sábado, 2 de abril de 2016

Nas quartas em Bells, Italo aposta no estilo agressivo para voar alto na elite


Potiguar de Baía Formosa, que surfava na infância em isopor, supera passado difícil, expande negócios para família e hoje é apontado como candidato ao título mundial




Por
Rio de Janeiro





O estilo agressivo, seja através das mais progressivas manobras e dos modernos aéreos ou em sua habilidade de entubar em ondas pesadas, contrasta com o jeito tranquilo, leve e brincalhão fora do mar. Quem vê Italo Ferreira se arriscar para romper os próprios limites, desbancando mitos como Kelly Slater e Mick Fanning, não imagina a sua trajetória até chegar ao seleto grupo dos 34 melhores surfistas do mundo. Melhor estreante e top 7 do ranking mundial no ano passado, o atleta de 21 anos superou um passado difícil para se tornar uma referência e transformar a realidade ao seu redor. Sem uma prancha própria quando criança, começou a surfar em um isopor, aos 8 anos. Usava ainda as emprestadas pelos primos até ganhar uma de presente do pai, aos 11. Foi o suficiente para despontar no esporte de forma meteórica. Hoje, Italo é um dos candidatos ao título mundial em 2016.
O brasileiro ainda está na Austrália, onde defende a bandeira verde e amarela na segunda etapa do Circuito Mundial de 2016, em Bells Beach. Ele é um dos três brasileiros ainda com chances de vencer a competição e já assegurou vaga nas quartas de final - assim como Wiggolly Dantas. Estreante na elite nesta temporada, Caio Ibelli ainda luta pela sobrevivência na repescagem (quinta fase). A próxima chamada para avaliar as condições do mar será neste sábado, às 18h (horário de Brasília).

- Eu gosto de arriscar e fazer as coisas mais difíceis. Não gosto de fazer só o básico, gosto de elevar meus limites e puxar o máximo de mim. Mesmo errando bastante, tento me adaptar aos diferentes tipos de manobras e colocar na bateria o que acredito que faça a diferença. Tento as manobras arriscadas, que impressionam as pessoas. E, pessoalmente, sou tranquilo e gosto de brincar bastante. Às vezes, falam até que eu sou chato, mas acredito que não conseguem viver sem a minha presença, sem as minhas brincadeiras (risos). A gente está longe de casa, não tem a família do lado, então, tento sempre manter aquele sorriso no rosto e me divertir com as pessoas. Você tem de abrir mão de várias coisas, da sua casa, família, namorada, então, sou sempre alegre. Estou correndo atrás de um sonho e é isso que eu tenho na minha cabeça - contou o potiguar.

Italo Ferreira na Gold Coast australiana, palco da primeira etapa do Circuito Mundial (Foto: Carol Fontes)
Italo Ferreira na Gold Coast australiana, palco
 da primeira etapa do Circuito Mundial
 (Foto: Carol Fontes)


- Estou viajando, mas com um objetivo. Às vezes, fico triste por estar longe, mas aí vem os pensamentos de quando eu era criança, de quando eu sonhava estar aqui, viajar o mundo, conhecer culturas, pessoas e lugares que eu só via em vídeos... Você precisa abrir mão de tudo o que você tem na sua casa para viajar e correr atrás dos seus sonhos. Quando fico triste e lembro do meu passado, vejo que as coisas estão muito boas. Deus me deu essa oportunidade e eu tenho que abraçar com todas as minhas forças - acrescentou.

