A CRÔNICA
por
Victor Canedo
Eram 23 minutos do segundo tempo quando o telão anunciou o nome de Miroslav Klose.
Com ele vieram vaias pesadas, daquelas de mexer com o ouvido. A torcida
brasileira, que já estava com Gana, ganhou praticamente um inimigo,
alguém para secar até a última gota de suor. Mas não se mexe com a
estrela dele. O centroavante alemão precisou de dois minutos e apenas um
toque na bola para igualar o recorde de Ronaldo Fenômeno. O seu 15º gol
na história das Copas do Mundo também salvou a Alemanha de uma derrota:
o empate em 2 a 2 na tarde deste sábado, no Castelão, deixou o Grupo G
em aberto para a última rodada.
É justo dizer que o segundo tempo salvou o jogo. Diante do forte calor na etapa inicial, a Alemanha praticamente ficou refém de brilhos individuais do seu setor ofensivo. As estrelas só apareceram quando a sombra tomou conta de todo o Castelão, que recebeu 59.621 torcedores, mais alemães que ganeses. Götze, após cruzamento de Müller, abriu o placar numa cabeçada-joelhada. Gana, talvez injustiçada naquele momento, virou com André Ayew e Asamoah Gyan.
Mas aí chegou o minuto 23. E também o 25. Klose ocuparia as manchetes a partir dali, estabelecendo a marca contra os africanos, tal qual Ronaldo no Mundial de 2006.
A Alemanha jogará pela classificação na próxima quinta-feira. Enfrentará os Estados Unidos, novamente numa partida para testar seu condicionamento físico: às 13h, na Arena Pernambuco, no Recife. Gana, ainda com chances, dependerá provavelmente de uma vitória sobre Portugal, na mesma hora, no Mané Garrincha, em Brasília. Americanos e lusos ainda se enfrentam neste domingo, na Arena Amazônia, em Manaus – os EUA podem assumir a liderança isolada em caso de vitória, e os portugueses precisam dos três pontos para manter o sonho da classificação. Uma derrota os elimina.
Gana segura Alemanha
Qualquer semelhança com Portugal parou na cor da camisa. Gana usava o mesmo vermelho de Cristiano Ronaldo, mas mostrou-se um adversário um tanto quanto cascudo ao favoritismo dos alemães. Se no primeiro tempo em Salvador Thomas Müller já havia se consagrado com dois gols, Fortaleza reservou uma marcação mais atenta, quase implacável.
Camisa 21 de Gana, John Boye foi talvez o maior responsável pela Alemanha não marcar até o brasileiro Sandro Meira Ricci encerrar a primeira etapa. O zagueiro do Rennes conseguiu três cortes precisos e impediu Müller, Özil, Götze ou qualquer outro de se criarem na defesa africana. Do outro lado, Manuel Neuer enfim trabalhou com certa frequência, principalmente em chutes de fora da área de Atsu, em linda jogada individual, e Muntari. Gyan também assustou.
Não foi lá um grande jogo. A Alemanha afunilava muitas jogadas e praticamente não apoiava pelos lados – não custa lembrar que os laterais são na verdade zagueiros: Jérôme Boateng, que encontrou o irmão Kevin-Prince em algumas oportunidades pela direita, e Höwedes na esquerda. Toni Kroos e Özil eram as peças mais lúcidas, mas faltava algo que havia sobrado na goleada imposta sobre os lusos, há cinco dias.
Klose, o recorde também é seu
Este elemento poderia ser a sorte. Ela apareceu aos sete, quando Müller cruzou para um baixinho na grande área. Götze, de 1,71m, sequer precisou subir, mas ainda assim não conseguiu acertar a bola em cheio. A cabeçada na verdade se transformou numa joelhada, depois de a bola bater no seu nariz. Era o gol da Alemanha.
Futebol, esse esporte de 22 homens correndo atrás da pelota que termina com a Alemanha vencendo quase sempre, devem ter pensado alguns. Não era o dia. Gana precisou de dois minutos para empatar quase da mesma maneira: Afful cruzou na cabeça de André Ayew. A finalização foi indefensável para Neuer: 1 a 1. O estádio inflamou-se com o apoio da torcida brasileira. Em campo, os alemães foram espremidos. Lahm cochilou por um segundo, Muntari roubou e acionou Gyan, que teve frieza para colocar no canto e desempatar.
Foi dali para os gritos de "olé". Mas a festa durou pouco. Löw pôs
Klose e Schweinsteiger em campo, e a Alemanha passou a ser um time
também experiente, rodado, calejado. E com a estrela do maior artilheiro
de todas as Copas do Mundo. Sim, senhores: Klose, em dois minutos, em
seu primeiro toque, já igualara o recorde de 15 gols de Ronaldo
Fenômeno. Após escanteio, Höwedes desviou, e o 9 que é 11 apareceu na
pequena área para estufar as redes. A comemoração teve cambalhota e
gritos, quase como uma resposta à sonora vaia que havia recebido no
momento da substituição.
Era claro que a Alemanha iria crescer no jogo. Cedia espaços, mas atacava mais, buscava uma classificação que poderia ser confirmada no domingo. Kroos, aos 39, achou Müller na grande área. O camisa 13 demorou a concluir e foi atrapalhado pelo carrinho perfeito de Asamoah. Schweinsteiger, no minuto seguinte, descobriu Özil pela esquerda com um lindo toque por cima – a zaga de Gana também cortou no momento exato.
