sexta-feira, 11 de julho de 2014

Tímidos, laterais ficam abaixo de antecessores em Copas recentes

Marcelo, Daniel Alves e Maicon têm desempenho discreto na Seleção. Especialistas na posição, Júnior e Roberto Carlos veem influência do esquema de jogo de Felipão


Por Rio de Janeiro
Carlos Alberto Torres fazendo o quarto gol contra a Itália e levantando a taça da Copa do Mundo em 1970. Junior marcando em cima da Argentina e sambando para comemorar em 1982. Branco batendo falta com efeito contra a Holanda e classificando o Brasil para a semifinal da Copa de 1994. São algumas das muitas cenas da história da Seleção protagonizadas por laterais, peças que sempre foram fundamentais. Nos três últimos Mundiais, por exemplo, eles fizeram gols e deram assistências (confira os gols no vídeo acima).

Maicon, que nesta Copa ganhou a vaga de Daniel Alves nas quartas de final, fez um e deu passe para outro em 2010. Cafu foi autor de uma assistência em 2002 e duas em 2006. Roberto Carlos deixou sua marca com um belo gol de falta em 2002. E até nomes menos badalados como Júnior (ex-Palmeiras), Cicinho e Gilberto tiveram seus momentos de glória nas Copas mais recentes.

Desempenho Laterais na Copa (Foto: Infoesporte)

Em 2014, porém, o que se viu foram atuações longe de empolgar. Apontados como importantes armas da equipe de Felipão, Marcelo e Daniel Alves foram discretos. Após ganhar a vaga do titular, Maicon praticamente não alterou o panorama. Reserva de Marcelo, Maxwell sequer entrou - foi o único dos 20 jogadores de linha a não atuar até agora. 

- O esquema da Seleção fez com que eles tivessem menos liberdade do que nos clubes em que atuam, onde têm liberdade para atacar. Foram muito burocráticos, e isso afetou também a parte individual. Eles seguiram uma determinação, e isso refletiu no desempenho bem diferente do da Copa das Confederações, por exemplo. Tirando o bom primeiro tempo contra a Colômbia, todos os jogadores, não só os laterais, tiveram um rendimento decepcionante - analisou Júnior, titular da lateral esquerda do Brasil nas Copas de 1982 e 1986 e hoje comentarista da TV Globo.

montagem - laterais brasil (Foto: Editoria de Arte)
Maicon, Daniel Alves e Marcelo: 
atuações sem brilho nesta Copa 
do Mundo (Foto: Editoria de Arte)

Nas Copas de 2002 a 2010, foram oito os gols do Brasil criados a partir de passes de laterais (veja o vídeo abaixo). Este ano, Marcelo até contribuiu com duas assistências (contra Camarões e Alemanha), mas fez um gol contra na estreia. Daniel Alves foi muito explorado pelos rivais e, por seu setor, Camarões e Croácia conseguiram criar seus gols na primeira fase. Com cinco chutes a gol, não balançou a rede e tampouco deu qualquer assistência.

Nas quartas e na semi, Maicon não melhorou muito a situação. Falhou no gol da Colômbia - perdendo a bola na jogada que originou o pênalti - e ficou vendido contra a Alemanha nos lances do terceiro, quinto e sétimo gols. No primeiro e no sexto, Marcelo foi quem vacilou, com erros em um passe e em um bote na marcação, respectivamente.

Pentacampeão com a Seleção Brasileira, o ex-lateral-esquerdo Roberto Carlos evitou comparar a equipe atual com a de 2002 e afirmou que o jogo dos laterais na Copa não funcionou na prática:

- No papel, eles chegarem bem, mas nada saiu do jeito que a gente queria. O Daniel Alves e o Marcelo sempre foram muito ofensivos e ficaram mais presos. Muita gente tenta comparar a Seleção do Felipão atual com a de 2002, mas não tem como. Naquela equipe, existiam líderes mais experientes e era um futebol diferente. No futebol de hoje, é difícil ver um sistema de jogo bem definido e isso dificulta para os laterais saberem o momento certo de atacar ou de ficar mais na defesa. É complicado para analisar longe do campo - afirmou Roberto Carlos, que também comenta a Copa na TV Globo.



FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2014/07/timidos-laterais-ficam-muito-aquem-de-antecessores-em-copas-recentes.html

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