FONTE:
http://www.conversaafiada.com.br/brasil/carina-da-une-a-luta-continua-em-2017
A juventude está em alerta, Temer!
Crédito: GGN
O Conversa Afiada publica coluna de Carina Vitral, presidenta da UNE:
O ano de 2016, na história do Brasil, começou com 30 dias de antecedência. Em dois de dezembro de 2015, o então presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha aceitou um pedido de impeachment contra a presidenta eleita da República, Dilma Rousseff, mesmo sem a existência de um crime de responsabilidade sobre ela, com o objetivo de auxiliar os perdedores inconformados das últimas eleições e tentar desviar o foco das denúncias de corrupção que recaíam sobre ele e sobre boa parte do Congresso. Era o prenúncio das dificuldades que viriam nos próximos meses.
O golpe de 2016, porém, encontrou dura resistência dos movimentos sociais e em especial da juventude, que marcaram sua posição nas ruas lutando ao lado da democracia. Desde o mês de março, as enormes manifestações da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo, ambas coalizões com forte participação da UNE e dos estudantes, minaram a falsa narrativa golpista de que o impeachment teria apoio irrestrito da sociedade. Apesar do boicote da chamada grande imprensa, os atos em defesa da legalidade e pela permanência de Dilma foram um marco na história das mobilizações populares do país.
Dentro das universidades, foram montadas centenas de comitês universitários pela democracia, envolvendo alunos, professores e comunidade acadêmica. No dia 17 de abril, data de votação do impeachment na Câmara, os estudantes integraram a grande passeata dos movimentos sociais em Brasília. Já no dia 29, realizaram paralisações em 100 universidades de 18 estados. Após a montagem do governo ilegítimo de Michel Temer, a juventude denunciou o desmanche na área da educação e as relações do ministro Mendonça Filho com os grandes grupos financeiros do mercado privado educacional. Os jovens também estiveram ao lado de artistas e produtores na linha de frente das ocupações do setor cultural, que conseguiram barrar a extinção do Ministério da Cultura.
A principal característica do projeto político que foi instaurado no Brasil neste ano é a pressa para impor uma agenda de redução de direitos que não seria aprovada pelas urnas. Nesse sentido, nenhuma outra medida recebeu tanta oposição da sociedade como a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55 que congela por 20 anos os investimentos sociais do país, incluindo áreas como a educação, a saúde e a assistência social. As conseqüências são graves para o ensino público e representam, por exemplo, o sepultamento do Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado em 2014 e que ditou as bases para o desenvolvimento do setor.
Contra a PEC, estudantes se mobilizaram de norte a sul e foram a Brasília em uma grande marcha no dia 29 de novembro. Apesar da maioria da população brasileira ser contrária à medida, a resposta do governo Temer às críticas foi a saraivada de bombas, balas de borracha e cacetadas da cavalaria da Polícia Militar. Ainda assim, os protestos continuaram por todo o país. Entre as diferentes formas de mobilização, nenhuma foi tão grande e teve tanto alcance quanto às ocupações estudantis, que começaram no movimento secundarista – também em oposição à medida provisória que deforma o ensino médio - e alcançaram mais de mil escolas, passando em seguida para as universidades. Com as ocupações, os estudantes tomaram a frente no protagonismo de luta contra o golpe.
A principal característica do projeto político que foi instaurado no Brasil neste ano é a pressa para impor uma agenda de redução de direitos que não seria aprovada pelas urnas. Nesse sentido, nenhuma outra medida recebeu tanta oposição da sociedade como a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55 que congela por 20 anos os investimentos sociais do país, incluindo áreas como a educação, a saúde e a assistência social. As conseqüências são graves para o ensino público e representam, por exemplo, o sepultamento do Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado em 2014 e que ditou as bases para o desenvolvimento do setor.
Contra a PEC, estudantes se mobilizaram de norte a sul e foram a Brasília em uma grande marcha no dia 29 de novembro. Apesar da maioria da população brasileira ser contrária à medida, a resposta do governo Temer às críticas foi a saraivada de bombas, balas de borracha e cacetadas da cavalaria da Polícia Militar. Ainda assim, os protestos continuaram por todo o país. Entre as diferentes formas de mobilização, nenhuma foi tão grande e teve tanto alcance quanto às ocupações estudantis, que começaram no movimento secundarista – também em oposição à medida provisória que deforma o ensino médio - e alcançaram mais de mil escolas, passando em seguida para as universidades. Com as ocupações, os estudantes tomaram a frente no protagonismo de luta contra o golpe.
Ao recapitular o que aconteceu neste ano tão dramático para o país, resta a constatação de que, se a ofensiva golpista foi forte, a resistência dos movimentos sociais também foi. A juventude está alerta, descobrindo novas formas de organização, avaliando o quadro nacional neste momento - que conta com a grande instabilidade do governo Temer e a possibilidade de eleições diretas – planejando a agenda de mobilizações 2017. É neste clima que convidamos todas e todos para a Bienal da UNE, na cidade de Fortaleza, a partir do dia 29 de janeiro, quando reuniremos estudantes, artistas, políticos, intelectuais de todo o Brasil e do exterior para refletir sobre os nossos objetivos. O tema do encontro, neste momento, não poderia ser mais adequado, “Feira da Reinvenção”.
Lembraremos de 2016 como o ano no qual não dormimos, no qual fomos alvejados, bombardeados, no qual tivemos nossos direitos ameaçados, fomos trapaceados, furtados. Lembraremos de 2016 como o ano em que botamos à prova as nossas forças, que precisamos unir as mãos e defender a nossa democracia, em que conhecemos o olho do furacão. Lembraremos da nossa capacidade de dar a volta por cima em um momento crítico e ampliar as nossas trincheiras. Lembraremos de tudo que fomos capazes neste ano, para saber do que ainda podemos ser. A nossa luta não acabou. Não vamos parar.
Lembraremos de 2016 como o ano no qual não dormimos, no qual fomos alvejados, bombardeados, no qual tivemos nossos direitos ameaçados, fomos trapaceados, furtados. Lembraremos de 2016 como o ano em que botamos à prova as nossas forças, que precisamos unir as mãos e defender a nossa democracia, em que conhecemos o olho do furacão. Lembraremos da nossa capacidade de dar a volta por cima em um momento crítico e ampliar as nossas trincheiras. Lembraremos de tudo que fomos capazes neste ano, para saber do que ainda podemos ser. A nossa luta não acabou. Não vamos parar.
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