sexta-feira, 11 de julho de 2014

Fred, o atacante de um chute a gol a cada 52 minutos na Copa do Mundo

Bruno Marinho

Cone e Homem Invisível foram as principais gozações que Fred recebeu nas redes sociais dos torcedores, desgostosos com a atuação do centroavante titular da seleção brasileira. Seu desempenho abaixo da crítica fica mais evidente quando é comparado a de outros jogadores de ataque aos quais, teoricamente, deveria fazer frente. Diante do argentino Messi, do holandês Robben e do alemão Müller, destaques ofensivos dos outros semifinalistas da Copa do Mundo, os números de Fred viram, assim como seus apelidos, piada.

Em seis partidas disputadas no Mundial, o camisa 9 brasileiro deu apenas nove finalizações a gol, de acordo com as estatísticas levantadas pelo programa Footstats. Com 471 minutos em campo, foi um chute a gol a cada 52 minutos. 

Em termos absolutos, é quase a metade do que chutaram os três rivais (Müller, 16, Messi, 17, e Robben, 19), equilibrados entre si, o que talvez seja mais um indício que explique por que Argentina e Holanda fizeram um jogo equilibrado, enquanto o Brasil foi atropelado pela Alemanha no Mineirão.

Quando o assunto é chutes certos, Fred surpreende ainda mais. Negativamente, para tristeza dos brasileiros. Foram apenas quatro durante toda a competição, contra sete de Müller, oito de Messi e nove de Robben.

O abismo que se criou entre o jogador brasileiro e os rivais se converteu também em gols marcados. O gol solitário do centroavante do Fluminense, marcado na partida contra Camarões, é um pingo no oceano de Messi, com quatro gols, Robben, com três, e Müller, com cinco gols.

Quinta-feira, o atacante nem apareceu no campo da Granja Comary para treinar. Ficou apenas na academia, realizando exercícios físicos. Sua presença na partida contra a Holanda, sábado, no Mané Garrincha, pelo terceiro lugar da Copa, não está garantida. Luiz Felipe Scolari já disse que está na dúvida entre escalar seus titulares tradicionais (grupo no qual Fred está incluído) e jogadores mais novos, com potencial para estarem presentes em convocações futuras da seleção brasileira. Aos 30 anos e vez ou outra sofrendo de problemas musculares, o camisa 9 não estaria inserido nessa segunda hipótese.

Mesmo que atue contra os holandeses e dê fim ao retrospecto tão ruim na Copa do Mundo, o estrago na relação entre Fred e seleção já está feito. Pelo menos ele ainda recebe o apoio dos companheiros, como foi o que fez Neymar na entrevista concedida em Teresópolis.

— Eu sinto orgulho de cada um dos jogadores que estão aqui. Eu admiro cada um desses caras, todos que eu vi jogar quando eu era menor. A gente se sente humilhado, depois de uma derrota como essa, a gente não queria isso, a gente tem família que sofre muito. Ninguém precisa nos dizer que somos a vergonha do Brasil. Sinto orgulho de ter jogado ao lado do Fred, do Thiago Silva, do Julio Cesar — disse Neymar.

Com ou sem a solidariedade do companheiro, Fred pode, amanhã, escrever suas últimas linhas na sua história pela seleção brasileira.



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