Klose, aos 44, ficou a centímetros da consagração máxima. No último lance, já nos acréscimos, Thomas Müller e Boye se chocaram na área após falta cobrada por Kross. O alemão acabou cabeceando o ombro do ganês, caindo no gramado com o rosto ensanguentado. Foi o retrato de uma guerra. Não há problema. Para a Alemanha e Klose, o seu maior artilheiro, há tempo suficiente. Para os ganeses, resta a esperança.
É justo dizer que o segundo tempo salvou o jogo. Diante do forte calor na etapa inicial, a Alemanha praticamente ficou refém de brilhos individuais do seu setor ofensivo. As estrelas só apareceram quando a sombra tomou conta de todo o Castelão, que recebeu 59.621 torcedores, mais alemães que ganeses. Götze, após cruzamento de Müller, abriu o placar numa cabeçada-joelhada. Gana, talvez injustiçada naquele momento, virou com André Ayew e Asamoah Gyan.
Mas aí chegou o minuto 23. E também o 25. Klose ocuparia as manchetes a partir dali, estabelecendo a marca contra os africanos, tal qual Ronaldo no Mundial de 2006.
A Alemanha jogará pela classificação na próxima quinta-feira. Enfrentará os Estados Unidos, novamente numa partida para testar seu condicionamento físico: às 13h, na Arena Pernambuco, no Recife. Gana, ainda com chances, dependerá provavelmente de uma vitória sobre Portugal, na mesma hora, no Mané Garrincha, em Brasília. Americanos e lusos ainda se enfrentam neste domingo, na Arena Amazônia, em Manaus – os EUA podem assumir a liderança isolada em caso de vitória, e os portugueses precisam dos três pontos para manter o sonho da classificação. Uma derrota os elimina.
Klose se estica para marcar o seu 15º gol na
história das Copas do Mundo (Foto: Reuters)
Qualquer semelhança com Portugal parou na cor da camisa. Gana usava o mesmo vermelho de Cristiano Ronaldo, mas mostrou-se um adversário um tanto quanto cascudo ao favoritismo dos alemães. Se no primeiro tempo em Salvador Thomas Müller já havia se consagrado com dois gols, Fortaleza reservou uma marcação mais atenta, quase implacável.
Camisa 21 de Gana, John Boye foi talvez o maior responsável pela Alemanha não marcar até o brasileiro Sandro Meira Ricci encerrar a primeira etapa. O zagueiro do Rennes conseguiu três cortes precisos e impediu Müller, Özil, Götze ou qualquer outro de se criarem na defesa africana. Do outro lado, Manuel Neuer enfim trabalhou com certa frequência, principalmente em chutes de fora da área de Atsu, em linda jogada individual, e Muntari. Gyan também assustou.
Não foi lá um grande jogo. A Alemanha afunilava muitas jogadas e praticamente não apoiava pelos lados – não custa lembrar que os laterais são na verdade zagueiros: Jérôme Boateng, que encontrou o irmão Kevin-Prince em algumas oportunidades pela direita, e Höwedes na esquerda. Toni Kroos e Özil eram as peças mais lúcidas, mas faltava algo que havia sobrado na goleada imposta sobre os lusos, há cinco dias.
Klose, o recorde também é seu
Este elemento poderia ser a sorte. Ela apareceu aos sete, quando Müller cruzou para um baixinho na grande área. Götze, de 1,71m, sequer precisou subir, mas ainda assim não conseguiu acertar a bola em cheio. A cabeçada na verdade se transformou numa joelhada, depois de a bola bater no seu nariz. Era o gol da Alemanha.
Futebol, esse esporte de 22 homens correndo atrás da pelota que termina com a Alemanha vencendo quase sempre, devem ter pensado alguns. Não era o dia. Gana precisou de dois minutos para empatar quase da mesma maneira: Afful cruzou na cabeça de André Ayew. A finalização foi indefensável para Neuer: 1 a 1. O estádio inflamou-se com o apoio da torcida brasileira. Em campo, os alemães foram espremidos. Lahm cochilou por um segundo, Muntari roubou e acionou Gyan, que teve frieza para colocar no canto e desempatar.
Andre Ayew sobe mais que os alemães para
cabecear de forma indefensável
(Foto: Getty Images)
Era claro que a Alemanha iria crescer no jogo. Cedia espaços, mas atacava mais, buscava uma classificação que poderia ser confirmada no domingo. Kroos, aos 39, achou Müller na grande área. O camisa 13 demorou a concluir e foi atrapalhado pelo carrinho perfeito de Asamoah. Schweinsteiger, no minuto seguinte, descobriu Özil pela esquerda com um lindo toque por cima – a zaga de Gana também cortou no momento exato.
Klose, aos 44, ficou a centímetros da consagração máxima. No último lance, já nos acréscimos, Thomas Müller e Boye se chocaram na área após falta cobrada por Kross. O alemão acabou cabeceando o ombro do ganês, caindo no gramado com o rosto ensanguentado. Foi o retrato de uma guerra. Não há problema. Para a Alemanha e Klose, o seu maior artilheiro, há tempo suficiente. Para os ganeses, resta a esperança.
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