terça-feira, 22 de março de 2011

Após o não de Kleina, Abel avisa: "Se me esperarem, está fechado"

Técnico, no entanto, acha complicado o Fluminense ficar sem um treinador de peso até junho, quando estará liberado do Al Jazira

Por Luciano Cordeiro Ribeiro Rio de Janeiro

treinador al jazira abel braga  (Foto: agência EFE)Abel Braga tem vínculo com Al Jazira até junho
(Foto: agência EFE)

A segunda-feira foi mais um dia confuso no Fluminense. Por volta das 16h30m, a assessoria de imprensa do clube confirmou a contratação de Gilson Kleina como novo treinador do Tricolor. Aproximadamente três horas depois, o técnico anunciou que fica na Ponte Preta. Mesmo durante o curto período em que o Flu 'teve um novo técnico', o nome de Abel Braga não foi esquecido nas Laranjeiras. Pelo contrário: a opção - não concretizada - pelo treinador da Ponte Preta só aumentou a sensação de que o nome preferido continua sendo o do comandante do Al Jazira (Emirados Árabes). Abel confirma que recebeu uma ligação de Celso Barros na semana passada, em que o presidente do patrocinador tricolor lhe ofereceu um salário mais do que satisfatório. O valor foi aceito, mas tudo na base de uma conversa entre amigos, sem pré-contrato.
Na tarde desta segunda-feira, noite nos Emirados Árabes, Abel Braga saiu para jantar com seus companheiros de comissão técnica. O objetivo era comemorar a classificação do Al Jazira para a final da Copa do Presidente. Mas o telefone não parava de tocar. Do outro lado da linha, o  assunto era um só: jornalistas e amigos interessados em saber sua visão sobre o acordo, que valia naquele momento - do Fluminense com Kleina. Abel deixou claro que ele não havia indicado o nome do treinador da Ponte. E descartou que fosse integrar uma futura comissão técnica comandada por ele.
Pouco depois, por volta das 3h30m da madrugada nos Emirados, soube da recusa de Kleina. Não ficou surpreso, nem mudou o discurso. E continuou deixando as portas escancaradas para voltar às Laranjeiras.
- Para mim, não muda nada. Não fui eu quem indicou o Gilson. Quero muito voltar. Pelo que me foi oferecido, se estivesse livre, estava fechado. A única coisa que não foi falada foi em relação ao tempo de contrato. Se eles me ligarem dizendo que aceitam me esperar, não precisam nem vir aqui. Fecho por telefone, por rádio, por e-mail, acredito na palavra das pessoas - comentou.

Confira a entrevista concedida por Abel.
Gilson Kleina acaba de dizer que fica na Ponte. O contrato oferecido pela diretoria a ele era de três meses. Está claro que o objetivo é te esperar?
Estou sabendo agora por você, é madrugada aqui, já estava dormindo. Para mim, não muda nada, até porque não fui eu que indiquei o Gilson (Kleina). É preciso deixar claro isso. Não quero saber dessa transição. Se quem chegar for mal, vão dizer que fui eu que coloquei o cara lá. Se me ligam perguntando o que eu acho de um ou outro, posso até dar opinão. Mas jamais indicar, não seria nem ético. Vou repetir: não depende de mim. Agora é com o Fluminense. É preciso saber o que eles querem. Do que foi conversado comigo em uma ligação do Celso (Barros), a única coisa que não foi dita é o tempo de contrato. Se eles decidirem que me esperam e acertarem isso, não precisa nem vir aqui. Fecho por telefone, rádio, e-mail... Acredito na palavra das pessoas.