Na Gold Coast, Italo Ferreira aponta para onde quer chegar no Circuito Mundial: número um (Foto: Carol Fontes)
Na Gold Coast, Italo Ferreira aponta par
a onde quer chegar no Circuito Mundial:
 número um (Foto: Carol Fontes)


ANO PERFEITO

Italo Ferreira surfe portugal (Foto: Damien Poullenot/WSL)Em Portugal, Italo acertou aéreo impressionante e ganhou nota 9.93 (Foto: Damien Poullenot/WSL)


Se há dois anos, o objetivo era apenas garantir uma pontuação suficiente para correr as etapas Prime (mais valiosas) do QS, a divisão de acesso, Italo foi além. Campeão brasileiro e vice mundial pela categoria júnior, ele ainda colecionou bons resultados no ranking que distribui 10 vagas para a elite: terceiro lugar em Los Cabos, no México, e em Maresias, no litoral paulista, assim como o quinto na Praia da Joaquina (SC), nos Açores e em Cascais, Portugal. Assim, carimbou o passaporte para o Circuito Mundial de 2015.

Italo foi um dos mais regulares da temporada em que terminou como o melhor calouro. Sem medo dos grandes nomes do surfe, já surpreendeu logo na primeira de 11 paradas do Tour, na Gold Coast, ao eliminar Kelly Slater na terceira fase. Eles se reencontraram em Fiji, e o potiguar voltou a derrubar o 11 vezes campeão mundial, desta vez, na quinta fase. Ele também foi algoz de Mick Fanning na estreia pela etapa brasileira, no Rio de Janeiro.

Italo chegou nas semifinais no Rio, às quartas em Fiji, na França e em Teahupoo, e teve como melhor resultado o vice na etapa portuguesa, em Peniche. Vale lembrar que antes de brigar pelo título em Portugal, derrotou duas vezes Gabriel Medina, na quarta fase e nas quartas de final. Superou nas semifinais o local Vasco Ribeiro, que havia lhe vencido na decisão do Mundial júnior, em 2014, e fez uma das mais emocionantes finais da temporada contra Filipe Toledo. Se tivesse ganhado de Filipinho, o potiguar iria para o Pipeline Masters, no Havaí, com chances de terminar o ano como o número um do mundo. Missão que ele espera cumprir em 2016.

- O ano passado foi incrível, consegui todos os objetivos que eu tracei no início de 2015. Eu avalio como um ano perfeito. Fiquei entre os 10 melhores surfistas do mundo e fui o estreante do ano. No início da temporada aqui na Austrália, não consegui bons resultados (9º lugar na Gold Coast, 25º em Bells Beach e 13º em Margaret River), mas, a partir do Rio, consegui ótimos resultados. Me mantive no top 10 até Pipe e acabei finalizando em sétimo. Consegui quase tudo, só faltou o primeiro lugar, mas, quem sabe, este ano. Vou estar ali brigando - disse Italo.



Embora tenha perdido para Filipinho por 17.83 a 17.13, Italo considera este o seu momento mais marcante em um ano mágico. Foi lá que decolou em um dos aéreos mais altos da carreira, que lhe rendeu nota 9.93 (confira no vídeo clicando no LINK da FONTE no final da matéria abaixo), em sua primeira final na elite do surfe.

- A bateria mais especial foi contra o Filipe em Portugal. Foi a minha primeira final no Circuito Mundial. Ele acabou vencendo e eu fiquei em segundo, mas eu acredito que eu consegui mostrar tudo o que eu sei fazer naquele evento. Mandei um dos maiores aéreos que eu já mandei na vida naquela bateria. Consegui boas notas, baterias excelentes e cheguei à grande final. Foi uma bateria que me marcou bastante, e eu quase venci. Se tivesse mais um minutinho, eu teria vencido. Veio uma onda ali no final assim que acabou a bateria e eu sabia que poderia virar. Eu tinha mandado dois aéreos na mesma onda, mas não era o meu dia. Era o dia do Filipe, que estava surfando muito bem. Mas, mesmo não vencendo, foi a bateria mais especial - lembrou.

