Seleção brasileira supera início ruim e, guiada pelo treinador, nervoso à beira da quadra, derrota as rivais americanas em jogaço em Campinas
A cena se repete quase a cada ponto. As mãos coçam a cabeça, limpam o
suor da testa e denunciam: José Roberto Guimarães está tenso. Quando
Monique se prepara para sacar, o técnico entra em quadra, reclama da
bola e direciona sua irritação para cada membro da comissão de
arbitragem. Conhecido pela calma, o único brasileiro tricampeão olímpico
se transformou à beira da quadra neste domingo. Talvez pelos erros
iniciais, mas não só por isso. Diante do jogo mais complicado de sua
renovada seleção, Zé passou longe de sua tranquilidade natural. No fim,
porém, o alívio. Em um jogaço, na reedição das últimas duas finais
olímpicas, o Brasil voltou a derrubar os Estados Unidos, na Arena
Concórdia, em Campinas. Com 3 sets a 1, parciais 17/25, 25/23, 25/18 e
25/20, a seleção fecha a primeira fase do Grand Prix invicta.
A americana Kimberly Hill foi a maior pontuadora do confronto, com 16
acertos. Do lado brasileiro, Gabi e Fernanda Garay foram responsáveis
por 14 pontos cada.
- Não é que eu fique menos nervoso que isso (risos). Eu já tinha pedido aos juízes por causa da bola. Na hora que a Dani foi sacar, estranhou a pressão da bola. Eu já tinha alertado a mesa (de arbitragem) que a bola estava murcha. É a pressão normal do jogo, que vamos ter sempre. Principalmente jogando contra os EUA, que é um time muito forte taticamente, bem arrumado. As nossas jogadoras estavam incomodadas com a velocidade e o estilo de jogo delas até conseguirmos ajustar o bloqueio para elas. Foi fracionado, aos poucos conseguimos melhorar - explicou o treinador.
Capitã da seleção, Fabiana mudou o jogo ao entrar no segundo set. No ataque, Gabi mostrou paciência para enfrentar o bloqueio americano e saiu como um dos principais destaques da partida em seu primeiro duelo contra os EUA. Para ela, a tensão de Zé Roberto fez com que a equipe acordasse na partida.
- Nós fizemos muitos vídeos dos EUA, sabíamos que elas estavam jogando muito rápido. Ele estava nervoso justamente por isso, não estávamos conseguindo fazer a marcação direito. Ele estava ficando nervoso com a gente. E isso foi bom para que ficássemos ligadas o jogo inteiro. Mas conseguimos soltar bem o jogo - disse a ponteira.
No próximo fim de semana, a seleção, que soma oito pontos na classificação, disputa a segunda etapa do Grand Prix, em Porto Rico. Lá, a equipe enfrenta as donas da casa, a Bulgária e a República Dominicana.
O jogo
Mas Zé Roberto já alertara: apesar de renovada, a seleção americana tem um padrão tático bem definido. E muito talento. Nos pontos de Kimberly Hill, Kelly Murphy e Christa Harmotto, que vinha sendo reserva até este domingo, os EUA logo viraram e dispararam no placar. O técnico brasileiro tentou acertar o time com a inversão 5 por 1, com Sheilla e Fabíola em quadra. Não adiantou. Assim como nas partidas anteriores, com um ritmo inferior às rivais, o Brasil largou atrás no placar. No ponto de Harmotto, sem defesa para Dani Lins, as visitantes fecharam o set em 25/17.
Em um erro de saque das americanas, o Brasil saiu na frente no segundo set. Mas o jogo era tenso. Quando Monique se preparava para sacar, Zé Roberto reclamou que a bola estava murcha. O técnico chegou a entrar em quadra para reclamar com a juíza, que deu amarelo para o brasileiro e o ponto para as americanas. Os EUA, então, foram para o primeiro tempo técnico em vantagem: 8/6. Mas a discussão fez a seleção acordar.
Fabiana, que ainda tenta recuperar sua melhor condição física, foi para a quadra no lugar de Adenízia. A capitã logo marcou um ponto, animando a torcida. A seleção, então, começou a tirar a diferença. No melhor rali do jogo, com uma bela defesa de Gabi, o Brasil chegou ao ponto com Monique. O lance deu moral. Depois de dois erros de ataque em sequência das rivais, as brasileiras chegaram ao empate (17/17). A virada veio em mais um erro de Hildebrand, mandando a bola na rede. As visitantes se perderam, e o Brasil aproveitou. Ainda que os EUA tenham ameaçado uma reação, Fernanda Garay pôs fim à parcial: 25/23.
