Hinchas dão show na final, abusam de pirotecnias e exibem repertório variado durante o jogo. No fim, provocam Tigres e comemoram apesar de ruas alagadas
Os minutos que antecederam o início da partida entre River e
Tigres, na final da Libertadores, foram de pirotecnia. Enquanto os jogadores
entravam em campo, fogos estalavam no céu, a fumaça cobria o gramado do
Monumental de Núñez, e a torcida argentina explodia em cânticos. Mas logo o
elemento mudou: foi a água que deu o tom da vitória por 3 a 0 dos Millonarios,
que conquistaram pela terceira vez a maior competição da América do Sul.
Mesmo com chuva, torcedor do River vai à
rua comemorar (Foto: EFE)
Bastou a bola rolar para que a chuva começasse. Ela chegou
tímida, mas logo aumentou de volume. Na falha organização da Conmebol, os
jornalistas tiveram dificuldades para trabalhar, tentando proteger seus
equipamentos da água que caía sem dó na tribuna. Nas arquibancadas, porém,
quanto mais chuva descia, mais os torcedores se sentiam à vontade.
Eles não pararam de cantar. Variaram na intensidade e na
empolgação, é verdade, mas apoiaram com fé. Pouquíssimas vezes foi possível
escutar o murmúrio coletivo de desaprovação – apenas em momentos em que os
jogadores realmente falhavam com a bola nos pés.
Torcida do River acende sinalizadores
durante o jogo (Foto: AFP)
Quando o Tigres teve sua primeira grande chance no primeiro
tempo, com Aquino, um ligeiro silêncio se fez. E aí, o estrondo foi maior: como
se comemorassem um gol, os torcedores gritaram ainda mais alto.
- O Monumental não influenciou. É normal. Motiva a equipe deles, mas não nos influenciou - garantiu o zagueiro Juninho.
-
Não pesou. Jamais. O bonito do futebol é isso. Todos que jogam futebol
querem momentos como esse - completou o atacante Rafael Sobis.
Torcedor do River apoia o time no
Monumental de Núñez (Foto: EFE)
Nem alagamento tira a alegria
A chuva não atrapalhou. Os hinchas rasgaram os balões que
usaram para fazer uma bela festa antes do jogo e usaram como protetores. Não
temiam a água. E, por coincidência, quando começaram a pedir ao River para “poner
huevos”, ter mais garra em campo, saiu o primeiro gol, com Alario, de cabeça.
A partir daí, foi só alegria. O Tigres pouco ameaçou. Os
gols seguidos de Sánchez e Funes Mori foram a deixa para a comemoração se
iniciar de vez. O repertório foi variado: desde provocações ao rival Boca
Juniors à música-tema desta conquista da Libertadores – aquela que diz que o
técnico Marcelo Gallardo os levará pela mão ao Japão.
Torcedor do River comemora título da
Libertadores (Foto: EFE)
Mas nem tudo foi elogiável. Na confusa evacuação do estádio,
muitos torcedores passavam pelo interior do Monumental de Núñez e encontravam a
zona mista do Tigres. Alguns se limitaram a provocar, lembrando o fato de os
mexicanos terem treinado no centro de treinamento do Boca Juniors. Alguns foram
mais além, falaram mais alto e despertaram a ira do volante argentino Pizarro,
que quase partiu para cima deles.
- Isso é normal. Argentino é assim mesmo. O importante é a
gente seguir em segurança para casa – minimizou Juninho.
Quando, enfim, deixavam o estádio, os torcedores se
deparavam com um temporal. Raios rasgavam os céus, e a água começava a se
acumular nas ruas. Algumas delas, próximas ao Monumental, ficaram alagadas. Era
como se toda aquela chuva viesse para lavar a alma dos torcedores, cujas
lágrimas pelo rebaixamento em 2011 devem ter tido o mesmo volume da alegria de
2015. Do estádio, a festa se estendeu ao Obelisco, tradicional ponto de comemoração das torcidas em Buenos Aires.
Torcedores do River festejam título da
Libertadores no Obelisco (Foto: EFE)
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