Italo Ferreira treinando0 em Teahupoo, no Taiti, a mais temida bancada do mundo, com onda que pedra sobre corais venenosos a 1,5m de profundidade (Foto: WSL / Kelly Cestari)
Italo Ferreira treinando0 em Teahupoo, no Taiti,
 a mais temida bancada do mundo, com onda
 que pedra sobre corais venenosos a 1,5m de
 profundidade (Foto: WSL / Kelly Cestari)


BUSCA PELO TÍTULO

Apesar de jovem, aos 21, Italo já é apontado como um possível campeão mundial em um futuro próximo, sendo um dos surfistas mais completos do Tour. Uma de suas maiores inspirações rumo ao topo é o australiano tricampeão mundial Mick Fanning, o rei do "power surf" - estilo clássico, baseado na força das manobras. Quando quer inovar e arriscar manobras com um alto grau de dificuldade, ele se espelha no amigo Gabriel Medina e no californiano Clay Marzo, criado em Lahaina, na ilha havaiana de Maui, e que tem a radicalidade como a sua maior marca.  

- O cara que eu mais me inspiro é o Mick Fanning. Um atleta incrível e um exemplo que todos deveriam seguir, um surfista muito determinado e disciplinado. Todo o ano, o Mick está brigando pelo título. Não é à toa que ele é um dos melhores de todos os tempos. Eu procuro saber como ele treina e o que ele faz, tento puxar essas coisas para dentro de mim e tentar ser disciplinado como ele. Um atleta precisa ter disciplina e foco. E para esse estilo mais moderno, eu me inspiro no Clay Marzo, um moleque de Maui que faz umas manobras muito loucas. E tem também o Gabriel, que é outro moleque que me coloca sempre no limite. Ele também é muito disciplinado e dedicado e faz as manobras que eu gosto de ver. Tento puxar um pouco de cada um - explicou.

Italo Ferreira acerta um floater no fim da bateria em que derrotou Kelly Slater em Fiji (Foto: WSL / Kirstin)Italo Ferreira acerta floater no fim da bateria em que derrotou Kelly Slater em Fiji (Foto: WSL/Kirstin)


Para Italo, ainda é cedo para falar sobre o título, porém, ele não medirá esforços, sem deixar nunca de se divertir na água. Afinal, o mar é também a sua terapia. Na alegria e na tristeza, é ali que ele prefere estar sempre. Pode até parecer engraçado, mas este é o lugar ideal para deixá-lo tranquilo seja qual for a circunstância. Ele destacou o alto nível dos competidores nesta temporada, mas disse que depende apenas de si mesmo para chegar ao topo.

- A briga está muito grande este ano. É muito cedo para falar de título, mas eu vou correr atrás. É meu desejo e meu objetivo, mas eu só quero me divertir e aproveitar, fazer baterias boas, pegar boas ondas, conseguir bons resultados e chegar no fim do ano com chances, sem pressão nenhuma. Vou me divertir com responsabilidade, sempre com um sorriso no rosto e ir para cima de seja lá quem for. Pode ser qualquer um, que eu vou entrar com o mesmo objetivo de passar a bateria. Tenho muitos objetivos e desejos e espero alcançá-los. Vou me dedicar muito. Tenho um suporte incrível por trás e só depende de mim agora - garantiu o potiguar. 


PASSADO DIFICIL

Italo Ferreira na Gold Coast australiana, palco da primeira etapa do Circuito Mundial (Foto: Carol Fontes)Italo Ferreira, de skate, na Gold Coast australiana; surfe é passatempo favorito (Foto: Carol Fontes)


A coragem para enfrentar os melhores surfistas do mundo vem de berço. Assim como muitos brasileiros, Italo driblou as dificuldades impostas pela vida e lutou para conquistar cada um de seus objetivos. No início da carreira, ainda sem patrocínio e dinheiro para viajar, o surfista contou com a família e os amigos. Além da "vaquinha", eles abasteciam a sua mochila com biscoitos e outras comidas compradas no mercado para as competições nos finais de semana. Atualmente, o cenário é outro. Viaja o mundo atrás das melhores ondas e tem a estrutura necessária para pensar apenas no surfe, sem esquecer de ajudar os que precisam.  

