Discussão entre Seedorf e Antônio Carlos abriu caminho para o título

Oswaldo lembra que intervenção para encerrar troca de farpas entre o holandês e o zagueiro contra o Resende foi fundamental para o Glorioso

Por Guilherme van der Laars e Thales Soares Rio de Janeiro

Seedorf no simbólico jogo contra o Resende (Foto: Alexandre Cassiano / Ag. O Globo)

O dia 7 de fevereiro foi emblemático para o Botafogo tomar seu rumo na conquista do Campeonato Carioca. Naquela noite, no Engenhão, o time saiu de uma desvantagem de 2 a 0 para o Resende, reduziu ainda no primeiro tempo e virou o jogo no segundo para 4 a 2. Um acontecimento no vestiário fez o grupo reagir e se unir para encarar a sequência da competição. Na ida para o intervalo, Seedorf e Antônio Carlos discutiram asperamente. O holandês reclamou com o zagueiro, que retrucou dizendo: "Você pensa que está falando com quem? Eu não sou seu robô". A discussão cresceu e o técnico Oswaldo de Oliveira foi obrigado a intervir, exigindo que ambos reconhecessem seus erros.

O comandante confirmou a história e sua importância no crescimento do time. No entanto, recusou-se a confirmar os nomes dos jogadores, informação apurada pelo GLOBOESPORTE.COM.

- Foram muitos os momentos importantes, mas me lembro de um, quando perdíamos por 2 a 1 para o Resende e vi dois jogadores, que não vou dizer os nomes, discutindo. Tive que chutar o balde, e aquela situação constrangedora se converteu em um bálsamo, em um estímulo forte. Vimos pontos decisivos e aquela coisa não avançou. Cada um reviu a situação, seus pontos de razão e o trabalho seguiu - comentou Oswaldo.

O relacionamento do grupo se tornou um ponto forte do Alvinegro. O treinador precisou participar ativamente de momentos decisivos, como quando os jogadores decidiram não se concentrar mais em jogos no Rio por causa do atraso de salários. Nem isso foi capaz de perturbar o ambiente. Houve, inclusive, período de concentração em Pinheiral, mesmo sem a regularização do pagamento, que aconteceu segunda-feira, faltando apenas um mês de direitos de imagem.

Pessoas com desvio de conduta, que pensam mais no individual, não servem. Antes, você dava a bola para o Pelé e ele resolvia. Hoje, não é assim. Participar do coletivo deve ser levado em consideração, a capacidade técnica e de se relacionar. São predicados importantes"

Oswaldo de Oliveira

- É preciso ser cirúrgico, paciente, agressivo, contundente e calmo. O Botafogo passa por dificuldades como todo clube brasileiro. Claro que interfere e foi uma coisa que trabalhamos bastante, facilitado pelas pessoas que temos. O planejamento do clube caminha para um ponto em que não basta ser um grande jogador, mas homem de caráter. Pessoas com desvio de conduta, que pensam mais no individual, não servem. Antes, você dava a bola para o Pelé e ele resolvia. Hoje, não é assim. Participar do coletivo deve ser levado em consideração, a capacidade técnica e de se relacionar. São predicados importantes - comentou Oswaldo.

Exemplo de superação do grupo é o renascimento de Rafael Marques. O atacante sempre teve o apoio público dos companheiros, mesmo nos 20 jogos de jejum. Agora, herói do título, ele foi festejado intensamente com o canto entoado pela torcida em sua homenagem.

- Os jogadores brincaram muito. Cantaram a música da torcida no vestiário e depois ecoou no ônibus em nossa volta ao Rio. A todo momento, interrompiam as conversas e começavam com "Plunct, plact, zum, Rafael Marques vai fazer mais um" - contou o treinador.

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Reverenciado por Abel Braga, técnico do Fluminense derrotado na final da Taça Rio, de quem recebeu mensagens de agradecimento e congratulações, Oswaldo faz planos para o futuro. Ele acredita que seu time está pronto para chegar ao cume da montanha, mas ainda precisa vencer obstáculos ainda maiores na disputa do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil.

- Estamos sempre preocupados em enriquecer a máquina, observando momentos bons e ruins, adquirindo experiência. Temos algumas prioridades, mas precisamos dar continuidade com ânimo pelo que vem pela frente. Chegamos no meio da montanha, o ar mais rarefeito, uma competição mais dura. Estamos mais fortes do que no ano passado e já com uma trajetória - comentou o treinador.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/botafogo/noticia/2013/05/botafogo-entra-no-caminho-do-titulo-com-acerto-de-contas-no-vestiario.html