Grupo de trabalhadores simpatizantes ao Sindicato da Construção Leve fecha parte da via Abelardo Bueno; outros seguem querendo o Sindicato da Construção Pesada
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O panorama não mudou. Depois de uma segunda-feira tumultuada, com tiros e correria nas obras do Parque e da Vila Olímpica dos Jogos de
2016, os operários continuam sem trabalhar no local. Nesta
terça-feira, os grevistas voltaram a bater ponto, às 6h30m, mas sem
retomar as obras. Agora, o movimento passa a ser oficialmente coordenado
pelo
sindicato da construção leve, que vai protocolar a greve junto ao
Ministério do Trabalho com as assinaturas colhidas no canteiro de obras,
provas das condições de trabalho e reivindicações. Por enquanto, o
único ponto de concordância com a concessionária Rio Mais, responsável
pelos trabalhos, foi em relação à produtividade. Os demais pedidos
não foram atendidos.
Parte dos operários sai em passeata na
Avenida Embaixador Abelardo Bueno
(Foto: Thierry Gozzer)
Por
volta das 7h da manhã,
os operários que apoiam o Sindicato da Construção Leve saíram em
passeata pela Avenida Aberlado Bueno, fechando uma das faixas na direção
da Ayrton Senna, uma das principais rotas de saída da Barra da Tijuca. A
outra parte dos operários, que quer o Sindicato da Construção Pesada
como representante dos trabalhadores, não participou da passeata, apenas
permanecendo em greve na
frente do local das obras.
- O sindicato leve é o
único que pode nos apoiar legalmente e abraçou a nossa causa. Inclusive,
pedindo tudo que nós havíamos pedido através da construção pesada.
Então temos que fazer a greve unidos para que nós possamos conseguir
todos os direitos - disse o operário Marcos Vinícius Alves, da comissão
de greve.
Outra parte, que não concorda com o
Sindicato da Construção Leve, montou
acampamento em frente à obra
(Foto: Thierry Gozzer)
(Foto: Thierry Gozzer)
Os
operários pedem aumento de salário, do tíquete de
alimentação, plano de saúde também para a família, horas extras de 100%,
programa de produtividade, folgas de campo a cada 90 dias, entre outros
benefícios. Além disso, alguns desejam que o Sindicato da Construção
Pesada
(Sitraicp)
passe a representá-los junto às empreiteiras responsáveis pelas obras do
Parque
e da Vila Olímpica. Atualmente, os funcionários da obra recebem tíquete
de R$ 180, que será ampliado para R$ 200 em setembro, de acordo com o
aprovado na campanha salarial de março. Agora, porém, o Sindicato da
Construção Leve acena com a intenção de lutar pelo valor de R$ 300 para
os operários. Alguns operários, entre eles serventes, receberiam apenas
uma passagem por dia, mesmo morando em regiões distantes, como Duque de
Caxias.
Operários recebem instruções do
sindicato antes da passeata
(Foto: Thierry Gozzer)
Polícia foi acionada para acompanhar a
manifestação (Foto: Thierry Gozzer)
Parte
dos operários, porém, não querem ser representados pela Construção
Leve. Seguem preferindo o Sindicato da Construção Pesada, mesmo a obra
do Parque Olímpico sendo enquadrada, por lei, ao outro sindicato.
-
Estamos há quase dois anos aqui na obra e nunca fomos ajudados pelo
Sindicato da Construção Leve. Agora que começamos a paralisação eles
aparecem para nos apoiar? - frisou um dos operários que não acompanharam
a passeata, mas que preferiu manter-se em anonimato.
Durante
a manhã, antes da passeata, um dos pontos tocados pelo Sindicato da
Construção Leve e muito debatido pelos operários era relacionado a um
funcionário que teria sido demitido na segunda-feira. Conhecido na obra
como "Mamão", ele seria uma dos nomes atuantes na greve e segundo os
operários, teria sido coagido por seguranças a assinar sua demissão
dentro do Parque Olímpico. Os operários querem que "Mamão" seja
recontratado pela Rio Mais.
Operários discutem entre si na porta do
Parque Olímpico (Foto: Thierry Gozzer)
Greve não tem ligação com a Construção Pesada
Com a greve de quase 3 mil trabalhadores, todas as obras do Parque Olímpico estão
paralisadas. A interrupção do trabalho começa a prejudicar, inclusive, o
fornecimento de materiais para as obras. A concessionária reconhece apenas o Sindicato da
Construção Leve como representante legítimo dos trabalhadores, e o próprio presidente
do Sindicato da Construção Pesada, Nilson Dias, garantiu que a paralisação no
Parque e na Vila Olímpica não tem ligação com a greve geral convocada a partir
da meia-noite desta segunda para as obras da Transcarioca, Transolímpica, entre
outras obras de infraestrutura.
Na segunda-feira, a concessionária Rio Mais lamentou a confusão no Parque Olímpico e prometeu uma ação.
A Rio Mais garante que segue negociando com o Sindicato da Construção
Leve, único representante legal dos operários, e espera uma solução em
breve. A concessionária ainda não se posicionou sobre a greve nesta
terça-feira.
Operários do Parque Olímpico Rio 2016
recebem informativo do Sindicato da
Construção Leve (Foto: Thierry Gozzer)
Obras seguem paralisadas nesta terça-
feira (Foto: Thierry Gozzer)
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