O terceiro set começou com mais um bom rali. Com um bloqueio sobre
Monique, as americanas levaram a melhor. Mas era um jogo equilibrado. Os
Estados Unidos chegaram ao primeiro tempo técnico em vantagem, depois
de ponto de Harmotto (8/6). Só que o Brasil estava bem na partida.
Quando Murphy mandou seu ataque para fora, a seleção da casa passou à
frente no placar: 9/8.
Àquela altura, Fabiana justificava a condição de líder da equipe. A capitã orientava o time, brilhava no bloqueio ao lado de Juciely e, vibrante, dava calor ao jogo. A seleção aproveitou o bom momento e passou a dominar a partida. No ataque, Gabi e Monique mostravam força e faziam o Brasil se manter à frente no placar. As americanas já não tinham força para reagir. Hildebrand, que jogará a próxima Superliga pelo Campinas, isolou um ataque, e as donas da casa venceram mais uma parcial: 25/18.
Antes do retorno à quadra, Zé Roberto puxou Dani Lins e conversou
separadamente com a levantadora. O treinador seguia preocupado. A cada
lance, mesmo que favorável à seleção, o treinador se mostrava tenso.
Tanto que, com os EUA abrindo vantagem, o técnico ouviu o pedido da
mesma Dani Lins: “Calma, Zé. Calma”. Mas as americanas davam razão ao
comandante brasileiro. As visitantes abriram 10/5, e Sheilla e Fabíola
foram para a quadra na inversão 5 por 1.
A mudança dessa vez funcionou. Aos poucos, a seleção voltou a crescer. Conseguiu tirar a vantagem americana ponto a ponto e chegou ao empate em ataque de Gabi. A virada veio na sequência, com Sheilla. Por um momento, as americanas voltaram a tomar a frente, mas um bloqueio de Fabiana devolveu a vantagem às donas da casa. E foi assim até o fim. Em ataque preciso, Sheilla fechou a tampa: 25/20.
Confira as escalações das equipes:
Brasil: Juciely, Dani Lins, Adenízia, Gabi, Monique e Fê Garay. Líbero: Camila Brait. Entraram: Fabiana, Fabíola, Sheilla e Michelle.
EUA: Glass, Gibbemeyer, Harmotto Hildebrand, Murphy, Hill. Líbero: Tamari Miyashiro. Entraram: Lichtman, Fawcett, Paolini e Hagglund.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2013/08/na-tensao-de-ze-roberto-brasil-vence-os-eua-e-fecha-1-etapa-invicto.html
Dani Lins comemora mais um ponto do Brasil (Foto: LUCIANO CLAUDINO/FRAME/Agência Estado)
- Não é que eu fique menos nervoso que isso (risos). Eu já tinha pedido aos juízes por causa da bola. Na hora que a Dani foi sacar, estranhou a pressão da bola. Eu já tinha alertado a mesa (de arbitragem) que a bola estava murcha. É a pressão normal do jogo, que vamos ter sempre. Principalmente jogando contra os EUA, que é um time muito forte taticamente, bem arrumado. As nossas jogadoras estavam incomodadas com a velocidade e o estilo de jogo delas até conseguirmos ajustar o bloqueio para elas. Foi fracionado, aos poucos conseguimos melhorar - explicou o treinador.
Capitã da seleção, Fabiana mudou o jogo ao entrar no segundo set. No ataque, Gabi mostrou paciência para enfrentar o bloqueio americano e saiu como um dos principais destaques da partida em seu primeiro duelo contra os EUA. Para ela, a tensão de Zé Roberto fez com que a equipe acordasse na partida.
- Nós fizemos muitos vídeos dos EUA, sabíamos que elas estavam jogando muito rápido. Ele estava nervoso justamente por isso, não estávamos conseguindo fazer a marcação direito. Ele estava ficando nervoso com a gente. E isso foi bom para que ficássemos ligadas o jogo inteiro. Mas conseguimos soltar bem o jogo - disse a ponteira.
No próximo fim de semana, a seleção, que soma oito pontos na classificação, disputa a segunda etapa do Grand Prix, em Porto Rico. Lá, a equipe enfrenta as donas da casa, a Bulgária e a República Dominicana.
