terça-feira, 29 de abril de 2014

Com bananas, Aidar chama Nobre de "juvenil" e quer Kardec nesta terça

Presidente do São Paulo ironiza dirigente palmeirense: "O choro é livre"


Por São Paulo

 
Com vários cachos de bananas na mesa, numa alusão à campanha contra o racismo no futebol, o novo presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, concedeu uma entrevista coletiva nesta terça-feira de manhã, no Morumbi, para rebater as declarações do colega palmeirense, Paulo Nobre, que classificou como "antiética" a postura do Tricolor nas negociações com Alan Kardec. O são-paulino classificou as declarações do dirigente alviverde como "pueris, juvenis".

– A manifestação do presidente Paulo Nobre chega a ser patética. Demonstra, infelizmente, o atual tamanho da Sociedade Esportiva Palmeiras, que, ano após ano, se apequena com manifestações dessa natureza. O São Paulo perdeu vários atletas, como o Dagoberto para o Internacional, o Cafu e o Antônio Carlos através do Brunoro, nos anos 90, que os tirou fazendo ponte com o Juventude, e nem por isso ficou chorando pelos cantos. Faz parte do jogo. Como se diz nas arquibancadas, o choro é livre – disse o presidente do São Paulo.

A manifestação do presidente Paulo Nobre chega a ser patética. Demonstra, infelizmente, o atual tamanho da Sociedade Esportiva Palmeiras, que, ano após ano, se apequena com manifestações dessa natureza 
Carlos Miguel Aidar, presidente do São Paulo

 Aidar, 67 anos, um dos fundadores do Clube dos 13 na década de 80, diz que mal conhece Paulo Nobre, 46, e que assumiu o Palmeiras no ano passado.
– Não conheço o Paulo Nobre, eu o vi pela primeira vez na festa de encerramento do Paulistão. Eu dei a mão a ele e disse "muito prazer, sou fulano de tal". Certamente vamos estabelecer contato ao período da nossa gestão. De lá pra cá, não tive contato com ele. Sei que outros clubes tentaram, e sei porque vocês (jornalistas) disseram. O fato é que o São Paulo foi mais rápido. Se perder um atleta para o rival, a relação fica, os clubes são muito maiores, isso não devera interferir. Se interferir, paciência, não tem o que fazer. Não devemos ter esse tipo de preocupação. O Ataíde (Gil Guerreiro, novo vice-presidente de futebol do São Paulo) é executivo do Clube dos 13 e estabeleceu relações estreitas com dirigentes, os conhece muito mais do que eu. Eu estou chegando agora, não acredito que (a relação com outros clubes) vá estremecer.

Esse negócio de tirar um jogador de um clube é comum, vai acontecer com o São Paulo como aconteceu várias vezes. Como o Palmeiras demorou muito, tem a necessidade de se justificar para torcida 
Ataíde Gil Guerreiro, vice do São Paulo

Ataíde Gil Guerreiro, que acompanhava ao lado a coletiva do presidente, emendou:
– Tenho dois amigos lá no Palmeiras, o Belluzzo e o Cipullo (N. do R: ambos deixaram a administração há quatro anos). Existe um relacionamento muito bom e eu pretendo que continue. Esse negócio de tirar um jogador de um clube é comum, vai acontecer com o São Paulo como aconteceu várias vezes. 
Como o Palmeiras demorou muito, tem a necessidade de se justificar para torcida. Sobre contrato de produtividade, não pretendemos mexer com produtividade, vamos continuar na forma usual, mas é um caso para ser analisado, até pode ser interessante, mas ainda não pensamos em fazer isso – disse Ataíde.

Mais palmeirenses vêm aí?
Aidar negou ainda que esteja de olho nas contratações de outros dois palmeirenses - o goleiro Fernando Prass e o volante Wesley -, mas ao falar sobre o acerto com Kardec, cometeu o que chamou de "ato falho" ao se referir à "negociação com Wesley".

– Mas essa é uma boa ideia, a gente pode pensar nisso. Sobre contratações, o Ataíde é quem decide, junto com o Muricy, e a gente tenta cumprir o desejo do treinador – disse Aidar.

– O Wesley tem contrato com o Palmeiras, e tem que ser respeitado. É um grande atleta, como o Prass também, mas não tem nada. O Muricy pediu alguns jogadores, e não mencionou o nome do Wesley. Estamos com o meio de campo muito fortalecido. Precisamos reforçar um pouco mais a defesa. Já o ataque está exageradamente composto – emendou.

