Mabide e Guehi são os herdeiros das peças, em uma das cenas mais marcantes do torneio: 'Vou poder dizer aos meus filhos que joguei com ele', afirma Mabide
Vivien Mabide tem 25 anos. É meio-campista. Nasceu na República Centro-Africana, onde seus pais são refugiados, consequência de uma guerra civil. Joga em um clube que ajudou a colocar na final do Mundial de Clubes. Mesmo reserva, fez um gol contra o Atlético, o último da vitória de 3 a 1. Quando fala de Ronaldinho Gaúcho, afirma o seguinte:
Mabide e Guehi exibem orgulhosos os 'troféus' ganhos
após a histórica vitória do Raja sobre o Galo
(Foto: Alexandre Lozett)
- Vou poder dizer a meus filhos que um dia eu joguei com ele.
Kouko Guehi tem 30 anos. Também é meio-campista. Nasceu na Costa do Marfim, seleção que espera representar na Copa do Mundo do ano que vem, no Brasil. É outro que ajudou a equipe marroquina a ir à final do Mundial de 2013 – fez gol contra o Monterrey e jogou o tempo todo contra o Atlético. Quando fala da chance que teve de dividir um campo com Ronaldinho Gaúcho, afirma o seguinte:
- É um presente que veio do céu.
A reportagem do GloboEsporte.com foi nesta quinta-feira ao quarto onde ficam os jogadores responsáveis pela cena mais emblemática do Mundial de Clubes de 2013. Enquanto aguardam a decisão do torneio e alimentam o sonho do título, Mabide e Guehi guardam com carinho as peças que ganharam de seu maior ídolo. E as dividem em uma enorme prova de amizade.
Cada um deles ficou com uma das chuteiras de Ronaldinho. Em vez de usá-las, pretendem colocá-las num quadro. A camisa quem ganhou foi Mabide. Mas não a pediu ao brasileiro para ficar com ela: queria era dar de presente a Guehi. Ele o chama de irmão.
Mabide desdenhara do talento do ídolo, mas exaltou R10 após o duelo (Foto: Alexandre Lozett)
Mabide foi o vencedor. Ronaldinho deixou sua marca, em golaço de falta, e não foi o maior dos culpados pela derrota atleticana. Mas a noite foi de Mabide. Mandado a campo no segundo tempo, ele fez o terceiro gol do Raja na vitória de 3 a 1. Dedicou a façanha a seu país, sua família e seus amigos, em situação difícil na República Centro-Africana. E se abraçou no ídolo.
- Eu o saudei, agradeci a ele por tudo, falei que era um prazer jogar com ele. Sempre sonhei com isso. Pedi a ele se poderia me dar sua camisa, e ele disse que faria isso com prazer. Também pedi as chuteiras para dividir com meu irmão, Kokou, e ele aceitou. Estamos muito felizes de ter essa lembrança – comentou Mabide, que vem sendo procurado no Facebook por dezenas de brasileiros desde a vitória sobre o Galo.
Guehi tem duas alegrias ao mesmo tempo: o gesto de carinho do amigo, que deu a ele a camisa e uma das chuteiras de Ronaldinho, e as peças para guardar pelo resto da vida. Ele se derrete pelo brasileiro.
- Vou colocar num quadro, em um vidro, e deixar em casa. Para mim, é o melhor jogador do mundo. É um grande, grande, grande jogador. Eu o via quando era criança. Hoje, posso dizer que joguei com ele. Eu disse a ele que passei minha vida o vendo jogar. Disse a ele que é o melhor jogador que conheci.
Os dois jogadores resumem a enorme adoração a Ronaldinho na África. O continente (Marrocos em especial) recebe enorme influência da Espanha no futebol. O que o craque fez pelo Barcelona não sai da cabeça dos torcedores. E dos colegas de profissão dele.
Por um sonho maior
Mabide, Guehi e seus colegas de Raja Casablanca vivem momentos de fantasia. São três vitórias consecutivas no Mundial, sobre Auckland, Monterrey e Atlético, que culminaram com a classificação para a decisão do torneio. A missão final é contra o Bayern de Munique. E eles se permitem sonhar. Acham que podem ser campeões do mundo.
Vivien Mabide fez o terceiro gol e decretou a eliminação do
Atlético Mineiro no Marrocos (Foto: Alexandre Lozett)
O que os alimenta é especialmente a façanha contra o Galo. Mas eles imaginam que a final será mais difícil do que o jogo das semifinais.
- Será muito difícil contra o Bayern. É uma grande equipe, que vai nos causar muitos problemas. Mas é futebol. Vamos enfrentar alguns dos melhores do mundo, deve ser mais difícil para nós, mas só nos resta tentar – disse Mabide.
- Nessa competição, não podíamos esperar enfrentar Ronaldinho e ir à final. É um grande privilégio e uma grande surpresa. Agora, vamos buscar ainda mais – completou Guehi.
O Raja Casablanca enfrenta o Bayern de Munique na final do Mundial de Clubes às 17h30m (de Brasília) desta terça-feira. Antes, a partir de 14h30m, o Atlético decide o terceiro lugar com o Guanghzou Evergrande, da China.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/mundial-de-clubes/noticia/2013/12/trofeu-no-quarto-jogadores-do-raja-guardam-camisa-e-chuteiras-de-r10.html
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