- Quando eu era moleque, andava de skate, gostava de música... Aí entrou o surfe. Eu via os meus primos surfando e tive o interesse de aprender. Onde eu moro é um lugar incrível e muito fácil para aprender a surfar. Eu não tinha prancha e surfava em um isopor. Foi bem engraçada a minha história no início, mas eu também tinha o suporte dos meus primos que me emprestavam as pranchas. Depois, meu pai conseguiu comprar uma prancha para mim, e eu venci o meu primeiro campeonato como estreante lá em Baía Formosa. Depois, disputei estaduais, brasileiros... Como eu não tinha como me bancar, eu ia pedindo dinheiro a um, a outro... Às vezes, ia só com dinheiro da inscrição, mas cheio de biscoitos e outras coisas que compravam no mercado para eu poder competir no final de semana. Nada vem fácil. Por isso, às vezes, quando fico triste, eu olho para trás e vejo que agora está tudo excelente, tudo incrível - revelou Italo.

- Os brasileiros tem muita vontade de vencer e crescer na vida, acredito que todos vieram de famílias humildes que batalharam bastante para chegarem onde estão. Os brasileiros tem muita garra e gana de vencer. E é isso que faz a diferença - completou. 


HABITAT IDEAL

Italo no pôr do sol em Baía Formosa, sua terra natal (Foto: Reprodução/Instagram)Italo no pôr do sol em Baía Formosa, sua terra natal (Foto: Reprodução/Instagram)


Natural de Baía Formosa, município no extremo leste do Rio Grande do Norte, a 90 km ao sul de Natal, Italo foi criado em uma das melhores e mais longas direitas do Brasil. A baía cercada por dunas avermelhadas e falésias é protegida dos ventos do sul e sudeste. As ondas em sua maioria em um fundo de pedra e ficam ainda melhores com um swell de leste e sudeste no inverno ou de nordeste e norte durante o verão. Há qualquer época do ano, é possível surfar. O atleta elegeu a bancada brasileira como sua predileta, superando lugares como Fiji e Taiti.

- Baía Formosa é minha onda número um. Eu conheci Fiji no ano passado e me apaixonei pelo lugar também. Taiti, que eu conheci ano passado também, se tornou-se uma das minhas ondas favoritas. Até porque eu morria de medo do Taiti, só via aquelas ondas gigantes... Mas o lugar é incrível e as pessoas são especiais. Para fechar, outro local que eu me sinto muito bem é Fernando de Noronha. É muito bonito e as pessoas são legais - revelou o atleta.

Italo Ferreira nas Ilhas Fiji pelas lentes de Filipe Toledo (Foto: Reprodução/Instagram)
Italo Ferreira nas Ilhas Fiji pelas lentes de Filipe
 Toledo (Foto: Reprodução/Instagram)


Um dos picos mais procurados pelos surfistas na Baía é o Pontal, em frente à pequena cidade de 8.610 habitantes, segundo dados do IBGE em 2011. A extensa direita tem formação melhor na maré cheia, ideal tanto para profissionais e como iniciantes, enquanto a vazia exige uma maior técnica e habilidade, já que a onda fica mais rápida e qualquer erro pode jogar o surfista nas pedras. O local conhecido como Picão, na vila de pescadores de onde saem as jangadas e os barcos, também tem boas ondulações. São direitas que abrem sobre uma laje de pedras, porém, são menos perigosas que o Pontal, devido a menor quantidade de rochas. 

- A onda de Baía Formosa é uma direta que quebra sobre um fundo de pedra, uma onda muito perfeita e fácil de surfar. Às vezes, é bem difícil. Quando a maré está cheia, é tranquilo, pois a onda não corre muito e você tem tempo e espaço para executar as manobras. Quando a maré seca, fica muita pedra, e a onda fica mais rápida... Sempre quando eu estou lá eu me machuco, porque na maré seca fica bem difícil de surfar, mas é uma onda muito divertida ao mesmo tempo. Foi lá que eu aprendi a surfar. É muito fácil aprender na maré cheia.

