VITÓRIA
Augusto Vasconcelos, diretor jurídico do Vitória, diz que clube estuda viabilização do projeto do estádio, que consumiria de R$ 25 a R$ 30 milhões de investimento inicial
No dia 26 de janeiro de 2016, no intervalo do amistoso contra o Tianjin Quanjin, a torcida do Vitória recebeu uma promessa da diretoria comandada por Raimundo Queiroz e Manoel Matos. No telão da Arena Fonte Nova foi exibido um vídeo que ilustrava o projeto que transformaria o Barradão em Arena. O plano incluía a implantação de cobertura nas arquibancadas e modernização das demais estruturas do estádio. Não havia nada físico para ilustrar a ideia, e nenhuma outra informação foi repassada na ocasião. Os detalhes só foram apresentados no fim de semana seguinte. A meta de inauguração era maio de 2019, quando o clube completará 120 anos. No entanto, o prazo dificilmente será cumprido.
Pouco mais de um ano se passou desde a primeira apresentação
da Arena Barradão. Os prazos definidos no lançamento previam que o projeto
executivo fosse apresentado no último mês de janeiro. O assunto, contudo, ficou
esquecido. A nova diretoria, empossada em dezembro de 2016 com eleição da chapa
Vitória do Torcedor, liderada por Ivã de Almeida, trata a construção do novo
estádio com cautela. As discussões com as partes envolvidas foram retomadas. E
o dinheiro é o detalhe que trava o processo.
Em entrevista ao GloboEsporte.com, o diretor jurídico do
Vitória, Augusto Vasconcelos, detalhou o atual estado do projeto. Ele afirma
que, nos moldes que foi constituída, a Arena Barradão é inviável para o clube.
Logo de início, seria necessário ao Rubro-Negro um investimento de 10% do valor
total da obra, orçada no ano passado em R$ 270 milhões.
- O projeto da Arena Barradão foi tratado inicialmente pela
gestão anterior, projeto significativo, que envolve de R$ 250 a RS 300 milhões.
Existe uma holding [empresa] que está tratando o assunto conosco. Existiria um
investimento do Vitória de algo em torno de R$ 30 milhões, de modo que a
diretoria atual está adotando uma postura cautelosa em cada aspecto que diz
respeito a Arena, tanto nos aspectos jurídicos quanto financeiros. Não podemos
entrar em uma aventura onde não tenhamos condições de levar até o final.
Entendemos que é importante que o Barradão passe por melhorias, que a
infraestrutura seja atualizada e modernizada. Mas não queremos colocar a
solvência financeira do Vitória em risco. Por isso adotamos a postura de
realizar mais reuniões, tivemos reuniões com o arquiteto, com investidores. Estamos
buscando alternativas.
Como
vou gastar R$ 30 milhões no projeto Arena Barradão se a gente não
consegue arcar com o time profissional sem esse R$ 30 mi? Esse dinheiro
faz muita falta".
Augusto Vasconcelos
- O projeto no estágio atual está em fase de estudos. Temos
menos de dois meses à frente do clube. Estamos completando dois meses. Nossa prioridade
é a montagem do elenco profissional e aperfeiçoar a atuação dos departamentos. Evidente
que essa fase da Arena Barradão estamos estudando, tivemos reuniões com
arquitetos, investidores. Não fechamos o assunto, estamos tratando do assunto.
Porém a diretoria ainda não tomou uma decisão final sobre qual modelo de negócio
será implementado. Estamos acompanhando todas as fases do projeto, não
descartamos, mas não levamos adiante como prioridade. (...) Os prazos estão
sendo rediscutidos. O que a gente quer fazer na verdade é fazer uma nova
modelagem financeira. O projeto anterior prevê que o Vitória faça um investimento
de 10% do valor total. O projeto gira em torno de R$ 250 a R$ 300 milhões, o
Vitória teria que investir de imediato R$ 30 milhões. Não temos esse dinheiro.
Estamos buscando outra modelagem.
Se o investimento for feito de outra forma,
podemos discutir. Por isso não descartamos ainda. Mas não tem condições de
cumprir com um investimento de R$ 30 milhões. A torcida nos elegeu para montar um time
competitivo, entre outras coisas. Por isso fizemos investimento alto na
montagem do elenco.
MONTAGEM DE ELENCO É PRIORIFADE
Para 2017, o Conselho Deliberativo do clube aprovou um
orçamento de R$ 83,4 milhões, 8,9% a mais do que no ano passado. Deste
montante, R$ 49,2 milhões irão para o futebol profissional, sendo que R$ 33,7
milhões para a folha salarial, o que daria uma média de R$ 2,8 milhões por mês.
