terça-feira, 29 de maio de 2012

Linha-dura: Dorival apresenta estilo rigoroso contra atos de indisciplina

Em cinco meses, cinco jogadores sentiram no campo o reflexo da conduta do treinador colorado. Fabricio pode ser o próximo

Por Tomás Hammes Porto Alegre

Dorival Júnior técnico Inter (Foto: Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)Dorival está no Inter há nove meses (Foto: Diego
Guichard / GLOBOESPORTE.COM)
 
Desde agosto de 2011 em Porto Alegre, Dorival Júnior consolidou seu estilo de trabalho no comando do Inter não apenas no campo, mas também em relação à postura. Assim como repreendera Neymar em seus tempos de Santos, é rígido no Beira-Rio quando o assunto atende pela disciplina. Em cinco meses deste ano, cinco jogadores já sentiram o reflexo da conduta do treinador. E nesta terça-feira a direção do clube divulgará a decisão sobre Fabrício, último caso dessa longa lista.

O lateral discutiu com o técnico no início do segundo tempo contra o Flamengo, no sábado, pela segunda rodada do Brasileiro, logo após o gol de Vagner Love. Dorival reclamou na hora por entender que o jogador saiu errado na marcação, ao ir para cima de Léo Moura, deixando o "corredor aberto".

– No momento, eu cobrei dele porque o gol saiu dessa situação. Aconteceu uma reação inesperada que poderia ter prejudicado a todos. Será trabalhado como sempre no Inter, todos os casos foram punidos dentro daquilo que aconteceram.
De forma apaziguadora, a direção agiu na hora e tratou de colocar panos quentes no episódio, ocorrido em função do "calor do jogo". Só que nesta segunda-feira, o vice de futebol Luciano Davi deixou a “punição” do jogador em aberto.

O primeiro caso ocorreu com Bolatti, no início da temporada. O argentino não se reapresentou com o restante dos companheiros, mas argumentou que já havia pedido autorização para o diretor técnico Fernandão. Dorival rechaçou que a atitude colocara o volante no final da fila na disputa por vaga no time. Entretanto, o camisa 8 começou 2012 como quarta opção no setor.

Atraso de Tinga e Dagoberto


dagoberto tinga aeroporto chegada inter santos libertadores (Foto: Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)Dagoberto e Tinga começaram no banco contra o Santos pela Libertadores (Foto: Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)
 
No dia 5 de março, foi a vez de Tinga e Dagoberto conhecerem a rigidez de trabalho do comandante. Naquela data, a dupla se enganou sobre o horário de treinamentos, achando que a atividade ocorreria pela parte da tarde. Acabaram realizando os exercícios separados dos colegas.

O episódio culminou com um desenrolar de histórias contraditórias. Dorival justificou, na coletiva do dia seguinte que, por estratégia, o atacante começaria no banco diante do Santos.
Além dele, o volante também ficou como alternativa na partida da Vila Belmiro. No desembarque em Porto Alegre, o comandante do Inter disse que os dois foram preteridos por questões físicas, fato negado pelo departamento médico e por Dagoberto. O diretor técnico Fernandão disse que a decisão ocorreu por conta do plano de jogo.

No dia 9, Dorival deu "fim à polêmica", revelando que os envolvidos sabiam o que havia acontecido e confirmando o retorno da dupla. Dois dias depois, a dupla assumiu o erro e reconheceu que a decisão foi acertada.


Jô e Jajá

jô jajá inter (Foto: Diego Guichard/Globoesporte.com)Após a eliminação da Libertadores, Jô e Jajá não
saíram do Engenhão junto com os companheiros(Foto: Diego Guichard/Globoesporte.com)
 
Março ainda traria ao técnico mais um caso de indisciplina. Antes da viagem para a Bolívia, onde enfrentaria o The Strongest, Jô deixou a última atividade mais cedo alegando mal-estar. Mas não foi só. O atacante não se apresentou no Aeroporto Salgado Filho. Acabou multado e afastado por 18 dias. Na época, Dorival não escondeu a decepção com a atitude do jogador.

Quando retomava o bom momento, Jô aprontou outra vez. Desta vez, com Jajá. Após a eliminação colorada na Libertadores, diante do Fluminense (no dia 10 de maio), a dupla não deixou o Engenhão junto com o restante da delegação. Eles teriam saído do estádio para uma festa, só retornando à concentração do time gaúcho na manhã do dia seguinte. Na véspera da decisão contra o Caxias, no dia 12 de maio, o então vice de futebol, Luís Anápio Gomes, anunciou que os dois seriam afastados por “tempo indeterminado”.


Os dois começaram a treinar no CT de Alvorada, onde as categorias de base trabalham, na semana seguinte. Enquanto Jô foi negociado com o Atlético-MG, o meia-atacante recebeu uma nova oportunidade: será reintegrado ao elenco nesta terça-feira.
Na última sexta-feira (véspera do jogo contra o Flamengo), mesmo repleto de desfalques, Dorival afirmou que a correção e seriedade precisavam ser prioridade dentro do grupo, mesmo reconhecendo que a possibilidade de contar com Jajá amenizaria os problemas da equipe:
– É um problema sério não ter o Jajá neste momento, mas isso ocorre por culpa exclusiva do atleta. O clube é penalizado? Sim, mas para qual lado a gente corre? O Jajá precisa ter ideia de quanto prejudicou a equipe em momentos importantes. Tanto ele quanto Jô, que, para mim, foi uma decepção ainda maior. Jogadores assim a gente tem de deixar de lado.

Dorival defende Dátolo

Dátolo (Foto: Ricardo Duarte/Agência RBS)Dátolo perdeu o pênalti contra o Fluminense (Foto:
Ricardo Duarte/Agência RBS)
 
Embora demonstre seu estilo disciplinador, Dorival apresenta flexibilidade na hora de avaliar os acontecimentos. Diante do Fluminense, pelo jogo de ida das oitavas da Libertadores, o Inter teve um pênalti a seu favor no Beira-Rio. O encarregado pela cobrança era Nei, tanto que o treinador passou a recomendação ao goleiro Muriel. Mas Dátolo pediu para bater e Diego Cavalieri defendeu. Após o jogo, o técnico admitiu que uma alteração pudesse ocorrer em função da confiança do atleta na bola parada:
– Treinamos quatro ou cinco jogadores sempre. Dei a ordem para o Nei. As últimas vezes dele foram muito consistentes. Mas, na hora, quem se sente mais confiante, toma a iniciativa. É uma decisão de momento, ainda que exista uma decisão de fora. Naquele momento, os jogadores conversam.

Dorival x Neymar: você se lembra?
Dorival Junior Neymar (Foto: Ag. Estado)Dorival Junior e Neymar, em 2010 (Foto: Ag. Estado)
 
Esse talvez seja o caso mais emblemático entre Dorival Júnior e um jogador, no que diz respeito à discussão sobre os limites da (in) disciplina. Em 2010, contra o Atlético-GO, Neymar discutiu com o treinador quando este não o deixou cobrar um pênalti.

Dorival decidiu afastar o astro da equipe do Santos. A punição duraria apenas uma partida, já que a direção exigia o retorno do atacante. Na "queda de braço" entre o técnico e o clube, Dorival, que fazia questão de manter o castigo, saiu perdendo e acabou deixando a Vila Belmiro.


FONTE:
 http://globoesporte.globo.com/futebol/times/internacional/noticia/2012/05/linha-dura-dorival-apresenta-estilo-rigoroso-contra-atos-de-indisciplina.html

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