quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Inspirada em polonesa, brasileira de 17 anos quer ser olímpica em 2016


Rival de classe Natalia Partyka, que esteve nas Olimpíadas de Pequim e de Londres, mesatenista também se vê em jornada dupla: ‘Acredito nisso’

Por Cahê Mota Especial para o GLOBOESPORTE.COM, em Londres

Há quem diga que as baixinhas são invocadas. A regra certamente não se encaixa para Bruninha, representante do Brasil na classe 10 do tênis de mesa dos Jogos Paralímpicos. O jeito meigo e ao mesmo tempo tímido evidencia a doçura da catarinense de Criciúma. Ela prefere potencializar a energia de seus 17 anos em outro adjetivo: ambiciosa. Nesta quinta-feira, a jovem deu em 
Londres o passo mais importante de uma trajetória que parece não ter limites. Para 2016, sonha disputar também os Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro. Como inspiração, a polonesa Natalia Partyka.

paralimpíada bruninha tênis de mesa  (Foto: Cahê Mota / Globoesporte.com)Bruninha tatua sua paixão, o tênis de mesa (Foto: Cahê Mota / Globoesporte.com)

- Penso bastante em conseguir as duas vagas para o Rio, nas Olímpiadas e Paralimpíadas. Sempre treinei com olímpicos. É algo muito possível no Brasil. Consigo jogar bem, treino no São Caetano, que é o maior clube do país, e estou bem forte. Acredito nisso.

Há 11 classes no tênis de mesa. Quanto maior o número, menor o comprometimento físico-motor. Bruna e Partyka são da classe 10

Nem mesmo a derrota na estreia, por 3 a 2 (5/11, 12/10, 11/8, 9/11 e 9/11) para chinesa Lei Fan, foi capaz de podar as asas de Bruninha. Pelo contrário. A adversária foi vice-campeã em Pequim 2008, e o jogo equilibrado a fez ter certeza de que tem boas chances de pódio.

Tanta confiança vem muito do exemplo que Bruninha tem ao lado. Bicampeã paralímpica na classe 10, Natalia Partyka tem no currículo também as participações nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 e Londres-2012 e idolatria surgiu de forma natural.

- Ela é uma inspiração. É meu maior exemplo desde a primeira vez que vi. Fico a observando em cada treinamento. Se eu enfrentá-la, será uma experiência incrível. Mudei muito desde a última vez que jogamos. Tirar algum set já seria sensacional – disse a brasileira.
Inspiração, polonesa elogia brasileira

paralimpíadas tênis de mesa Natalia Partyka (Foto: Reuters)Natalia Partyka é exemplo para brasileira (Reuters)
E Partyka lembra bem da vitória em 2010, quando Bruninha tinha apenas 15 anos, por 3 a 0. O resultado foi o mesmo da estreia nas Paralimpíadas, diante da turca Umram Ertis. Facilidade que ela acredita que não terá em um possível reencontro com a mesa-tenista do Brasil.

- Ela fez um jogo duro com a chinesa. Lembro dessa partida há dois anos e ganhei até facilmente. Não acredito que será tão fácil se nos enfrentarmos novamente. O que ela mostrou contra a medalha de prata em Pequim prova que ela pode brigar pelo pódio.

Bruninha e Natalia Partyka só podem se enfrentar na próxima fase da competição, uma vez que estão em grupos diferentes. Para conseguir a classificação, a catarinense volta a arena norte 1 do Centro Excel no próximo sábado, quando encara a australiana Melissa Tapper de moral elevado após a exibição na estreia.
paralimpíada bruninha tênis de mesa  (Foto: Cahê Mota / Globoesporte.com)Bruninha sonha competir nas Olimpíadas em 2016 (Foto: Cahê Mota / Globoesporte.com)

- Joguei bem, só faltou pensar um pouco no fim do jogo. Estava 8 a 6 para mim, ela pediu tempo e eu me desconcentrei. Mas estou positiva. Sinceramente, não esperava tanto. Ela foi prata em Pequim e isso mostra que estou evoluindo a cada dia. Tenho que pensar agora em passar de grupo, seguir em frente.

Bruna Alexandre teve o braço direito amputado ainda com seis meses de idade por conta em uma trombose. A deficiência, no entanto, não impediu o ingresso no tênis de mesa apenas com oito anos de idade. Até os 14, ela competiu apenas com mesa-tenistas convencionais e chegou a ser tetracampeã municipal em Criciúma, sua cidade natal.

 



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