quarta-feira, 1 de março de 2017

Diretor prega cautela sobre Arena Barradão: “Está em fase de estudos”



VITÓRIA



Augusto Vasconcelos, diretor jurídico do Vitória, diz que clube estuda viabilização do projeto do estádio, que consumiria de R$ 25 a R$ 30 milhões de investimento inicial



Por
Salvador



No dia 26 de janeiro de 2016, no intervalo do amistoso contra o Tianjin Quanjin, a torcida do Vitória recebeu uma promessa da diretoria comandada por Raimundo Queiroz e Manoel Matos. No telão da Arena Fonte Nova foi exibido um vídeo que ilustrava o projeto que transformaria o Barradão em Arena. O plano incluía a implantação de cobertura nas arquibancadas e modernização das demais estruturas do estádio. Não havia nada físico para ilustrar a ideia, e nenhuma outra informação foi repassada na ocasião. Os detalhes só foram apresentados no fim de semana seguinte. A meta de inauguração era maio de 2019, quando o clube completará 120 anos. No entanto, o prazo dificilmente será cumprido.

Pouco mais de um ano se passou desde a primeira apresentação da Arena Barradão. Os prazos definidos no lançamento previam que o projeto executivo fosse apresentado no último mês de janeiro. O assunto, contudo, ficou esquecido. A nova diretoria, empossada em dezembro de 2016 com eleição da chapa Vitória do Torcedor, liderada por Ivã de Almeida, trata a construção do novo estádio com cautela. As discussões com as partes envolvidas foram retomadas. E o dinheiro é o detalhe que trava o processo.


Em entrevista ao GloboEsporte.com, o diretor jurídico do Vitória, Augusto Vasconcelos, detalhou o atual estado do projeto. Ele afirma que, nos moldes que foi constituída, a Arena Barradão é inviável para o clube. Logo de início, seria necessário ao Rubro-Negro um investimento de 10% do valor total da obra, orçada no ano passado em R$ 270 milhões. 

- O projeto da Arena Barradão foi tratado inicialmente pela gestão anterior, projeto significativo, que envolve de R$ 250 a RS 300 milhões. Existe uma holding [empresa] que está tratando o assunto conosco. Existiria um investimento do Vitória de algo em torno de R$ 30 milhões, de modo que a diretoria atual está adotando uma postura cautelosa em cada aspecto que diz respeito a Arena, tanto nos aspectos jurídicos quanto financeiros. Não podemos entrar em uma aventura onde não tenhamos condições de levar até o final. Entendemos que é importante que o Barradão passe por melhorias, que a infraestrutura seja atualizada e modernizada. Mas não queremos colocar a solvência financeira do Vitória em risco. Por isso adotamos a postura de realizar mais reuniões, tivemos reuniões com o arquiteto, com investidores. Estamos buscando alternativas.

Como vou gastar R$ 30 milhões no projeto Arena Barradão se a gente não consegue arcar com o time profissional sem esse R$ 30 mi? Esse dinheiro faz muita falta". 
Augusto Vasconcelos

Na apresentação do projeto, a previsão era de que as obras durassem aproximadamente um ano e meio. Desta forma, para cumprir o prazo de inauguração, as intervenções teriam que ser iniciadas até novembro deste ano. Segundo Augusto Vasconcelos, a Arena Barradão está em fase de estudos. A diretoria busca uma forma de viabilizar a modernização do estádio sem que haja a necessidade de gastar grandes quantias para tanto.  

- O projeto no estágio atual está em fase de estudos. Temos menos de dois meses à frente do clube. Estamos completando dois meses. Nossa prioridade é a montagem do elenco profissional e aperfeiçoar a atuação dos departamentos. Evidente que essa fase da Arena Barradão estamos estudando, tivemos reuniões com arquitetos, investidores. Não fechamos o assunto, estamos tratando do assunto. Porém a diretoria ainda não tomou uma decisão final sobre qual modelo de negócio será implementado. Estamos acompanhando todas as fases do projeto, não descartamos, mas não levamos adiante como prioridade. (...) Os prazos estão sendo rediscutidos. O que a gente quer fazer na verdade é fazer uma nova modelagem financeira. O projeto anterior prevê que o Vitória faça um investimento de 10% do valor total. O projeto gira em torno de R$ 250 a R$ 300 milhões, o Vitória teria que investir de imediato R$ 30 milhões. Não temos esse dinheiro. Estamos buscando outra modelagem.
 Se o investimento for feito de outra forma, podemos discutir. Por isso não descartamos ainda. Mas não tem condições de cumprir com um investimento de R$ 30 milhões. A torcida nos elegeu para montar um time competitivo, entre outras coisas. Por isso fizemos investimento alto na montagem do elenco.


MONTAGEM  DE ELENCO É PRIORIFADE

Para 2017, o Conselho Deliberativo do clube aprovou um orçamento de R$ 83,4 milhões, 8,9% a mais do que no ano passado. Deste montante, R$ 49,2 milhões irão para o futebol profissional, sendo que R$ 33,7 milhões para a folha salarial, o que daria uma média de R$ 2,8 milhões por mês.
 
A contrapartida de 10% do Vitória para a construção da Arena Barradão abocanharia, portanto, 35% do orçamento total previsto para a temporada. Augusto Vasconcelos conta que a diretoria optou por utilizar o dinheiro para formar um elenco competitivo. O projeto do estádio ficou em segundo plano.

