sábado, 18 de abril de 2015

O dia em que a lenda Bolt não me venceu nos 100m, mas conquistou

Eu, jornalista, fui convidada a estrear na pista de atletismo, representando o Eu Atleta. Apenas três semanas me separavam de garantir "novo" recorde


Por  
Rio de Janeiro

 

Evento Bolt Eu Atleta (Foto: Arquivo pessoal)
Simpático e brincalhão, Bolt entregou os 
troféus aosoito participantes do evento 
(Foto: Arquivo pessoal)


O convite chegou pouco mais de três semanas antes do desafio. No dia 18 de abril, oito pessoas, jornalistas e blogueiros, teriam a oportunidade única correr ao lado de Usain BoltUma proposta irrecusável até mesmo para aqueles que mal correm 5km: prazer, Luma Dantas.

Me encaixo no grupo de aspirantes a corredores. Há um ano, treino de uma a duas vezes por semana na esteira - nunca engrenei - e sequer participei de uma prova na vida. Confesso, inclusive, que já estava aceitando minha falta de talento e havia trocado a corrida por outros exercícios aeróbicos.

Convite aceito, hora de recuperar o tempo perdido. Com a ajuda do preparador físico que auxiliaria os jornalistas, montei uma planilha de treinos para os 21 dias seguintes. Primeira semana: fiquei doente. Uma virose adiou os planos de superar o Bolt nos 100m e ser mundialmente conhecida pelo feito.

Era ÓBVIO que eu não ganharia dele - embora, bem lá no fundo, a tal da esperança ficasse repetindo “e se?”. Provavelmente, ele não faria os 100m no seu melhor tempo, mas até o pior tempo do Bolt é muito mais rápido do que o meu melhor. E qual era o meu melhor tempo? Eu ainda não sabia, nunca tinha feito um treino de tiros.


Evento Bolt Eu Atleta (Foto: Arquivo pessoal)
Eu e minhas três "rivais" minutos antes de 
estrearmos em uma pista de atletismo 
(Foto: Arquivo pessoal)


Além disso, havia outros jornalistas, eu precisava honrar o nome do Eu Atleta (sou uma pessoa muito competitiva, devo revelar). Eu não podia ser a última! Com os treinos, comecei a perceber que eu tinha fôlego suficiente, mas me faltavam pernas - apenas um detalhe para a corrida.

Na academia, os professores não me deixavam esquecer: “olha o Bolt!”, “falta pouco!”, “está preparada?” Brincavam com a situação, mas também davam dicas para melhorar o meu desempenho. Precisava treinar forte, mas não podia adoecer ou me machucar. Eu me sentia como um jogador às vésperas da final do mundial de clubes (como se uma botafoguense pudesse saber o que é isso).

Os dias passaram bem mais rápido do que eu gostaria. Minutos antes do início - e fim - da minha breve carreira de atleta, descobri que o Bolt não correria com a gente. Conheci as "concorrentes" e testei meu talento para a largada. Definitivamente, eu seria a última.

Evento Bolt Eu Atleta (Foto: Arquivo pessoal)
A largada deixou a desejar 
(Foto: Arquivo pessoal)


Eu estava mais nervosa do que o Chris O'Donnell quando o Al Pacino arranca com a Ferrari em Perfume de Mulher. Dada a largada, demorei a sair da base. Foram os 100m mais longos da história. As pernas até contrbuíram, mas não consegui recuperar os segundos que me distanciavam das demais.

Como previsto - e não precisava ser a Susan Miller para adivinhar - fui a quarta colocada das três mulheres. Fiquei um pouco frustrada, confesso. Mas qual o peso de um quarto lugar diante da oportunidade de receber um troféu - cumprimentar, tirar 500 fotos e pedir autógrafo - das mãos da lenda do atletismo? Nenhum. 


Nenhum comentário: