Sensação, Costa Rica vale "meio Neymar" e tem base longe da Europa

Classificada às oitavas, seleção só é mais valiosa que outras três que disputam o Mundial e tem mais da metade de seus convocados fora do Velho Continente

Por Lincoln ChavesSantos, SP

1. motorzinho "brasileiro" e veterano "ligeirinho"

Bryan Ruiz, com a camisa 10, é o mais valorizado do time (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)

Apenas três das 32 seleções que disputam a Copa do Mundo têm um elenco menos valioso que a Costa Rica, de acordo com o site especializado Transfermarkt. Para se ter uma ideia, a soma do preço de mercado dos jogadores costarriquenhos (€ 32,5 milhões) equivale a quase metade do valor estipulado de Neymar (€ 60 milhões). O que não tem impedido os Ticos de serem, até agora, a grande sensação do Mundial.

A seleção centro-americana ignorou a lógica no Grupo da Morte e, com uma rodada de antecedência, garantiu-se nas oitavas de final. Uruguai e Itália, duas das 10 equipes mais valiosas desta Copa, foram as vítimas de um elenco que vale menos, por exemplo, que os preços de astros consagrados que já estão eliminados do Mundial, como o espanhol Andrés Iniesta (€ 55 milhões) ou o inglês Wayne Rooney (€ 49,5 milhões). Este último, aliás, será rival dos Ticos no último compromisso das equipes na primeira fase.

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 Dos 23 jogadores convocados pelo técnico Jorge Luis Pinto, o mais valioso é Bryan Ruiz (€ 8,8 milhões), herói da vitória por 1 a 0 sobre a Itália, seguido do também atacante e candidato a revelação do Mundial, Joel Campbell (€ 5,5 milhões). Os valores da dupla, somados ao do goleiro Keylor Navas (€ 4,4 milhões), considerado o melhor da posição do último Campeonato Espanhol, representam mais da metade (57,53%) do elenco "tico".

Os efeitos da boa fase são sentidos. Após atuação decisiva de Campbell contra o Uruguai, jornais ingleses cravam que Arsène Wenger, treinador do Arsenal, vai contar com a promessa após o Mundial - ele pertence aos Gunners, mas estava emprestado ao Olympiacos, da Grécia. Na Espanha, depois de uma grande temporada pelo Levante e um início promissor na Copa, o goleiro Navas já é colocado na pauta de Barcelona e Atlético de Madrid. O meia Yeltsin Tejeda, do Saprissa, por sua vez, entrou na mira de clubes europeus, segundo a imprensa costarriquenha.

Para o consultor de marketing e gestão esportiva Amir Somoggi, a tendência é que a boa fase dos costarriquenhos no Mundial impulsione ainda mais a seleção no mercado.

- A Copa do Mundo é fundamental para massificar uma marca. (Zinedine) Zidane era um craque consagrado, mas a conquista do Mundial em 1998 foi definitiva para alavancar seu nome. São bilhões de espectadores encantados (na Copa). Dá um status diferente. O Campbell, por exemplo, já se valorizou, independente do que ocorrer com a Costa Rica daqui para frente - analisou.

Campbell comemora o gol assinalado no 3 a 1 

sobre o Uruguai na estreia da Copa do Mundo

 (Foto: Gettyimages)

O curioso é que a maior parte dos atletas da seleção sensação da Copa não atua na Europa: apenas 11 dos 23 convocados vêm do Velho Continente, sendo que a maioria de ligas pouco expressivas, como Noruega e Suécia. Nove dos jogadores que estão no Mundial atuam na própria Costa Rica. O Herediano, com quatro representantes (o goleiro Daniel Cambronero, o lateral Dave Myrie e os volantes Estebán Granados e José Miguel Cubero) é o clube local com mais jogadores na equipe.

motorzinho "brasileiro" e veterano "ligeirinho"

Joel Campbell e Bryan Ruiz são os astros da Costa Rica, mas quem faz o jogo correr no time de Jorge Luis Pinto é o meia Celso Borges. Filho do brasileiro Alexandre Guimarães, que atuou pela seleção costarriquenha em 1990 e a comandou no Mundial de 2008, o camisa 5 foi o jogador da equipe que mais se movimentou nos dois jogos (22,2 quilômetros, de acordo com o site da Fifa) e o que mais passes distribuiu (94). Diante da Itália, o jogador do AIK, da Suécia, teve um papel mais marcador, ajudando Tejeda na contenção do meio-campo da Azzurra.

Bolaños disputa a bola com Barzagli (Foto: AP)

Cristian Bolaños, por sua vez, é o "ligeirinho" da seleção. Aos 30 anos, é um dos mais experientes do elenco - o meia-atacante é um dos únicos remanescentes, ao lado do zagueiro Michael Umaña, da equipe que disputou a Copa de 2006. Embora seja menos acionado que Bryan Ruiz e Campbell, o camisa 7 é o costarriquenho que atingiu a maior velocidade máxima nos dois jogos: 31,1 quilômetros por hora. Nada mal para um veterano que, com o término de seu contrato com o Copenhague, da Dinamarca, está sem clube após o Mundial.

Classificada, a Costa Rica encerra a primeira fase na próxima terça-feira, contra a já eliminada Inglaterra, às 13h (de Brasília), no Mineirão. Em seguida, espera o primeiro ou o segundo do grupo C (Colômbia, Costa do Marfim, Grécia e Japão) nas oitavas de final. O objetivo? Superar 1990, ano de estreia dos Ticos em Mundiais, quando a seleção chegou a essa mesma fase. Após deixar o "grupo da morte" para trás, não é absurdo acreditar no canto que tem embalado a equipe desde a vitória sobre o Uruguai: "Si, se puede".


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/selecoes/costa-rica/noticia/2014/06/sensacao-costa-rica-vale-meio-neymar-e-tem-base-longe-da-europa.html