Vitória; Barradão; treino (Foto: Thiago Pereira)
Diretor do Vitória afirma que projeto da Arena 
demanda R$ 30 milhões do clube 
(Foto: Thiago Pereira)


- Não estamos tratando esse assunto [Arena Barradão] como prioridade, como assunto principal, tendo em vista que nossa prioridade é a montagem de um elenco competitivo, queremos ser vencedores em campo. Nossa filosofia é a de construir um time competitivo. Isso significa recursos e gastamos boa parte dos nossos recursos na montagem do elenco profissional. Além da realização de outros investimentos, temos melhorias sendo realizadas no Barradão. Quem acompanha os jogos percebe melhorias relacionadas ao marketing, ao estacionamento, energia solar, que pode gerar fonte de receita para o clube. Mas nossa prioridade, o que nós estamos preocupados, é o elenco profissional. Como vou gastar R$ 30 milhões no projeto Arena Barradão se a gente não consegue arcar com o time profissional sem esse R$ 30 mi? Esse dinheiro faz muita falta. Não fechamos as portas para o projeto. Desde que o Vitória não realize investimentos de grande monta, como está sendo apresentado. Não vamos colocar o Vitória em risco nem vamos fazer nenhuma aventura financeira que prejudique o Vitória.

Até o momento, o elenco do Vitória ganhou 16 novas peças para a temporada. A última contratação foi o lateral-direito Patric, emprestado pelo Atlético-MG. O número pode subir ainda mais, uma vez que o clube ainda não assinou contrato com o boliviano Bhryan Bacca, e novos reforços podem desembarcar na Toca do Leão até o início do Campeonato Brasileiro. 

Augusto Vasconcelos reforça que a Arena Barradão será discutida apenas após a formação do elenco. O diretor jurídico enfatiza também que, apesar do projeto não possuir prazo para sair do papel, intervenções serão realizadas no estádio para modernizar as estruturas. 

- Nossa prioridade é manter um elenco competitivo que nos faça vencedores em campo. A partir daí vamos tratar do assunto da melhoria da estrutura e especialmente da Arena Barradão. O que não quer dizer que não estamos programando investimentos no Barradão, estudos de viabilidade. Estamos programando e o torcedor vai ter surpresas. O projeto Arena Barradão está sendo estudado com mais cautela para não desequilibrar financeiramente o clube. 


E O FUTURO?

O diretor jurídico do Vitória diz que a Arena Barradão está em debate interno no clube. A busca é por uma fórmula que não esvazie os cofres rubro-negros. Não existe uma definição acerca do modelo a ser seguido. A prioridade é que a modernização do estádio não exija grandes recursos da agremiação.
Não podemos entrar em uma aventura onde não tenhamos condições de levar até o final. Entendemos que é importante que o Barradão passe por melhorias, que a infraestrutura seja atualizada e modernizada. Mas não queremos colocar a solvência financeira do Vitória em risco". 
Augusto Vasconcelos

 - Esse assunto está em debate. Não temos modelo a ser seguido. Queremos construir nosso modelo, a nossa fórmula. Entendemos que o Barradão precisa potencializar nossas receitas, ser sustentável, não é um estádio por um estádio, uma arena por uma arena. Estamos discutindo isso como fruto de um projeto de médio prazo. Isso implica um debate sobre finanças, questões orçamentarias. Hoje o Vitória não teria dinheiro para investir 10% do valor da obra. O que queremos discutir é um modelo que tenha investidores que coloquem recursos e possamos alongar prazos para que realizem amortizações. Hoje o Vitória não teria como dispor de R$ 30 milhões para poder levar adiante esse projeto. Estamos com muita cautela, sem descartar opções, mas tendo muita tranquilidade para não tomar nenhuma postura apressada que possa prejudicar o clube. (...) Envolve um investimento muito alto, o Vitória não tem de onde tirar R$ 30 milhões. Estamos criando musculatura financeira para promover um debate para se aprofundar sobre isso. É uma decisão que não vamos tomar de maneira isolada. Vamos ouvir nosso conselho, ouvir a diretoria para tomar uma decisão responsável.
 
Sobre um possível fundo criado especificamente para a construção da Arena Barradão, Augusto Vasconcelos afirma que o Vitória possui um investimento que serve para municiar toda a estrutura do clube, inclusive o departamento de futebol profissional. 

- Existe um investimento, uma aplicação que o Vitória realiza. Essa aplicação não decorre exatamente para o projeto Arena, é um investimento para que o Vitória possa arcar com suas despesas e com o pagamento de seus compromissos. Isso vem principalmente da receita extraordinária que o clube obteve com a negociação com a emissora de TV. As luvas principalmente. Não é um fundo para a Arena. Existe uma aplicação, e esse investimento é para o todo, não exatamente para a Arena. (...) 

Faz parte do orçamento anual do clube. Está sendo trabalhado para potencializar nossa atividade principal, temos investimentos em esportes olímpicos, futebol feminino, futebol de base, mas o principal é para ampliar nossa competitividade no futebol.

O projeto da Arena Barradão previa um estádio com capacidade para 35 mil pessoas, espaço lounge, 21 camarotes, cadeiras vip, praça de alimentação, loja, museu, estacionamento com 2.500 vagas, centro administrativo e hotelaria para a divisão de base. Mas, por enquanto, tudo fica na base da promessa feita em 2016.


(OBS. DO BLOG:
VEJA O VÍDEO CLICANDO NO LINK DA FONTE ACIMA)


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/ba/futebol/times/vitoria/noticia/2017/03/diretor-prega-cautela-sobre-arena-barradao-esta-em-fase-de-estudos.html

Nenhum comentário: