A CRÔNICA
por
Carlos Augusto Ferrari
Não há na história das Copas duas seleções que amem mais o sofrimento
que Itália e Uruguai. São décadas de resultados obtidos em batalhas
épicas, jogos que nunca parecem estar decididos. E foi assim, nesta
terça-feira, na Arena das Dunas, em Natal. Com um jogador a menos desde o
início do segundo tempo, a Itália lutou, Buffon fez milagres, mas o
Uruguai venceu por 1 a 0. Godín, a dez minutos do fim, venceu a grande
atuação do capitão italiano para classificar a Celeste às oitavas da
Copa do Mundo.
Não foi um jogo técnico, de lances maravilhosos. Ninguém também esperava isso de dois times conhecidos mais pela garra do que pela técnica. Balotelli decepcionou pela Azzurra e saiu no intervalo. A Itália chegou a ser melhor em alguns momentos, mas sentiu demais o cartão vermelho de Marchisio, após dar uma solada na canela de Arévalo Rios.
Empurrado pela torcida, maioria entre os 39.706 presentes, o Uruguai fez o de sempre, lutou pela bola foi incansável e, acredite, Suárez chegou a morder Chiellini em uma disputa de bola na área.
O gol veio logo depois, aos 35, com Godín desviando de cabeça. A Celeste, classificada na segunda colocação, espera o fim da rodada para conhecer o adversário, que virá do Grupo C do Mundial. A Costa Rica empatou diante da Inglaterra e assegurou o primeiro lugar da chave.
Defesas levam vantagem e Balotelli perdido
É quase uma regra em Copas do Mundo: uma “ola” só começa nas arquibancadas se o jogo é muito ruim ou se o resultado está garantido. Com apenas 24 minutos, italianos, brasileiros e alguns uruguaios já prestavam mais atenção na hora de levantar da cadeira do que no decisivo confronto. Foi um primeiro tempo fraco, de poucas jogadas de ataque e amarrado. Nada menos que 24 faltas cometidas, número elevado para um Mundial.
Se é possível escolher um lado que conseguiu certa vantagem, foi o da
Itália. Cesare Prandelli prometeu que não colocaria em campo um time
defensivo para empatar e cumpriu. A pequena superioridade aconteceu pela
melhor atuação dos meio-campistas. Pirlo foi bem marcado por Cavani,
mas o garoto Verratti, que substituiu De Rossi, apareceu com qualidade
na saída de bola e na marcação.
A Azzurra só não teve qualidade para atacar. Balotelli conseguiu ser pior do que contra a Costa Rica. Mais recuado pela presença de Immobile, cansou de trombar nos adversários e nada produzir. Ainda levou um cartão amarelo e poderia ter sido expulso ao desviar uma bola com a mão. O lance mais perigoso surgiu em uma cobrança de falta. Pirlo, claro, bateu com efeito. Muslera jogou para escanteio.
O Uruguai foi cauteloso até demais para quem precisava vencer. É verdade que Cavani se sacrificou novamente para marcar, mas foi displicente no ataque, quase desinteressado. Sobrou para Suárez correr e esbarrar na muralha formada por Barzagli, Bonucci e Chiellini. Quando fugiu dela, encontrou outra parede, Buffon, que pegou chutes seguidos dele e de Lodeiro.
Drama, expulsão e mordida no segundo tempo
O baixo rendimento dos times no primeiro tempo fez os treinadores mudarem. Prandelli trocou Balotelli por Parolo. Tabárez sacou Lodeiro para colocar Maxi Pereira. Funcionou? Bem pouco, mas capaz de tirar o Uruguai do marasmo, mesmo que fosse para reclamar. Cavani e Bonucci se enrolaram na área, com o italiano fazendo uma alavanca sobre o rival. Lance duvidoso, polêmico e ignorado pelo árbitro Marco Rodriguez, do México.
A bronca contra o juiz parece ter despertado a Celeste do sono
profundo. Logo em seguida, Cristian Rodríguez recebeu linda bola de
Suárez na esquerda, mas, de frente para Buffon, chutou torto. A animação
sul-americana cresceu ainda mais na sequência. Marchisio cravou a
chuteira na canela direita de Arévalo Rios e foi expulso sem mesmo ter
recebido cartão amarelo.
A Itália, como esperado, se fechou toda na defesa num 5-3-1, deixando só Immobile avançado, e esperando a pressão adversária. O Uruguai se lançou ao ataque. Tabárez tirou Alvaro Pereira para a entrada de mais um jogador de frente, Stuani. O gol só não saiu graças a Buffon. Suárez teve aquelas chances cara a cara que cansou de marcar no Liverpool. Mas, desta vez, encontrou a mão direita do capitão da Azzurra. Um milagre!
