar todo dia. Com a cabeça focada no jogo, as vitórias chegam com maior facilidade - avaliou Norberto Alonso, quinto maior artilheiro da história do River e o sexto que mais vezes vestiu a camisa riverplatense.
Marcelo Gallardo está agradando como
treinador do River Plate
(Foto: Agência AFP)
O River Plate de Gallardo terá seu maior desafio a partir desta quinta-feira, quando medirá forças com o Boca Juniors na Bombonera em busca de uma vaga na decisão da Copa Sul-Americana. O momento é delicado. O time tropeçou nas últimos três partidas, sofre com o cansaço e com lesões. O técnico tem sido obrigado a testar novos sistemas de jogo, e atletas da base que eram testados aos poucos tornaram-se protagonistas. Mas a torcida segue confiante. Todos os ingressos para o duelo de volta das semis no Monumental de Núñez foram vendidos e estima-se que a arrecadação bata um recorde e chegue a 15 milhões de pesos (R$ 4,6 milhões).
- O time está muito bem conduzido, os salários estão em dia, as arrecadações são realmente monumentais, fazendo um jogo de palavras com a alcunha do estádio, e parece que os urubus voaram de Núñez. O clube passou por uma década trágica, com uma diretoria meio estranha - concluiu o jornalista argentino radicado no Brasil Manolo Epelbaum.
Torcida do River Plate não deixa de provocar
a do Boca mesmo em momentos de baixa
(Foto: GloboEsporte.com)
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