Ex-presidente da África do Sul praticava a nobre arte na adolescência. Na década de 90, ele ficou marcado por história relacionada à seleção nacional, os Springboks
Mandela aperta mão de François Pienaar, em 1995 (Foto: Getty Images)
- O esporte tem o poder de mudar o mundo. Tem o poder de inspirar, tem o poder de unir as pessoas de uma forma que poucas outras coisas conseguem. Ele fala aos jovens em uma linguagem que eles compreendem - relatou Mandela ao receber o Prêmio Laureus inaugural pelas realizações ao longo da vida, no meio de 2000.
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Um
dos episódios mais marcantes de sua vida pública, por exemplo, teve
relação com a seleção nacional de rúgbi, os Springboks (nome vindo de
uma espécie de antílope da fauna local), esporte que Madiba, como era
carinhosamente chamado pelo povo, nunca praticou. Ele mal entendia as
regras, segundo o "USA Today Sports". Em 1994, após deixar a vida no
cárcere, onde ficou 27 anos, Mandela percebeu que uma maneira de reduzir
as diferenças ainda remanescentes do extinto Apartheid, regime racista
que ficou vigente de 1948 a 1993, era usar o esporte, fazendo com que os
brancos e os negros sul-africanos se unissem em uma só torcida. A
distinção, contudo, era muito marcante, e ele precisou lutar muito.- Joel Santana comenta morte de
Nelson Mandela: 'Estou emocionado' - Blatter lamenta morte de Mandela,
decreta luto e lembra final de 2010 - Cristiano Ronaldo posta foto
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Os brancos jogavam rúgbi, enquanto os negros, futebol. Há registros de que o próprio Mandela, quando jovem, era um dos opositores dos Springboks. Mas assim que conseguiu o cargo de presidente eleito pelo voto universal no país, o ex-mandatário conseguiu que a África do Sul alcançasse o direito de sediar a Copa do Mundo de rúgbi do ano seguinte. Além disso, Madiba apoiou o time, fato que incomodava tanto brancos quanto negros no início, que acabou vencendo a competição em casa sobre a Nova Zelândia. O episódio culminou no filme "Invictus", estrelado pelos atores Morgan Freeman, que interpretou Mandela, e Matt Damon, que fez o capitão dos Springboks, François Pienaar, crucial na ocasião por ter incorporado as ideias de Madiba.
Entre os anos 1990 e 2000, Madiba ajudou na organização e deu nome a torneios de rúgbi como o Nelson Mandela Challenge Plate, desafio anual entre África do Sul e Austrália, e o Nelson Mandela Challenge, jogo de futebol disputado uma vez por ano entre seu país e um adversário internacional. A renda desses desafios era revertida para sua fundação, que auxilia crianças carentes e portadoras do vírus HIV.
Mandela ganhou luva autografada por Layla Ali,
filha do ex-pugilistaMuhammad Ali, e está em
um museu (Foto: Reuters)
Esporte mais popular entre os negros, o futebol também foi importante na integração da África do Sul. A Copa Africana de Nações de 1996, vencida pelos Bafana Bafana, como é chamada a seleção sul-africana, é um dos marcos no processo. O país não tinha sido escolhido como sede do torneio, mas tomou o lugar do Quênia após a desistência por problemas econômicos. Três estádios utilizados na Copa do Mundo de Rúgbi de 1995 foram utilizados, além do Soccer City, que era um símbolo do futebol em Soweto.
01
Boxe como válvula de escape para a tensão
Mandela com uniforme em 1952 (Foto: Getty Images)
- Eu não gostava da violência do boxe tanto quanto a ciência disso. Era uma forma de me perder em algo que não era a batalha.
Nelson Mandela tinha 1,94m de altura e sempre foi bastante magro. Por isso, costumava dizer que seria melhor no atletismo do que em esportes de luta. Mesmo assim, continuou praticando a modalidade mesmo quando já participava ativamente dos movimentos antiapartheid. Além de ter uma relação com o rúgbi e o boxe, só depois que ele foi libertado da prisão, o país voltou a disputar as Olimpíadas e entrou nas Copas do Mundo de futebol.
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Mandela e as olimpíadas
- Estive preso aqui por muito tempo e eu me identifico muito com a Robben Island. Estou muito feliz e honrado pela honra de carregar a Tocha Olímpica aqui - disse Mandela, na ocasião.
Em comunicado, o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, disse que o sul-africano "era um verdadeiro estadista. Um inesquecível homem que entendeu que o esporte poderia construir pontes, derrubar muros e revelar nossa habitual humanidade".
Nelson Mandela com a Tocha Olímpica em 2004
(Foto: Getty Images)
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