Criado por Jorge Paulo Lemann, 33º homem mais rico do mundo, Instituto Tênis pretende levar 54 atletas ao Top 500, sendo três ao número 1
Gustavo Kuerten
fez o que nenhum outro brasileiro conseguiu: alcançou a liderança do
ranking mundial, em 2001. Mas o tênis nacional não aproveitou a era de
ouro do catarinense e atualmente o país não possui um tenista sequer no
Top 100 da ATP e apenas uma (Teliana Pereira) no da WTA. Para tentar
reverter essa situação, Jorge Paulo Lemann, 33º homem mais rico do mundo
e dono de uma fortuna de US$ 17,8 bilhões segundo a "Forbes", resolveu
agir. Projeto criado pelo empresário mais rico do Brasil e pelo
ex-tenista gaúcho Nelson Aerts em 2002, o Instituto Tênis estabeleceu um
plano que entrou em vigor nos últimos anos: formar 54 jogadores que, em
2033, estejam no Top 500 da ATP ou da WTA, sendo que três deles devem
repetir Guga e ser número 1 do mundo.
Acionista da AB InBev, maior cervejaria do mundo, da rede de fast-food Burger King e da empresa alimentícia Heinz, Lemann se reserva a atuar no conselho de administração do instituto. A missão de conduzir o projeto caiu nas mãos do diretor-executivo Cristiano Borrelli, que participou do processo de criação das metas de desempenho a partir de 2012. Para chegar a esses números de 54 atletas no Top 500 - sendo três chegando na liderança do ranking, o grupo fez um estudo comparativo com potências do tênis internacional, relacionando o número de tenistas de cada nação presentes nessas seções do ranking com a densidade populacional do país.
- A gente pegou as grandes escolas do tênis mundial, que têm tradição de formar grandes tenistas: Espanha, França, Estados Unidos, Austrália, Rússia, Argentina, etc. Começamos a analisar alguns dados, como pontuação, densidade demográfica. Pegamos isso e vimos quanto cada país tem de tenista de um a 500 do mundo. Por exemplo, a Espanha, com 40 milhões de habitantes, tem cerca de 10 ou 12 top 100. E o Brasil, que tem 200 milhões, na época (em 2012) tinha um (Thomaz Bellucci). Cruzamos alguns dados estatísticos e vimos o que seria uma realidade de instituto no Brasil para atingir - explicou Borrelli.
Para se adequar ao plano, foi preciso alterar a faixa etária dos
meninos atendidos pelo projeto. Anteriormente, o grupo era formado por
atletas de 18 e 19 anos, mas, desde 2012, passaram a fazer parte do
instituto tenistas de 12 a 17 anos, majoritariamente. A ideia é pegar a
fase inicial de amadurecimento dos meninos, onde os vícios e a técnica
estão bem menos apurados, e dar mais impacto na futura vida profissional
deles.
Atualmente, a iniciativa beneficia 21 meninos, que treinam em um clube em Alphaville, bairro nobre da Grande São Paulo. Nas quadras alugadas, os atletas que têm 15 anos ou mais realizam treinamento em dois períodos e acabam fazendo os estudos ou na escola técnica ou à distância. O instituto ainda conta com quatro treinadores de quadra (entre coordenadores e auxiliares), fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista, fonoaudióloga e assessora educacional.
Tudo isso é financiado 90% com dinheiro vindo da Lei de Incentivo ao Esporte, do Ministério do Esporte. O resto vem de trabalhos de marketing com empresas parceiras. A quantia arrecadada - o orçamento de 2013 é cerca de R$ 3 milhões - paga ajuda de custo de tenistas de maior destaque (bolsas de até R$ 1,8 mil), salários de profissionais, viagens, estadas e as participações em torneios no Brasil e no exterior.
- Todos jogam até fora do país. E o calendário, mesmo variando os níveis de cada um, geralmente é o mesmo. Eles têm uma temporada grande, com cinco semanas na América Latina no primeiro semestre misturadas com torneios no Brasil. De maio a junho participam de torneios nacionais. Em julho vão para a Europa. No segundo semestre, têm uma gira no Brasil e no final do ano vão para os Estados Unidos - contou Borrelli.
