Felipão exagera em treinos regenerativos, não cria alternativas táticas e deixa de preparar o time para a semifinal contra a Alemanha para enganar os jornalistas
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Com o discurso diferente da realidade, Felipão não enxergou, ou fingiu não enxergar, o que acontecia. Tentou, sem sucesso, convencer que o desempenho era semelhante ao da Copa das Confederações e acreditou que a equipe cresceria durante a competição. Talvez o maior pecado tenha sido esse. Para isso, no entanto, precisava treinar. Sobrou papo, psicologia e descanso. Faltou treino.
A Seleção estreou na Copa do Mundo com somente três coletivos e seis atividades táticas realizadas nos 17 dias de preparação na Granja Comary, além de dois amistosos contra Panamá e Sérvia. Durante a Copa, o número de treinos caiu consideravelmente. Preocupado em preservar os titulares de qualquer tipo de desgaste ou lesão, Scolari optou pelo "pijama training": descanso, descanso e mais descanso.
Em determinado momento, o treinador chegou a modificar a programação do Brasil para que ele e os jogadores pudessem assistir aos jogos da Copa do Mundo. Para isso, cortou um período de atividades, que passaram a ocorrer predominantemente pela manhã.
Felipão à beira do campo, no Mineirão:
expressão impotente diante da
avassaladora Alemanha
(Foto: Reuters)
O período que antecedeu as quartas de final foi emblemático. Após jogar contra o Chile em uma sexta-feira, os titulares só voltaram a campo na outra terça. Além da folga no sábado, os principais jogadores não treinaram domingo e segunda.
Na mesma fase, por exemplo, a Holanda trilhou o caminho oposto. Após eliminar o México no sábado, em Fortaleza, os titulares foram a campo treinar no Rio de Janeiro, no domingo.
Felipão bufa no banco do Mineirão (Foto: Reuters)
A realidade foi outra. Os laterais não funcionaram, Paulinho não foi nem sombra do jogador de 2013, e Fred decepcionou muito. A comissão técnica não contava com as quedas de rendimento de alguns de seus principais jogadores.
Os reservas não eram mais do que bons reservas. Não estava nos planos efetivá-los como titulares. Tanto que o treinador chegou a dizer em uma conversa reservada com alguns jornalistas que trocaria um dos convocados se fosse possível.
Bastou uma primeira fase burocrática, sem atuações convincentes, para que mudanças fossem necessárias. A Seleção, porém, não tinha alternativas táticas. A comissão técnica parecia perdida. Tinha os jogadores ao seu lado, mas o time não funcionava. Foi aí que surgiu outro pecado. Felipão estava mais preocupado em esconder as mudanças de jornalistas e adversários do que treinar novas formações, como aconteceu na última segunda-feira. Na hora de definir o substituto de Neymar, fez várias observações, mas não testou o time com o escolhido: Bernard. Segundo ele, para esconder o jogo.
- Vocês (jornalistas) cobrem treinos, passam informações para o jornal, e o adversário vê. A gente também quer confundir. Quando fomos na coletiva, falamos que tínhamos recebido informações, assistido a vídeos e visto jogadas que podíamos fazer em cima de A ou B com jogador de velocidade, e esse jogador era o Bernard. Por isso, colocamos ele no final para ter as jogadas e foi isso que fizemos ontem (segunda-feira) em relação ao jogo de hoje (terça). Ele já sabia que ia jogar ontem (segunda) quando eu disse que o time estava definido – reconheceu Felipão, sobre a escalação de Bernard na vaga de Neymar contra a Alemanha.
Tanto mistério para nada. Felipão escondeu o time, e o time "escondeu" o jogo.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2014/07/sobrou-descanso-faltou-futebol-selecao-paga-preco-por-treinar-pouco.html
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