A CRÔNICA
por
Jorge Natan
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O futebol da Argélia tirou um peso das costas no Beira-Rio. A equipe africana encerrou neste domingo um jejum de 32 anos sem vitórias em Copas do Mundo, admitido como obsessão, ao superar a Coreia do Sul por 4 a 2, no Beira-Rio. Slimani, Halliche, Djabou e Brahimi foram os heróis de sua seleção, que havia triunfado pela última vez na edição de 1982, sobre o Chile. De lá para cá, foram sete jogos, com três empates e quatro derrotas. Também foi a primeira vez que um time da África marcou quatro gols em um só jogo na história do torneio. Son Heung Min e Koo Ja Cheol descontaram para os coreanos.
Com uma de suas tarefas no Mundial cumprida, agora a Argélia sonha com a inédita classificação para as oitavas de final. Para que isso se concretize, um empate diante da Rússia pode ser o suficiente, uma vez que os argelinos têm três gols de diferença no saldo para os coreanos, que pegam a líder e já classificada Bélgica. Argélia e Rússia se enfrentam na Arena da Baixada, em Curitiba, enquanto Coreia do Sul e Bélgica jogam na Arena Corinthians, em São Paulo. As duas partidas serão realizadas na próxima quinta-feira, às 17h (de Brasília).
Djabou vibra: Argélia vence novamente após
32 anos de jejum em Copas do Mundo (Foto:
Reuters)
Com cinco alterações com relação à equipe derrotada pela Bélgica na estreia, a Argélia parecia estar concentrada ao ponto de deixar de lado as divergências entre jogadores e técnico. O abraço entre todos do elenco, titulares e reservas, à beira do campo instantes antes do apito inicial mostrou isso, assim como a postura muito agressiva no ataque nos primeiros minutos, quando logo apareceu uma boa chance de marcar com Brahimi, em lance no qual os africanos pediram pênalti em Feghouli. Aparentemente, a queda de braço foi vencida pelo elenco, que queria uma postura mais ofensiva em campo.
A Coreia, que a princípio ficou recuada diante da pressão adversária, passou a se soltar nos contra-ataques em que a defesa argelina demorava a se recompor, embora nenhuma chance perigosa tenha sido criada para os asiáticos na primeira metade do tempo inicial. A grande oportunidade novamente veio dos pés argelinos, quando Feghouli deu lindo passe para Slimani bater para fora, aos 25. Um minuto depois, o atacante do Porto não desperdiçou: aproveitou outro bom lançamento de Medjani e tocou na saída de Jung Sung Ryong.
Empolgada com a força da torcida, a Argélia foi para cima de vez. Novo ataque, nova chance perigosa, com Slimani batendo para fora, com desvio. No escanteio, Djabou cobrou, e Halliche testou para as redes: 2 a 0, aos 27 minutos. A torcida argelina, que já era mais barulhenta que a coreana no Beira-Rio, explodiu de vez e cantou sem parar. E os africanos precisaram de mais 10 minutos para se colocarem em zona de conforto quase definitiva: após chutão na zaga, Slimani recebeu na área, dominou e tirou o zagueiro, tocando para Djabou, que vinha sozinho e tocou na saída do goleiro. Pela terceira vez, delírio nas arquibancadas e abraços entre titulares e reservas à beira do campo, com o técnico Vahid Halilhodzic apenas observando.
Zagueirão Halliche vibra com seu gol de cabeça,
que aumentou a vantagem argelina
(Foto: Reuters)
Ao irem para os vestiários no intervalo, os coreanos eram a visão do abatimento, principalmente pela falta de poder ofensivo: no primeiro tempo, foram 12 chutes argelinos contra nenhum dos asiáticos. Porém, os 15 minutos de pausa mudaram o time. Apesar de ter retornado a campo sem nenhuma substituição, os coreanos tiveram outra postura. Logo na primeira finalização, aos seis, descontaram: Son Heung Min, o "Neymar sul-coreano", foi lançado na área, dominou com as costas, sem querer, e chutou na saída de M'Bolhi.
Coreanos veem festa de Brahimi
(Foto: Reuters)
A Coreia do Sul, apesar da grande diferença no placar, se acendeu novamente. Após mais um momento de pressão, o time asiático conseguiu descontar aos 27. Depois de lançamento na área, a bola foi mal afastada pela zaga, e Lee Keun Ho tocou para Koo Ja Cheol apenas escorar para o fundo das redes. O sexto gol do jogo também foi o 14º no Beira-Rio na Copa do Mundo e despertou o sentimento de orgulho gaúcho nas arquibancadas, que receberam 42.732 pessoas neste domingo. Em momento mais quieto de argelinos e coreanos, o hino do Rio Grande do Sul foi cantado a plenos pulmões, seguido do grito "Ah, eu sou gaúcho!".
Son Heung Min lamenta a derrota que
complicou a vida da Coreia do Sul no
Grupo H (Foto: Reuters)
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