O jogo
saiba mais
Os cumprimentos à rede pareciam sinceros. Ainda que tenham decidido as
últimas duas finais olímpicas e as três edições anteriores do Grand
Prix, Brasil e Estados Unidos mantêm uma rivalidade apenas na bola. Nada
de provocações ou xingamentos, como contra Rússia e Cuba. Mas, quando o
primeiro saque é dado, as coisas mudam. A pressão ganha força, e a
relação já não é assim tão simples. No ataque de Hill e na condução de
Adenízia, as americanas largaram na frente. A recuperação brasileira
veio ligeira. Quando Juciely mandou a bola ao chão, as donas da casa
foram para o primeiro tempo técnico em vantagem (8/6).Mas Zé Roberto já alertara: apesar de renovada, a seleção americana tem um padrão tático bem definido. E muito talento. Nos pontos de Kimberly Hill, Kelly Murphy e Christa Harmotto, que vinha sendo reserva até este domingo, os EUA logo viraram e dispararam no placar. O técnico brasileiro tentou acertar o time com a inversão 5 por 1, com Sheilla e Fabíola em quadra. Não adiantou. Assim como nas partidas anteriores, com um ritmo inferior às rivais, o Brasil largou atrás no placar. No ponto de Harmotto, sem defesa para Dani Lins, as visitantes fecharam o set em 25/17.
Em um erro de saque das americanas, o Brasil saiu na frente no segundo set. Mas o jogo era tenso. Quando Monique se preparava para sacar, Zé Roberto reclamou que a bola estava murcha. O técnico chegou a entrar em quadra para reclamar com a juíza, que deu amarelo para o brasileiro e o ponto para as americanas. Os EUA, então, foram para o primeiro tempo técnico em vantagem: 8/6. Mas a discussão fez a seleção acordar.
Fabiana, que ainda tenta recuperar sua melhor condição física, foi para a quadra no lugar de Adenízia. A capitã logo marcou um ponto, animando a torcida. A seleção, então, começou a tirar a diferença. No melhor rali do jogo, com uma bela defesa de Gabi, o Brasil chegou ao ponto com Monique. O lance deu moral. Depois de dois erros de ataque em sequência das rivais, as brasileiras chegaram ao empate (17/17). A virada veio em mais um erro de Hildebrand, mandando a bola na rede. As visitantes se perderam, e o Brasil aproveitou. Ainda que os EUA tenham ameaçado uma reação, Fernanda Garay pôs fim à parcial: 25/23.
Com bloqueio triplo, seleção fecha porta para ataque de Hildebrand (Foto: LUCIANO CLAUDINO/Agência Estado)
Àquela altura, Fabiana justificava a condição de líder da equipe. A capitã orientava o time, brilhava no bloqueio ao lado de Juciely e, vibrante, dava calor ao jogo. A seleção aproveitou o bom momento e passou a dominar a partida. No ataque, Gabi e Monique mostravam força e faziam o Brasil se manter à frente no placar. As americanas já não tinham força para reagir. Hildebrand, que jogará a próxima Superliga pelo Campinas, isolou um ataque, e as donas da casa venceram mais uma parcial: 25/18.
Zé Roberto conversa com Dani Lins antes do último set (Foto: João Gabriel Rodrigues)
A mudança dessa vez funcionou. Aos poucos, a seleção voltou a crescer. Conseguiu tirar a vantagem americana ponto a ponto e chegou ao empate em ataque de Gabi. A virada veio na sequência, com Sheilla. Por um momento, as americanas voltaram a tomar a frente, mas um bloqueio de Fabiana devolveu a vantagem às donas da casa. E foi assim até o fim. Em ataque preciso, Sheilla fechou a tampa: 25/20.
Confira as escalações das equipes:
Brasil: Juciely, Dani Lins, Adenízia, Gabi, Monique e Fê Garay. Líbero: Camila Brait. Entraram: Fabiana, Fabíola, Sheilla e Michelle.
EUA: Glass, Gibbemeyer, Harmotto Hildebrand, Murphy, Hill. Líbero: Tamari Miyashiro. Entraram: Lichtman, Fawcett, Paolini e Hagglund.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2013/08/na-tensao-de-ze-roberto-brasil-vence-os-eua-e-fecha-1-etapa-invicto.html
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