A contrapartida de 10% do Vitória para a construção da Arena
Barradão abocanharia, portanto, 35% do orçamento total previsto para a
temporada. Augusto Vasconcelos conta que a diretoria optou por utilizar o
dinheiro para formar um elenco competitivo. O projeto do estádio ficou em
segundo plano.
Diretor do Vitória afirma que projeto da Arena
demanda R$ 30 milhões do clube
(Foto: Thiago Pereira)
- Não estamos tratando esse assunto [Arena Barradão] como
prioridade, como assunto principal, tendo em vista que nossa prioridade é a
montagem de um elenco competitivo, queremos ser vencedores em campo. Nossa
filosofia é a de construir um time competitivo. Isso significa recursos e
gastamos boa parte dos nossos recursos na montagem do elenco profissional. Além
da realização de outros investimentos, temos melhorias sendo realizadas no
Barradão. Quem acompanha os jogos percebe melhorias relacionadas ao marketing,
ao estacionamento, energia solar, que pode gerar fonte de receita para o clube.
Mas nossa prioridade, o que nós estamos preocupados, é o elenco profissional.
Como vou gastar R$ 30 milhões no projeto Arena Barradão se a gente não consegue
arcar com o time profissional sem esse R$ 30 mi? Esse dinheiro faz muita falta.
Não fechamos as portas para o projeto. Desde que o Vitória não realize
investimentos de grande monta, como está sendo apresentado. Não vamos colocar o
Vitória em risco nem vamos fazer nenhuma aventura financeira que prejudique o
Vitória.
Até o momento, o elenco do Vitória ganhou 16 novas peças
para a temporada. A última contratação foi o lateral-direito Patric, emprestado
pelo Atlético-MG. O número pode subir ainda mais, uma vez que o clube ainda não
assinou contrato com o boliviano Bhryan Bacca, e novos reforços podem
desembarcar na Toca do Leão até o início do Campeonato Brasileiro.
Augusto Vasconcelos reforça que a Arena Barradão será
discutida apenas após a formação do elenco. O diretor jurídico enfatiza também
que, apesar do projeto não possuir prazo para sair do papel, intervenções serão
realizadas no estádio para modernizar as estruturas.
- Nossa prioridade é manter um elenco competitivo que nos faça
vencedores em campo. A partir daí vamos tratar do assunto da melhoria da
estrutura e especialmente da Arena Barradão. O que não quer dizer que não
estamos programando investimentos no Barradão, estudos de viabilidade. Estamos
programando e o torcedor vai ter surpresas. O projeto Arena Barradão está sendo
estudado com mais cautela para não desequilibrar financeiramente o clube.
E O FUTURO?
Não
podemos entrar em uma aventura onde não tenhamos condições de levar até
o final. Entendemos que é importante que o Barradão passe por
melhorias, que a infraestrutura seja atualizada e modernizada. Mas não
queremos colocar a solvência financeira do Vitória em risco".
Augusto Vasconcelos
Sobre um possível fundo criado especificamente para a
construção da Arena Barradão, Augusto Vasconcelos afirma que o Vitória possui
um investimento que serve para municiar toda a estrutura do clube, inclusive o
departamento de futebol profissional.
- Existe um investimento, uma aplicação que o Vitória
realiza. Essa aplicação não decorre exatamente para o projeto Arena, é um investimento
para que o Vitória possa arcar com suas despesas e com o pagamento de seus
compromissos. Isso vem principalmente da receita extraordinária que o clube
obteve com a negociação com a emissora de TV. As luvas principalmente. Não é um
fundo para a Arena. Existe uma aplicação, e esse investimento é para o todo,
não exatamente para a Arena. (...)
Faz parte do orçamento anual do clube. Está sendo
trabalhado para potencializar nossa atividade principal, temos investimentos em
esportes olímpicos, futebol feminino, futebol de base, mas o principal é para
ampliar nossa competitividade no futebol.
O projeto
da Arena Barradão previa um estádio com capacidade para 35 mil pessoas,
espaço lounge, 21 camarotes, cadeiras vip, praça de alimentação, loja,
museu, estacionamento com 2.500 vagas, centro administrativo e hotelaria
para a divisão de base. Mas, por enquanto, tudo fica na base da
promessa feita em 2016.
(OBS. DO BLOG:
VEJA O VÍDEO CLICANDO NO LINK DA FONTE ACIMA)
VEJA O VÍDEO CLICANDO NO LINK DA FONTE ACIMA)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/ba/futebol/times/vitoria/noticia/2017/03/diretor-prega-cautela-sobre-arena-barradao-esta-em-fase-de-estudos.html
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