Na entrevista, o meia afirma que ainda tem lenha pra queimar e fala como conseguiu dobrar os críticos. Ele também rasga elogios ao São Paulo
Rivaldo completa 39 anos em abril
(Foto: Rodrigo Coca / Ag. Estado)
(Foto: Rodrigo Coca / Ag. Estado)
Retorno ao futebol brasileiro
Está sendo ótimo, claro que ainda tenho de me acostumar com algumas coisas, pois foram 14 anos fora. Tem de se adaptar a treinamento de manhã e de tarde, mais períodos de concentração... Aos poucos vou me acostumando: ao grupo, ao jogo, aos treinos. Nunca joguei em um clube com estrutura assim (como a do São Paulo). Não tem como não treinar bem, aqui é um paraíso. Sobre os jogadores... Nem sei o que posso falar, dá para ver que temos um futebol alegre, com todos jogando para vencer.
Desafios na temporada e resistência física
A idade chega e tem esse preconceito com o jogador. É um pouquinho chato"
Rivaldo
Relação com os críticos no Brasil
Depois da Copa do Mundo de 2002, todos os que eram críticos, muito, muito críticos em relação ao Rivaldo, pediram desculpa, o que foi uma coisa legal. Falaram que eu fui um dos melhores do torneio. Claro que você sempre tenta dar tudo em campo, mas não vai agradar a todo mundo. Mas eu perdoei, tranquilo, porque o repórter estuda, entende de futebol e pode ter a opinião de que não gosta de um jogador. Mas em 2002 eu consegui mudar a opinião de muita gente da imprensa, e hoje posso falar que 90% gosta de mim pelo jogador e pessoa que sou.
Respeito dos adversários
As pessoas querem trocar camisa, tem jogador que fala que fui o melhor da Copa e me dá moral dentro de campo. A gente está lá naquela correria toda, agradece e corre de novo, porque não dá pra conversar, né? É bem legal. Às vezes tem jogador que está te marcando duro e até pede desculpa: ‘Pô, o treinador mandou ficar perto e te marcar. Sei que você joga muito’, mas aí eu digo que tudo bem, que faça seu trabalho. Acontecem essas coisas no jogo.
Relação com a mídia
Sou uma pessoa quieta, tímida, não gosto muito de aparecer. Gosto de fazer meu trabalho. Gosto mais das entrevistas quando são assim, reservadas. Mas até que estou me saindo bem nas coletivas: já me colocaram para fazer algumas e foi tudo bem (risos). Acho que ser o presidente do Mogi Mirim, nesse caso, me ajudou um pouco, porque eu tinha de falar pelo clube. Mas é uma coisa minha. Não gosto muito de estar em programa de televisão, de ser avaliado com o que aconteceu no jogo do dia. Não quero pegar moral pelo que falam de mim. Gosto de jogar. Já teve programa que eu não pude ir, depois de um Palmeiras x Corinthians, porque tive de viajar para Mogi. Aí você liga a TV e estão te questionando. Isso eu posso falar, porque eu vi. Às vezes as pessoas não entendem o que acontece, que você tem um compromisso que não pode adiar. Falo de mim, mas têm muitos jogadores que vão para uma mesa redonda, tem muita gente e você acaba falando pouca coisa: só te fazem três perguntas. E o horário é tarde.
O melhor jogo na carreira
Só um ou vários? A final de 1994 do Campeonato Brasileiro, pelo Palmeiras contra o Corinthians, o 3 a 1 do primeiro jogo. Teve o jogo contra o Valencia, no qual fiz três gols, um deles aquele de bicicleta, que todo mundo fala até hoje; em 2001, se não me engano. Teve o jogo pelo Barcelona contra o Milan, no San Siro, que eu fiz os três gols no empate por 3 a 3. E teve outro no campo do Madrid, no Real x Barcelona, em que fiz três gols e no último minuto eu fiz um, legal, que o juiz anulou. E teve a final da Copa do Mundo, participando dos dois lances de gol do Ronaldo. Ele fez os gols, mas eu também apareci na telinha (risos).
Rivaldo foi camisa 10 nas Copas de 1998 e 2002
(Foto: agência Getty Images)
(Foto: agência Getty Images)
A Seleção de 2002, com um conjunto muito bom, ganhar os sete jogos numa Copa do Mundo não é fácil, não. O Palmeiras de 1996, o ataque de 100 gols, e o Barcelona do ano em que cheguei, sendo campeão espanhol.
Jogador do Ano da FIFA em 1999
Estava numa idade boa, com 26 para 27 anos, a idade em que o jogador está 100%, no momento em que todos te respeitam. Quando você pega na bola, os caras olham três ou quatro vezes para ver se vão para cima ou não. Um momento como o que o Messi vive hoje. Os caras te respeitam, os marcadores ficam a dois metros de você. Até me lembro de jogo contra o Real Madrid, quando o Zidane pegava na bola, e eu ia "de migué" para cima dele. E era a mesma coisa comigo. Quando pegava a bola, sentia que ele me respeitava. Sentia isso de ambas as partes. Você pode passar vergonha, e aí pensa que é um Zidane ou um Rivaldo, e não pode, pois a fase era boa. Deixa ele dominar, olhar e tocar para outro.
Balanço da carreira
Tinha de tirar minha família da pobreza. Eu me sacrifiquei, no bom sentido, para poder mudar essa situação. Então tem de se cuidar. Todo mundo no Santa Cruz dizia que eu jogava muito bem. Tinha o dom, então restava batalhar. Muitos pensam que vão ganhar tudo com 25, 26 anos, mas não é assim. Estou com 38 anos, mas para a minha vida ainda estou novo. Se você não se prepara para esse lado, vai passar necessidade depois. Jogador às vezes não tem cabeça e pensa que o futebol vai ser para sempre. Tem de ter pessoas ao seu lado para ajudar e ser esperto, evitar levar tombos. Se você se dedicar em tudo, você chega lá. Aos 38, tenho a maior alegria de treinar, de jogar, e espero nunca cair nessa preguiça de não querer treinar, para não ficar gordo, barrigudo. Espero que siga gostando de fazer esporte quando terminar minha carreira. Estou me cuidando, fazendo abdominal, me cuido, e espero seguir essa linha.
Rivaldo no 'trio de ferro': Corinthians, Palmeiras e São Paulo (Foto: Editoria de Arte / GLOBOESPORTE.COM)
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