segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Ceni erra pênalti, e São Paulo e Corinthians ficam no empate

Em jogo tenso, com briga nas arquibancadas e muitas chances perdidas, equipes não saem do zero e escancaram a péssima fase de seus ataques

A CRÔNICA 
 
por Rodrigo Faber e Marcelo Hazan

Três zagueiros do lado tricolor, três volantes no Alvinegro. O panorama antes do Majestoso deste domingo deixava claro que a preocupação em evitar gols era maior do que a vontade de balançar as redes. E foi assim, em um clássico repleto de provocações, tensão, briga nas arquibancadas, muitas chances desperdiçadas, que São Paulo e Corinthians ficaram no 0 a 0, pela 28ª rodada do Brasileirão. O goleiro Rogério Ceni errou um pênalti aos 43 minutos do segundo tempo e manteve inalterado o placar. Um resultado ruim para as duas equipes, mas com um gosto menos amargo para o Timão, que se livou da vitória graças à mão direita de Cássio, que desviou a batida rasteira do capitão tricolor (a bola ainda resvalou na trave). Foi a quarta penalidade consecutiva desperdiçada por Ceni (três no Brasileirão e uma na excursão que o clube fez por Europa e Ásia).
Nas arquibancadas, o clima de tensão foi dominante. Após a explosão de duas bombas, uma delas no setor destinado às organizadas do São Paulo, torcedores do Tricolor tentaram invadir setor destinado a corintianos e entraram em confronto com policiais militares.

Estacionado no meio da tabela de classificação, o Timão chegou aos 37 pontos, e segue cada vez mais longe de seu principal objetivo do segundo semestre: chegar ao G-4 e conquistar uma vaga na Taça Libertadores da América. Já o Tricolor, mesmo fora da zona de rebaixamento, continua ameaçado de degola: tem 34 pontos e está dois acima da linha vermelha.

O São Paulo volta a campo na próxima quarta-feira, às 21h (horário de Brasília), para enfrentar o Náutico, no estádio do Morumbi. No mesmo dia, às 21h50m, o Corinthians enfrenta o Grêmio em Porto Alegre.

Rogério Ceni pênalti jogo São Paulo e Corinthians (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com) 
Rogério Ceni em batida de pênalti contra o Timão: Cássio pegou
(Foto: Marcos Ribolli)
 
Tricolor domina, mas não marca
O primeiro tempo foi todo do São Paulo. O time teve bola e espaço para criar chances, mas errou o alvo em todas as tentativas: na pequena área, de longe, no jogo aéreo. O time de Muricy Ramalho foi claramente superior nos primeiros 45 minutos, mas não foi eficiente para concluir as jogadas. Foram nove finalizações, contra quatro do Alvinegro.

Figura mais exigida da etapa inicial, o goleiro Cássio começou a trabalhar logo aos sete minutos, quando Jadson recebeu passe de Maicon e chutou à direita do gol, animando a torcida são-paulina. Com espaços no meio-campo, os donos da casa acuavam o Corinthians e impediam o rival de sair para o jogo.

O Majetoso deixava claro porque Tricolor e Timão estão entre os piores ataques do Campeonato Brasileiro. A liberdade são-paulina pelo lado esquerdo do seu setor ofensivo, onde o lateral corintiano Alessandro não se encontrava, se refletia em sucessivos cruzamentos. Dentro da área do visitante, Ademilson e Aloísio jogavam fora todas as chance de balançar a rede.
A oportunidade mais clara, porém, foi com Maicon, aos 29 minutos: completamente livre diante de Cássio, na pequena área, ele não precisou nem sair do chão para completar assistência de Douglas. Ajeitou o corpo, apurou a mira, mas cabeceou para fora, indignando a torcida do São Paulo.

Atrapalhado no esquema com três volantes, o Corinthians se segurava, mas passava longe de incomodar Rogério Ceni. Dois lances resumiram o primeiro tempo do Timão no Morumbi: uma trombada de Emerson com Rodrigo Caio, na qual o atacante pediu pênalti, mas Wilson Luiz Seneme ignorou, e um chute de Romarinho à queima-roupa, defendido pelo capitão são-paulino.

Tensão, chances perdidas e novo empate

Cenas lamentáveis no intervalo do clássico. Duas bombas explodiram nas arquibancadas do Morumbi (uma delas no setor destinado às torcidas organizadas do São Paulo), e a Polícia Militar reagiu, enfrentando os tricolores. Algumas pessoas saíram feridas do confronto. Dentro de campo, o segundo tempo também começou quente, com jogadores mais nervosos e lances mais violentos.

Até mesmo o técnico Tite, normalmente equilibrado, chegou a encarar Rodrigo Caio após um bate-boca entre o zagueiro do São Paulo e o atacante Emerson. Tenso, o comandante alvinegro esperou apenas 12 minutos para fazer sua primeira alteração: sacou Danilo, único meio-campista de origem na equipe, para a entrada de Diego Macedo. A intenção era reforçar a marcação do lado direito da defesa.

Do outro lado, Muricy Ramalho via o São Paulo sob ritmo bem menos intenso do que no primeiro tempo. Fechado, o Corinthians evitava as articulações de Jadson e Maicon – principais responsáveis pelo ritmo do Tricolor na parte inicial da partida – e tentava a sorte nos contra-ataques. Com a entrada de Wellington no lugar de Aloísio, o ímpeto dos donos da casa diminuiu mais ainda.

Mais ousado, o Corinthians, enfim, partiu para o ataque, mas, assim como o rival, vacilou na hora de concluir. A chance mais clara esteve no pé direito de Emerson Sheik, aos 27 minutos. O atacante recebeu bom passe de Diego Macedo, superou a marcação e saiu cara a cara com Rogério Ceni. Mas a síndrome da falta de gols voltou a atacar, e a finalização saiu longe, à esquerda do gol são-paulino.

A prova definitiva de que não era dia de gol no Morumbi veio aos 43 minutos, quando Reinaldo recebeu dentro da área e sofreu pênalti de Diego Macedo. Rogério Ceni pegou a bola e bateu rasteiro, no canto direito de Cássio, que se esticou todo e, com a ponta dos dedos, mandou para escanteio . Um clássico zerado, com os rivais escancarando a péssima fase de seus ataques.

 
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