Essa é a primeira fase do plano, com um limite de atender atletas de até 19 anos. Quando um tenista passar dessa idade e deixar de disputar torneios juvenis para vivenciar cada vez mais os eventos profissionais, o Instituto Tênis trabalha com a ideia de formar projetos individuais, direcionados para as necessidades de cada jogador.
O projeto é ousado, visto que desde Guga o Brasil não possui um representante de simples que tenha permanecido nas primeiras posições do ranking durante muito tempo e conquistado títulos com frequência. Melhor tenista do país, Bellucci chegou a ser número 21 do mundo em 2010, mas hoje está fora do Top 100, ocupando a 117ª colocação. No feminino, Teliana entrou no Top 100 somente neste ano. Mas, para Borrelli, é preciso pensar grande.
- Eu até brinquei que queriam me ferrar. Temos que sonhar grande. Se conseguirmos, já mudaremos drasticamente nosso cenário no tênis. São tão poucos os que foram número 1 do mundo que é dificil dizer que, ano após ano, vamos fabricar um. Isso não existe em nenhum lugar do mundo. Mas temos certeza de que vamos conseguir levar vários tenistas para competir no mais alto nível.
Promessas para o futuro
O Instituto Tênis tem dois nomes de destaque no plantel. Com apenas 14 anos de idade, Thaisa Pedretti se tornou a mais jovem tenista brasileira a conseguir pontuar no ranking da WTA. Na sexta etapa do Circuito Feminino de Tênis, em Curitiba, em setembro, ela venceu sua primeira partida profissional, ao derrotar Marcelle Cirino por 6/1 e 6/4. Ela atualmente é a número 1 do ranking nacional e a número 2 do ranking sul-americano, na categoria 14 anos.
- Antes de entrar para o Instituto Tênis, eu jogava em média três torneios por mês na Federação Paulista. Torneios nacionais eram em média quatro por ano. Com o projeto, deixei de participar de torneios estaduais e passei a jogar mais torneios nacionais e internacionais. Em 2012 foram cinco eventos no Brasil e este ano já joguei 14 torneios internacionais. O diferencial aqui é a qualidade de treino e os bons profissionais, então acredito que serei número 1 do mundo - diz, confiante, Thaisa.
Marcelo Tebet, de 17 anos, é o mais velho do grupo e deve participar das chaves juvenis dos Grand Slams em 2014. Natural de Londrina, ele é o brasileiro até 18 anos mais bem ranqueado no ranking da ATP, figurando entre os mil primeiros. Tem no currículos títulos de torneios ITF no Paraguai e participação na Copa Davis Junior no ano passado.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/tenis/noticia/2013/10/projeto-de-bilionario-brasileiro-quer-formar-tres-novos-gugas-ate-2033.html
Acionista da AB InBev, maior cervejaria do mundo, da rede de fast-food Burger King e da empresa alimentícia Heinz, Lemann se reserva a atuar no conselho de administração do instituto. A missão de conduzir o projeto caiu nas mãos do diretor-executivo Cristiano Borrelli, que participou do processo de criação das metas de desempenho a partir de 2012. Para chegar a esses números de 54 atletas no Top 500 - sendo três chegando na liderança do ranking, o grupo fez um estudo comparativo com potências do tênis internacional, relacionando o número de tenistas de cada nação presentes nessas seções do ranking com a densidade populacional do país.
- A gente pegou as grandes escolas do tênis mundial, que têm tradição de formar grandes tenistas: Espanha, França, Estados Unidos, Austrália, Rússia, Argentina, etc. Começamos a analisar alguns dados, como pontuação, densidade demográfica. Pegamos isso e vimos quanto cada país tem de tenista de um a 500 do mundo. Por exemplo, a Espanha, com 40 milhões de habitantes, tem cerca de 10 ou 12 top 100. E o Brasil, que tem 200 milhões, na época (em 2012) tinha um (Thomaz Bellucci). Cruzamos alguns dados estatísticos e vimos o que seria uma realidade de instituto no Brasil para atingir - explicou Borrelli.