Confira abaixo mais alguns tópicos da coletiva do presidente e do vice do Tricolor:

São Paulo agiu sem ética?
– A lei permite que você procure seis meses antes e assine contrato de trabalho, que é algo muito maior do que começar uma negociação. Se isso é possível, não entendo que haja falta de ética. Você precisa proteger seu patrimônio, e na medida que não consegue segurar esse patrimônio não pode se queixar que ele mude para um lugar. Antiético é subornar alguém. Se oferece propina para alguém, você está sendo antiético, mais do que isso está sendo criminoso. O limite da ética é subjetivo, mas o conceito de ética, que vem da Grécia antiga, é imutável. O São Paulo nunca deixou de ser ético – disse Aidar.

É esse seu cartão de visita para os outros clubes?
– Não tinha pensado nisso. A Série A é mais difícil do que a Série B, é mais competitiva, a concorrência é maior. Você tem de ficar mais atento a tudo o que acontece ao seu redor, ter uma equipe boa. É difícil disputar a Série A. Pode ser um cartão de visita da gestão, logo na primeira semana poder anunciar uma contratação dessa. Outros serão anunciados este ano – disse Aidar.

Imagem do São Paulo fica arranhada?
– O São Paulo soube usar muito bem os aspectos referentes à formação de atletas, negociação de contrato, prazo contratual. Não é uma imagem boa, essa de que o São Paulo é "atravessador, traidor", mas o que o São Paulo faz é usar a lei que está aí. Nós já tivemos atletas tirados dos nossos seios também, atletas da base, sem citar nomes. Hoje ainda temos isso, atletas que estão saindo da base. Agora eu não vou chorar, vou tentar segurar. Isso faz parte do jogo. O São Paulo tem uma imagem de clube muito bem organizado e isso causa um certo ciúme entre os coirmãos. O São Paulo criou essa imagem de "soberano", até com o departamento de marketing, e vamos colocar a coroa no rei na hora em que cobrirmos este estádio – disse Aidar.

Ligação com a CBF
– Quando fui contratado em dezembro pela CBF, deixei claro que defenderia o Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Deixei claro ao Marin que aceitaria o cargo de defender, me senti em condições, eu acreditava na tese de que torcedor não tem legitimidade, nem o Ministério Público tem para discutir isso (o caso Héverton, que causou o rebaixamento da Portuguesa). A prova é que vencemos todas. Não sinto nenhum conflito nesse sentido. E se fosse algum beneficio (para o São Paulo o fato de eu) ser advogado da CBF, a CBF não teria recusado o pedido de inversão de campo com o Corinthians. O fato inegável é que não há como evitar que um advogado trabalhe como advogado.

A situação contratual de Alan Kardec
– Ele ainda não é atleta do São Paulo, mas vai ser. Quero que fique bem claro que a primeira proposta para o atleta foi feita ontem, por intermédio de Marcos Casseb, agente de futebol. O Palmeiras tinha uma opção, não escrita, mas verbal, de 4 milhões de euros. Fizemos uma de 4,5 para ser maior que a do Palmeiras, e o Benfica aceitou. O Palmeiras equiparou, mas não se acertou com o atleta, e o desgaste da relação do atleta com o Palmeiras foi o que o levou a não querer jogar mais com o Palmeiras. Estamos comprometendo 4,5 milhões de euros, o pagamento está sendo feito à vista, mas também vamos vender atletas, temos um elenco muito grande. As finanças do São Paulo não são confortáveis, mas são absolutamente administráveis – disse Aidar.

Chegada de Kardec significa saída de Luis Fabiano?
– Sou fã incondicional do Luis Fabiano, não passa pela minha cabeça negociá-lo. Por ser um atleta que sempre lutou muito, já teve alguns problemas físicos, e o calendário brasileiro maltrata o jogador, prejudica o desempenho do atleta quando chega ele chega a uma idade. O que a gente quer: ou encontrar um lugar para o Kardec sem prejudicar o Luis Fabiano - e o Kardec já jogou com o Borges no Santos, e também no meio, na posição do Ganso -, ou jogar no lugar do Luis, para ele descansar em alguns jogos – disse Ataíde Gil Guerreiro.


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/sao-paulo/noticia/2014/04/com-bananas-aidar-chama-nobre-de-juvenil-e-quer-kardec-nesta-terca.html

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