terça-feira, 10 de junho de 2014

Fora da viagem ao Irã por ser mulher, auxiliar sofre: "Lei deveria ter exceção"

Em má fase, seleção masculina não poderá contar com a importante estatística Robertinha nos dois jogos que o time vai fazer pela Liga Mundial no país islâmico


Por São Paulo

Robertinha seleção vôlei (Foto: David Abramvezt)Robertinha em ação durante o segundo jogo contra o Irã, em São Paulo (Foto: David Abramvezt)

Não bastasse a péssima fase que a seleção brasileira masculina enfrenta na Liga Mundial – quatro derrotas em seis partidas –, uma polêmica lei nacional do Irã que proíbe a entrada de mulheres em ginásios e estádios vai desfalcar o Brasil nas suas duas próximas partidas na competição. Importante peça da comissão técnica de Bernardinho, a estatística e auxiliar Roberta Giglio, a Robertinha, não vai poder estar ao lado da quadra nos duelos contra o Irã, em Teerã, capital iraniana, na próxima sexta-feira e no próximo domingo. Ela terá de ficar no Brasil.

Desde 1997 trabalhando com Bernardinho e há 13 anos na seleção brasileira masculina, Robertinha faz um trabalho considerado fundamental para um time de alto rendimento no vôlei. Durante as partidas, através de um comunicador, ela passa informações atualizadas constantemente e números primordiais para que Bernardinho oriente os seus jogadores. A dupla, que também trabalha em conjunto no último campeão da Superliga feminina, o Rio de Janeiro, não para de lamentar a lei criada em 1979, durante a Revolução Islâmica. Além de Robertinha, outra mulher fora da viagem, pelo mesmo motivo, é a assessora de imprensa Clarissa Laurence.

– É algo cultural e temos de respeitar. Mas eu acho que a lei deveria ter uma exceção por se tratar de uma competição de alto nível no esporte. Quem iria arriscar? Pode acontecer alguma hostilidade de torcedores, que nós não temos como prever – afirmou Robertinha, que costuma sentar logo atrás das quadras para exercer a sua função.

Bernardinho Brasil x Irã Liga Mundial (Foto: Alexandre Arruda/CBV)
Bernardinho recebe as informações de 
Robertinha através de um ponto 
eletrônico no ouvido 
(Foto: Alexandre Arruda/CBV)

Será a primeira vez que Robertinha não vai estar no ginásio em um jogo da seleção masculina desde que começou o seu trabalho. Ciente da importância da sua função, que também inclui a análise tática do Brasil e do seu rival, a profissional não esconde a falta que ela fará ao time nesta fase tão delicada.

 Vai ser mais complicada a vida da seleção. Nós temos um esquema de trabalho online durante a partida e de comunicação por rádio. Eu passo o material de estatística e fico falando com o Bernardo o tempo todo
Robertinha

– Vai ser mais complicada a vida da seleção. Nós temos um esquema de trabalho online durante a partida e de comunicação por rádio. Eu passo o material de estatística e fico falando com o Bernardo o tempo todo. Todas as informações são passadas por mim. Eu sinto muito, porque nós estamos com a faca no pescoço. Não tem mais muitas opções se quisermos chegar na fase final da Liga Mundial. Nós precisamos ganhar esses jogos. Eu nunca fiquei fora de um jogo da seleção brasileira masculina desde 2001 – que diz ser a única mulher a fazer parte de uma comissão técnica dentre os participantes da Liga Mundial.

Para tentar minimizar a sua ausência na viagem ao Irã, Roberta vai preparar um vasto relatório para o primeiro jogo, na sexta-feira. E, para o embate de domingo, ela tentará receber o quanto antes um vídeo, filmado por um outro auxiliar no Irã, para preparar um material que possa municiar Bernardinho com informações e estatísticas.

– Eu vou receber o vídeo do jogo pela internet. Ele vai ser filmado da mesma posição em que eu trabalho, atrás da quadra. Mas não vou ter como falar com o Bernardo durante o jogo. Vai faltar a nossa sintonia. Todo mundo vai sentir falta desse trabalho que faz parte do nosso dia a dia. Vai ter que ser na raça – disse ela, que encontrará a delegação brasileira diretamente na Polônia, país onde o Brasil jogará contra a seleção local, nos dias 20 e 22 de junho.

Robertinha seleção vôlei (Foto: David Abramvezt)
A auxiliar Robertinha não vai poder 
sentar atrás da quadra em um jogo da 
seleção pela primeira vez em 13 anos
(Foto: David Abramvezt)


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2014/06/fora-da-viagem-ao-ira-por-ser-mulher-auxiliar-sofre-lei-deveria-ter-excecao.html

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