Parecia improvável resistir. A vontade de vencer chegou ao limite quando Suárez mordeu o ombro de Chiellini na área, mas a arbitragem não viu. Nem Buffon seria capaz de suportar a “blitz”. Pelo alto, veio o gol, aos 35 minutos. Godín subiu mais que todos os defensores rivais, desviou no canto esquerdo do goleiro e colocou o Uruguai em vantagem.
A Itália ainda tentou responder no fim, mas não tinha pernas, não tinha time para buscar a vaga que deixou escorrer pelas mãos. Até Buffon foi para a área celeste em busca do gol, mas não conseguiram. O fantasma da Copa de 50 ainda está vivo no Brasil.
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Não foi um jogo técnico, de lances maravilhosos. Ninguém também esperava isso de dois times conhecidos mais pela garra do que pela técnica. Balotelli decepcionou pela Azzurra e saiu no intervalo. A Itália chegou a ser melhor em alguns momentos, mas sentiu demais o cartão vermelho de Marchisio, após dar uma solada na canela de Arévalo Rios.
Empurrado pela torcida, maioria entre os 39.706 presentes, o Uruguai fez o de sempre, lutou pela bola foi incansável e, acredite, Suárez chegou a morder Chiellini em uma disputa de bola na área.
O gol veio logo depois, aos 35, com Godín desviando de cabeça. A Celeste, classificada na segunda colocação, espera o fim da rodada para conhecer o adversário, que virá do Grupo C do Mundial. A Costa Rica empatou diante da Inglaterra e assegurou o primeiro lugar da chave.
Godín comemora o gol de cabeça que valeu a
vaga nas oitavas para a Celeste Olímpica
(Foto: Getty Images)
É quase uma regra em Copas do Mundo: uma “ola” só começa nas arquibancadas se o jogo é muito ruim ou se o resultado está garantido. Com apenas 24 minutos, italianos, brasileiros e alguns uruguaios já prestavam mais atenção na hora de levantar da cadeira do que no decisivo confronto. Foi um primeiro tempo fraco, de poucas jogadas de ataque e amarrado. Nada menos que 24 faltas cometidas, número elevado para um Mundial.
Balotelli leva cartão amarelo
(Foto: Getty Images)
A Azzurra só não teve qualidade para atacar. Balotelli conseguiu ser pior do que contra a Costa Rica. Mais recuado pela presença de Immobile, cansou de trombar nos adversários e nada produzir. Ainda levou um cartão amarelo e poderia ter sido expulso ao desviar uma bola com a mão. O lance mais perigoso surgiu em uma cobrança de falta. Pirlo, claro, bateu com efeito. Muslera jogou para escanteio.
O Uruguai foi cauteloso até demais para quem precisava vencer. É verdade que Cavani se sacrificou novamente para marcar, mas foi displicente no ataque, quase desinteressado. Sobrou para Suárez correr e esbarrar na muralha formada por Barzagli, Bonucci e Chiellini. Quando fugiu dela, encontrou outra parede, Buffon, que pegou chutes seguidos dele e de Lodeiro.
Disputas duras como a de Alvaro Pereira e
Immobile marcam os primeiros 45 minutos
(Foto: Reuters)
O baixo rendimento dos times no primeiro tempo fez os treinadores mudarem. Prandelli trocou Balotelli por Parolo. Tabárez sacou Lodeiro para colocar Maxi Pereira. Funcionou? Bem pouco, mas capaz de tirar o Uruguai do marasmo, mesmo que fosse para reclamar. Cavani e Bonucci se enrolaram na área, com o italiano fazendo uma alavanca sobre o rival. Lance duvidoso, polêmico e ignorado pelo árbitro Marco Rodriguez, do México.
Marchisio vai para o chuveiro mais cedo por
contada entrada forte em Arévalo Rios
(Foto: Reuters)
A Itália, como esperado, se fechou toda na defesa num 5-3-1, deixando só Immobile avançado, e esperando a pressão adversária. O Uruguai se lançou ao ataque. Tabárez tirou Alvaro Pereira para a entrada de mais um jogador de frente, Stuani. O gol só não saiu graças a Buffon. Suárez teve aquelas chances cara a cara que cansou de marcar no Liverpool. Mas, desta vez, encontrou a mão direita do capitão da Azzurra. Um milagre!
Parecia improvável resistir. A vontade de vencer chegou ao limite quando Suárez mordeu o ombro de Chiellini na área, mas a arbitragem não viu. Nem Buffon seria capaz de suportar a “blitz”. Pelo alto, veio o gol, aos 35 minutos. Godín subiu mais que todos os defensores rivais, desviou no canto esquerdo do goleiro e colocou o Uruguai em vantagem.
A Itália ainda tentou responder no fim, mas não tinha pernas, não tinha time para buscar a vaga que deixou escorrer pelas mãos. Até Buffon foi para a área celeste em busca do gol, mas não conseguiram. O fantasma da Copa de 50 ainda está vivo no Brasil.
Torcida celeste e jogadores em êxtase após o
gol que decidiu o duelo e eliminou a Itália
(Foto: Reuters)
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