Eu, jornalista, fui convidada a estrear na pista de atletismo, representando o Eu Atleta. Apenas três semanas me separavam de garantir "novo" recorde
Simpático e brincalhão, Bolt entregou os
troféus aosoito participantes do evento
(Foto: Arquivo pessoal)
Me encaixo no grupo de aspirantes a corredores. Há um ano, treino de uma a duas vezes por semana na esteira - nunca engrenei - e sequer participei de uma prova na vida. Confesso, inclusive, que já estava aceitando minha falta de talento e havia trocado a corrida por outros exercícios aeróbicos.
Convite aceito, hora de recuperar o tempo perdido. Com a ajuda do preparador físico que auxiliaria os jornalistas, montei uma planilha de treinos para os 21 dias seguintes. Primeira semana: fiquei doente. Uma virose adiou os planos de superar o Bolt nos 100m e ser mundialmente conhecida pelo feito.
Era ÓBVIO que eu não ganharia dele - embora, bem lá no fundo, a tal da esperança ficasse repetindo “e se?”. Provavelmente, ele não faria os 100m no seu melhor tempo, mas até o pior tempo do Bolt é muito mais rápido do que o meu melhor. E qual era o meu melhor tempo? Eu ainda não sabia, nunca tinha feito um treino de tiros.
Eu e minhas três "rivais" minutos antes de
estrearmos em uma pista de atletismo
(Foto: Arquivo pessoal)
Na academia, os professores não me deixavam esquecer: “olha o Bolt!”, “falta pouco!”, “está preparada?” Brincavam com a situação, mas também davam dicas para melhorar o meu desempenho. Precisava treinar forte, mas não podia adoecer ou me machucar. Eu me sentia como um jogador às vésperas da final do mundial de clubes (como se uma botafoguense pudesse saber o que é isso).
Os dias passaram bem mais rápido do que eu gostaria. Minutos antes do início - e fim - da minha breve carreira de atleta, descobri que o Bolt não correria com a gente. Conheci as "concorrentes" e testei meu talento para a largada. Definitivamente, eu seria a última.
A largada deixou a desejar
(Foto: Arquivo pessoal)
Como previsto - e não precisava ser a Susan Miller para adivinhar - fui a quarta colocada das três mulheres. Fiquei um pouco frustrada, confesso. Mas qual o peso de um quarto lugar diante da oportunidade de receber um troféu - cumprimentar, tirar 500 fotos e pedir autógrafo - das mãos da lenda do atletismo? Nenhum.
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