Julgamento no STJD na segunda-feira, que definiu rebaixamento da Portuguesa e salvou o Fluminense, tem momentos de destaque
Por GloboEsporte.com
Rio de Janeiro
Torcedor do Fluminense comemora resultado no
STJD (Foto: Marcos de Paula / Agência Estado)
O Pacotão da 38ª rodada parecia ter sido o último emaranhado de lances
do Campeonato Brasileiro de 2013. Parecia. Nesta segunda-feira, no STJD,
Portuguesa e Flamengo foram julgados por escalações irregulares de
jogadores e criaram as emoções finais da competição. Os resultados
definiram uma mudança entre os rebaixados para a Série B de 2014:
punida, a Lusa perdeu quatro pontos e ficou atrás do Fluminense, que
ficou a salvo do descenso. O Rubro-Negro também teve quatro pontos
subtraídos, mas se salvou, com ares dramáticos, na 16ª posição. Mesmo
que disputada no tribunal de Justiça, essa espécie de 39ª rodada
protagonizou momentos que, reunidos, somam um pacote de selos dignos de
cada uma das outras 38 rodadas da competição.
O advogado Mário Bittencourt se destacou na defesa do Fluminense e,
mesmo sendo apenas parte interessada no processo, ajudou a convencer o
júri para sacramentar a perda dos pontos da Portuguesa. Já João
Zanforlim, responsável por defender a Lusa, foi o ator do tribunal. Fez
um discurso emocionado, apelando para frases de efeito para tentar
convencer os auditores. Como um atacante que se joga na área e o juiz
não marca, a estratégia não surtiu efeito. Só não teve cartão amarelo.
MÁRIO BITTENCOURT - O advogado de defesa do Fluminense
deu sua contribuição para a derrota da Portuguesa nos tribunais. Em seu
discurso, alternou momentos de ataque, como quando disse: "O mundo sabe
que um atleta punido na sexta-feira por esse tribunal não pode jogar no
sábado (...) Meu Deus! O regulamento afirma que controle de cartões é
de exclusiva responsabilidade dos clubes disputantes". Porém, foi mesmo
ao defender o Flu que ele conseguiu momentos de Diego Cavalieri: "Vamos
atacar o Fluminense, que a gente livra a Lusa. Coação.
Estão tentando
que esse tribunal decida com o fígado. Eu não podia deixar de expor a
parte técnica, mas também tinha que colocar os 'pingos nos is' (...)
Tenho certeza que essa casa decide com a razão e não com a emoção".
TORCIDA DA PORTUGUESA - O torcedor da Portuguesa,
depois de ver seu time conseguir o acesso à elite no Paulistão, já se
preparava para comemorar a permanência na Série A do Brasileirão. A
equipe enfrentou problemas, como atraso de salários, e chegou à 38ª
rodada praticamente sem risco de rebaixamento. Mas um erro do clube, ao
relacionar e escalar um suspenso Héverton para a partida contra o
Grêmio, fez com que fosse punido pelo STJD. Perdeu quatro pontos e
entrou no Z-4 do Brasileiro. Foi como um sarrafo para os rubro-verdes,
fazendo até um torcedor chorar de desespero.
PAOLO LOMBARDI - Membro da Fifa, Paolo Lombardi
redigiu os três últimos códigos disciplinares da Fifa e foi escolhido
para testemunhar a favor do Flamengo no segundo julgamento da noite. Sem
falar português, foi acompanhado por uma tradutora e no fim das contas
não ajudou o Rubro-Negro carioca e ainda criou desconforto com a
procuradoria, que reclamou da defesa do Flamengo por "querer ensinar o
padre a rezar missa". Um drible muito bem aplicado da testemunha no
próprio clube, que terminou com a perda de quatro pontos na tabela pela
escalação irregular de André Santos.
Torcedor faz camisa em alusão ao julgamento de
Tartá em 2010 (Foto: Fred Soares/SporTV)
CASO TARTÁ - Um dos respaldos da defesa da Portuguesa
foi comparar o caso de Héverton ao de Tartá, alegando que o jogador não
cumpriu suspensão após uma série de três amarelos pelo Fluminense em
2010. Alguns jogadores até compareceram ao julgamento vestindo uma
camisa com os dizeres "dois pesos e duas medidas". No entanto, quem não
cumpriu suspensão foi Leandro Chaves, que na Série B acumulou
advertências por Ipatinga e Duque de Caxias. O caso foi ao STJD, que
absolveu o Duque. Naquele ano, Tartá viveu caso semelhante, ao receber
dois amarelos pelo Atlético-PR e o terceiro pelo Fluminense. A diferença
é que em seguida ele cumpriu suspensão automática - não havendo
irregularidade, portanto.
JOÃO ZANFORLIN - O advogado de defesa da Portuguesa
fez quase uma encenação em sua explanação em favor do clube paulista.
Apostando em um discurso emocionado, tentou seduzir o júri com suas
palavras e se consagrou como ator, digno de uma obra sheaksperiana.
Algumas frases de efeito foram usadas por Zanforlin durante a defesa,
entre elas:
"Esse menino pegou a bola em um minuto e quarenta e sete segundos, aí
vão dão um tiro na Portuguesa, derrubando-a da Série A para a Série B?
Vamos ser igual aos gênios da saúde que, quando quiseram matar a pulga
do cachorro, deram uma dose tão forte que mataram o cachorro."
"A quatro meses da Copa do Mundo, o resultado do campo de jogo pode ser
modificado. E se há uma coisa que me revolta são os 'hermanos' fazendo
gracinha: 'Será que, se ganharmos, pode ter alguma coisa fora do campo e
perdermos o título?'. Quando o procurador, a quem tenho muito respeito,
fala que o artigo 214 deve ser aplicado na letra fria da lei, é uma
posição da
Procuradoria. O direito não é uma ciência exata, uma ciência humana."
"Em respeito à manutenção do que foi feito em campo, queremos que a
Portuguesa seja absolvida. O rebaixamento da Portuguesa é o rebaixamento
do direito."
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/brasileirao-serie-a/noticia/2013/12/pacotao-da-39-rodada-advogado-faz-boa-defesa-e-torcida-leva-sarrafo.html
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