Integrantes do Instituto Tênis posam para foto com o espanhol Juan Carlos Ferrero (Foto: Divulgação)
Atualmente, a iniciativa beneficia 21 meninos, que treinam em um clube em Alphaville, bairro nobre da Grande São Paulo. Nas quadras alugadas, os atletas que têm 15 anos ou mais realizam treinamento em dois períodos e acabam fazendo os estudos ou na escola técnica ou à distância. O instituto ainda conta com quatro treinadores de quadra (entre coordenadores e auxiliares), fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista, fonoaudióloga e assessora educacional.
Tudo isso é financiado 90% com dinheiro vindo da Lei de Incentivo ao Esporte, do Ministério do Esporte. O resto vem de trabalhos de marketing com empresas parceiras. A quantia arrecadada - o orçamento de 2013 é cerca de R$ 3 milhões - paga ajuda de custo de tenistas de maior destaque (bolsas de até R$ 1,8 mil), salários de profissionais, viagens, estadas e as participações em torneios no Brasil e no exterior.
- Todos jogam até fora do país. E o calendário, mesmo variando os níveis de cada um, geralmente é o mesmo. Eles têm uma temporada grande, com cinco semanas na América Latina no primeiro semestre misturadas com torneios no Brasil. De maio a junho participam de torneios nacionais. Em julho vão para a Europa. No segundo semestre, têm uma gira no Brasil e no final do ano vão para os Estados Unidos - contou Borrelli.
Essa é a primeira fase do plano, com um limite de atender atletas de até 19 anos. Quando um tenista passar dessa idade e deixar de disputar torneios juvenis para vivenciar cada vez mais os eventos profissionais, o Instituto Tênis trabalha com a ideia de formar projetos individuais, direcionados para as necessidades de cada jogador.
O projeto é ousado, visto que desde Guga o Brasil não possui um representante de simples que tenha permanecido nas primeiras posições do ranking durante muito tempo e conquistado títulos com frequência. Melhor tenista do país, Bellucci chegou a ser número 21 do mundo em 2010, mas hoje está fora do Top 100, ocupando a 117ª colocação. No feminino, Teliana entrou no Top 100 somente neste ano. Mas, para Borrelli, é preciso pensar grande.
- Eu até brinquei que queriam me ferrar. Temos que sonhar grande. Se conseguirmos, já mudaremos drasticamente nosso cenário no tênis. São tão poucos os que foram número 1 do mundo que é dificil dizer que, ano após ano, vamos fabricar um. Isso não existe em nenhum lugar do mundo. Mas temos certeza de que vamos conseguir levar vários tenistas para competir no mais alto nível.
Thaisa Pedretti já começa a se destacar com
apenas 14 anos (Foto: Divulgação / Instituto Tênis)
apenas 14 anos (Foto: Divulgação / Instituto Tênis)
O Instituto Tênis tem dois nomes de destaque no plantel. Com apenas 14 anos de idade, Thaisa Pedretti se tornou a mais jovem tenista brasileira a conseguir pontuar no ranking da WTA. Na sexta etapa do Circuito Feminino de Tênis, em Curitiba, em setembro, ela venceu sua primeira partida profissional, ao derrotar Marcelle Cirino por 6/1 e 6/4. Ela atualmente é a número 1 do ranking nacional e a número 2 do ranking sul-americano, na categoria 14 anos.
- Antes de entrar para o Instituto Tênis, eu jogava em média três torneios por mês na Federação Paulista. Torneios nacionais eram em média quatro por ano. Com o projeto, deixei de participar de torneios estaduais e passei a jogar mais torneios nacionais e internacionais. Em 2012 foram cinco eventos no Brasil e este ano já joguei 14 torneios internacionais. O diferencial aqui é a qualidade de treino e os bons profissionais, então acredito que serei número 1 do mundo - diz, confiante, Thaisa.
Marcelo Tebet, de 17 anos, é o mais velho do grupo e deve participar das chaves juvenis dos Grand Slams em 2014. Natural de Londrina, ele é o brasileiro até 18 anos mais bem ranqueado no ranking da ATP, figurando entre os mil primeiros. Tem no currículos títulos de torneios ITF no Paraguai e participação na Copa Davis Junior no ano passado.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/tenis/noticia/2013/10/projeto-de-bilionario-brasileiro-quer-formar-tres-novos-gugas-ate-2033.html
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