Mas então parece tudo mesmo bem encaminhado para a volta. Ou não?
São muitos anos fora, tenho 99% de chance de ir embora no meio do ano. Esse 1% fica por conta da hipótese de o xeque me oferecer um caminhão de dinheiro. Até porque ele também é dono do Manchester City, vai que pensa em me levar para lá? Como começaram as notícias aí no Brasil, vieram me perguntar aqui. Eu disse: "Meu contrato está acabando, niniguém me procurou, tenho o direito de ouvir as pessoas". Aí falaram que essa semana vão sentar para conversar comigo. Vamos ver o que vai acontecer. Mas a vontade de voltar ao Rio é enorme. Comprei um apartamento no Leblon há cinco anos e não curti. Foi minha mulher que decorou ele todo, quase não fiquei lá. Tenho dois filhos. Um deles, o Fábio, está de muletas, em recuperação de uma lesão grave. E ele joga no Fluminense, disputou a Copa São Paulo. Mas não dá para prever, não dá para garantir nada. São várias questões, futebol muda muito. Pelo que me foi oferecido, se estivesse livre, estava feito.

Você acha que daria certo esta hipótese de uma transição até sua chegada?
Futebol é muito complicado, não dá para saber. Essa história do Gilson é a prova disso. Tenho jogo aqui até 9 de junho, não abro mão de cumprir o contrato. Se ganhar o campeonato antes, tento me liberar para voltar, mas não é nada certo. E se tiver de ficar até o final, o Brasileiro já vai ter começado. Se o Fluminense continuar perdendo, vão me esperar? Futebol não é assim, é tudo muito arriscado, imprevisível. Para mim é muito fácil, é mamão com açúcar. Fico aqui, depois vou. Mas não sei se para o Fluminense é bom, se para a torcida é bom. É a mesma coisa que aconteceu com o Santos. Quando saiu o Adilson (Baptista), as pessoas começaram a falar que eu poderia assinar um pré-contrato. Agora o Muricy está livre, só falam nele. E se o Marcelo (Martelotte) tivesse vencido o Colo-Colo e o Bragantino? Iam continuar pedindo Muricy? No futebol tudo muda muito rápido, não dá para ficar prevendo coisa para daqui a dois meses. No ano passado me ligaram do Fluminense, não pude aceitar. Fecharam com o Muricy, e ele foi campeão brasileiro. As coisas simplesmente acontecem.

Como foi sua conversa com Celso Barros?
Logo que saiu o Muricy, o Celso me ligou. Conversamos, e ele propôs a história do Josué (Teixeira), que é meu irmão. Não partiu de mim, partiu do Celso. E eu falei: “acho precipitado”. Cada um tem uma maneira de pensar. Se estivesse no lugar do Celso, não fecharia nada comigo. Pensaria, pararia um tempo, esperaria o que vai acontecer. O Gilson, como o Josué, também é meu irmão. Mas não conversei nada com ele, não me perguntaram nada. Estava jantando, comemorando uma vitória importante, e começaram a me ligar para falar disso. Agora ele não vai mais. Viu como muda rápido?

O que achou da recusa do Gilson?
Ele teve passagens boas em vários clubes, mas nunca conseguiu uma continuidade. De repente, pensou nisso. Largaria a Ponte por um contrato de três meses, poderia não pegar bem, mesmo sendo o Fluminense. Está fazendo um trabalho bom em um mercado como o de São Paulo...É complicado julgar.

Como você analisa o atual momento do Fluminense?
No futebol, as coisas não são simples como as pessoas imaginam. Quem poderia prever que o Fluminense perderia por 2 a 0 para o Boavista, mesmo sem técnico? Do mesmo jeito, pode ganhar do América do México, tem time para isso. Ficaria muito orgulhoso em trabalhar com esse grupo. O Edinho já trabalhou comigo, o Gum, conheço muito bem o Araújo, fiz de tudo para tirar o Sheik do Al Ain para o Al Jazira...Como valor de equipe, o Fluminense vai muito bem. É um time que qualquer um assumiria.

A torcida faz campanha pela sua contratação no Twitter. O que isso significa para você?
A torcida sabe o quanto eu gosto do clube. Fomos campeões estaduais em 2005, chegamos à final da Copa do Brasil, quase fomos à Libertadores no ano seguinte. Como jogador, foram muitos anos. Não era técnico, mas enfiava a cara na chuteira do adversário. E isso a torcida reconhece. Voltar ao Flu seria tudo, seria maravilhoso.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/fluminense/noticia/2011/03/apos-o-nao-de-kleina-abel-avisa-se-me-esperarem-esta-fechado.html

Nenhum comentário: