sochi 2014
Pilota brasileira do bobsled já sofrera susto sério em 2011 e sua superação rendeu o apelido do super-herói. Hoje, se emociona ao comentar a vida dedicada ao esporte
Há três anos, Fabiana guiava o trenó do Brasil em uma competição em Winterberg, na Alemanha, quando virou, perdeu o capacete e foi arrastada no gelo por alguns segundos. Por mais que a cena seja chocante, ela não consegue se lembrar de nada. A memória preferiu poupar a brasileira de qualquer trauma ou medo. Apesar de ter queimado o rosto e machucado o nariz, a pilota teve uma recuperação inesperada que rendeu, inclusive, o apelido de um herói.
Fabiana Santos: dois acidentes na pista de
bobsled e recuperação de Wolverine (Foto: Editoria de Arte)
- Eu passei por uma avaliação e fiquei sabendo que talvez precisaria de cirurgia para recuperar o rosto. Mas não precisei fazer absolutamente nada. Inclusive, o médico que me atendeu disse que avisaria para o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) me chamar de Wolverine. Pelo poder de regeneração. Impressionou todo mundo. Não tenho nada no meu rosto - diz a atleta.
Fabiana Santos em ação no levantamento de peso Pan 2007, disputado no Rio (Foto: AFP)
- Eu tenho 30 anos de idade, e as pessoas olham e pensam: ''Ela não tem nada''. Mas não concordo de forma alguma. Eu fui para o Pan do Rio e estou nos Jogos Olímpicos de Inverno. Todos os objetivos e metas eram no esporte - comentou.
Fabi e sua parceira Sally Mayara são as primeiras representantes femininas do Brasil no trenó do gelo em Olimpíadas. A classificação histórica foi dedicada pela atleta aos familiares. Ao lembrar o clima de desconfiança e insegurança que teve de enfrentar para perseguir o sonho, a pilota se emociona e fala sobre a vida pouco estável que ainda leva.
- Dedico tudo para minha família. De certa forma, acho que fui criticada pelos meus parentes também. No Brasil, eu tenho uma vida meio instável. Pelo fato de ter sempre olhado para o esporte, alguns achavam que eu esquecia um pouco da minha vida. Mas a minha vida é isso aqui.
Eu sei o que quero. Peço a todos que respeitem os atletas. As minhas conquistas eu não troco por nada. A partir deste momento, o bobsled está mostrando condições de crescer, evoluindo condições que temos de crescer. Temos um grupo fechado, atletas de excelente nível e vamos cada vez conquistar espaço.
A dupla brasileira durante os treinamentos dos
Jogos Olímpicos de Sochi (Foto: AP)
- Bosbled é radical. Ela teve um acidente acima do normal porque o capacete acabou saindo. Nosso medo, na época, era a preocupação com a parte psicológica. Levamos para o Canadá e vimos a Fabiana se superar como atleta porque queria muito disputar os Jogos Olímpicos - analisou Cristiano.
Por mais que Sochi 2014 seja um sonho realizado, Fabi ainda vislumbra outro desejo. Depois da Rússia, quer dedicar parte do seu tempo para buscar uma vaga nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, no levantamento de peso.
- Queria muito alcançar isso. Disputar Jogos de Inverno e de Verão seria um sonho.
Susto em Sochi
- Dentro do esporte a gente busca velocidade. E só vai ganhar velocidade o atleta que tem essa coragem de arriscar. Se você ficar fazendo uma linha conservadora, uma linha que te mantém seguro todo o tempo, você não vai ganhar velocidade. Então você tem que abusar da curva, tentar usar a pressão a seu favor. Isso que faz a diferença de um atleta que tem coragem de arriscar para um atleta que apenas quer fazer uma descida segura e completa. Nós somos atletas olímpicas, somos competitivas e a gente quer ganhar velocidade. Quer fazer a descida em menos tempo, cada vez mais rápido. Ganha aquele atleta que é um pouco mais abusado. Ou você mantém no arroz e feijão e faz a linha só para completar - explicou Fabiana, horas depois do acidente.
Fabiana e Sally fazem a estreia em Sochi neste terça-feira, quando serão realizadas as duas primeiras baterias femininas dos Jogos Olímpicos, a partir das 12h15m (de Brasília). O SporTV.com acompanha as disputas em Tempo Real. O SporTV e a TV Globo transmitem algumas provas ao vivo.
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