terça-feira, 16 de julho de 2013

Com 60% dos gols de bola aérea, Galo tem fórmula para vencer Olimpia

Principal arma do Atlético-MG na Libertadores é também o maior defeito da equipe paraguaia, que sofreu sete dos 11 gols em jogadas pelo alto

Por Thiago Quintella Rio de Janeiro
 
Sabe aquela máxima de que em time que está ganhando não se mexe? Pois é nisso que o Atlético-MG deve se basear para buscar o tão sonhado e inédito título da Libertadores da América. O modo como o Galo tem jogado e chegado aos gols ao longo da competição se encaixa perfeitamente com os maiores defeitos do Olimpia, adversário da decisão. No entanto, alguns detalhes não podem deixar de ser observados em uma análise tática e estatística entre as equipes.

Dos 27 gols marcados pelo Atlético-MG na Libertadores, 16 surgiram através de jogadas aéreas, o que significa 60% de todos os tentos da equipe. Essa estatística casa exatamente com a maior deficiência do Olimpia, que sofreu a maioria dos gols em bolas levantadas. O apoio de Marcos Rocha e Richarlyson será mais do que necessário para a construção das jogadas. O lateral-direito já é presença constante nos lances de ataque dos mineiros e pode se tornar peça importante para vencer a marcação dos laterais/alas paraguaios.

Desta forma, os laterais do Olimpia devem se resguardar na marcação. Afinal, o grande poderio dos times armados pelo técnico Cuca são as pontas de ataque. Sem Bernard, Luan assume o lado esquerdo ofensivo, enquanto Diego Tardelli cai pelo lado direito. O grande segredo para utilizar a velocidade desses jogadores está no setor central: o craque Ronaldinho Gaúcho. É pelos pés dele que sai boa parte das jogadas do Galo. Dos 27 gols marcados, 17 tiveram participação direta do meia, que costuma variar as jogadas pelas laterais com o lançamento direto para Jô fazer o papel de pivô.

Campinho_FINAL-LIBERTADORES2_2 (Foto: arte esporte)
Mais uma estatística que pesa a favor do Atlético é que, dos 14 gols sofridos pela equipe na Libertadores, apenas três foram de bolas aéreas, mostrando que o time também é forte defensivamente nesse quesito. Réver e Leonardo Silva são zagueiros altos e com bom posicionamento, dificultando a ação dos adversários. Isso pode minar uma das principais jogadas do Olimpia. Porém, Victor, herói do Galo até aqui, já demonstrou certa insegurança nos chutes de longa distância: foram dois gols de falta de longe e outros três sofridos através de rebotes do goleiro. Os poderosos chutes de fora de Salgueiro e Aranda devem ser evitados. As faltas próximas à área também são um cuidado que o time mineiro deve ter. Afinal, o zagueiro Miranda é um exímio cobrador e pode levar perigo.

O time do Olimpia, comandado por Ever Hugo Almeida, demonstrou um leque de opções táticas tanto ao longo da própria Libertadores quanto dentro das próprias partidas. De 4-4-2 ao 3-5-2, passando pelo provável 5-3-2, esquema mais sólido e consistente da equipe, que deve ser a tendência para a final contra o Atlético-MG. O treinador ainda tenta encontrar o melhor padrão após a saída do  volante Richard Ortiz, de 23 anos, que era capitão e um dos pilares do Olimpia, mas acertou transferência para o Toluca, do México, durante a pausa para a Copa das Confederações.

No lugar de Ortiz, a tendência é que Wilson Pittoni, que jogou até o ano passado no Brasil pelo Figueirense, assuma a vaga, a exemplo do que foi visto nos jogos contra o Santa Fe. O volante, com boa chegada no ataque, mantém o estilo de jogo do ex-capitão e já marcou dois gols pelo Decano nesta Libertadores - ambos contra o Deportivo Lara, na primeira fase. Completam o meio-campo o volante centralizado Eduardo Aranda, que, apesar de atuar mais fixo, vez ou outra surge próximo à área adversária e tem bom chute de longa distância. Na criação, a maior dúvida: o habilidoso Alejandro Silva deve assumir a vaga, mas não será surpresa se Matías Giménez seguir como titular.

Mais atrás, o goleiro Martín Silva é um dos pontos de segurança da equipe paraguaia. Reserva de Muslera na seleção do Uruguai, ele vive grande fase e passa segurança à sua defesa. A zaga é formada por três jogadores: Julio Manzur pela direita, Salustino Candia pela esquerda e Herminio Miranda, que atua como líbero, saindo para o jogo. Normalmente a defesa se dispõe em linha e encontra muita dificuldade para combater lançamentos frontais pelo alto. Certamente é o setor mais fraco da equipe. Dos 11 gols sofridos pelo Olimpia, sete foram através de cruzamentos ou bolas levantadas para a área, demonstrando uma grande falha neste quesito. Não foi raro ver os defensores "batendo cabeça". Vale lembrar que o gol do Fluminense - nas quartas de final - foi justamente através de um chutão para o alto, em que a defesa bateu cabeça, e Rhayner aproveitou para marcar (reveja no vídeo ao lado). Diante do Santa Fé, os paraguaios penaram com os cruzamentos dos colombianos.

A grande arma do Olimpia é o contra-ataque e, por ironia, a bola aérea ofensiva. Com Mazacotte pela direita e Nelson Benítez pela esquerda, os alas atuam com postura defensiva, completando a linha de cinco defensores. No entanto, quando o time tem a bola, não é raro vê-los chegando à intermediária de ataque para fazer cruzamentos. O ataque é o setor mais forte da equipe paraguaia. Fredy Bareiro é atacante oportunista e já marcou cinco gols na Libertadores, o mesmo número do craque do time: Juan Salgueiro. O uruguaio tem um cartel de possibilidades, sabe atuar como meia, sai muito da área para servir os companheiros, fazer tabelas, e também tem um bom chute de fora da área. Porém, ele volta de lesão e deve jogar no sacrifício.

Manuel Salgueiro Cavalieri gol Olimpia x Fluminense (Foto: AFP) 
Algoz do Fluminense, Salgueiro é o principal jogador do Olimpia na atual Libertadores (Foto: AFP)
 
Vale ficar de olho também na possível entrada de Ferreyra. O atacante costuma entrar no segundo tempo e é perigosíssimo na bola aérea. Com 1,91m, o argentino já marcou três vezes na Libertadores, todas de cabeça. No lado do Galo, o homem da segunda etapa deve ser Guilherme, que vem crescendo de produção e fez o segundo gol diante do Newell's Old Boys, na semifinal.
O que o Galo mais precisa se preocupar neste primeiro jogo é com a força dos paraguaios no Defensores del Chaco. O Olimpia marcou ao menos dois gols em seu estádio em todos os jogos desta Libertadores. Ao todo, foram 17 bolas na rede adversária em sete partidas sob seus domínios. Foram seis vitórias e apenas um empate, diante do Deportivo Lara, ainda na fase de grupos.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/libertadores/noticia/2013/07/com-60-dos-gols-de-bola-aerea-galo-tem-formula-para-vencer-olimpia.html

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