Italo Ferreira em seu habitat ideal: o mar. Ao fundo, fotógrafo faz foto de Gabriel Medina no tubo  (Foto: WSL / Kelly Cestari)Italo Ferreira em seu habitat ideal: o mar (Foto: WSL / Kelly Cestari)


Italo deu os primeiros passos no surfe aos oito anos por influência dos primos. O fato de não ter uma prancha nunca o impediu de praticar o esporte. No início, usava a tampa de um isopor que o pai usava para guardar os peixes que vendia. Era o suficiente para a diversão. Ele começou a usar ainda as pranchas emprestadas dos primos e ganhou a primeira de presente do pai, aos 11. Nesse mesmo ano, ganhou o primeiro campeonato. Passou a competir não só na sua cidade, como no Nordeste e em outros estados brasileiros. A terra natal continua sendo o seu porto seguro. Toda a vez que precisa recarregar as energias para o Circuito Mundial, é para lá que ele foge. Um ambiente calmo, longe de festas e ao lado da família, do jeito que ele gosta.

- Tento sempre voltar para casa antes de alguns eventos para treinar e recarregar as energias antes de viajar. Baía Formosa é um lugar bem tranquilo e sossegado, não tem balada, não tem essas festas que existem nos outros lugares e que, às vezes, podem tirar o foco. Eu não gosto desse tipo de coisa, mas la é o lugar ideal, onde você pode parar, botar a cabeça no lugar e focar novamente. É até engraçado, mas o meu passatempo preferido é o surfe. Quando eu fico estressado ou triste, vou para água. É a única coisa que me faz bem e me deixa tranquilo. Me faz esquecer das coisas. O mar é o lugar que eu quero estar nos momentos mais felizes e mais difíceis. Mas outras coisas que desviam também é estar feliz com os amigos, a família, a namorada e fazendo "surf trip" (viagem de surfe) - afirmou Italo.

Italo Ferreira antes de sair do tubo em sua primeira vez em Teahupoo, no Taiti, no ano passado. Surfista agora tem a onda como uma de suas prediletas (Foto: WSL / Kelly Cestari)
Italo Ferreira antes de sair do tubo em sua primeira
 vez em Teahupoo, no Taiti, no ano passado. Surfista
 agora tem a onda como uma de suas prediletas
 (Foto: WSL / Kelly Cestari)


CAÇADOR DE SONHOS

Italo Ferreira fala sobre inauguração da Pousada do Porto, em Baía Formosa  (Foto: Instagram / Italo Ferreira)Italo Ferreira apresenta Pousada do Porto, em Baía Formosa (Foto: Instagram / Italo Ferreira)


De origem humilde, o potiguar de Baía Formosa viu os pais batalharem desde cedo. A mãe vendia coxinhas em uma escola e o pai ainda vende peixes na Pipa e em outras praias do litoral do Rio Grande do Norte. Quando as contas apertaram, a família mudou-se de Natal para Baía Formosa, e o surfe trouxe um novo rumo na vida dos Ferreira. Eles ganharam um espaço na casa da avó de Italo, onde vivem até hoje, e, aos poucos, expandem os negócios pela região. 

Através do seu talento no esporte, o surfista pôde fazer a família a sonhar. Construiu uma pousada em sua terra natal e deu para a mãe e a irmã administrarem. Um barco que realiza passeios pela baía também foi outra empreitada conquistada graças ao trabalho do surfista. Recentemente, ele deu duas pranchas para a irmã vender e poder abrir uma loja de biquínis.

- Dar uma estrutura melhor para a minha família é um dos meus objetivos e algo que me motiva bastante: dar um carro, uma casa boa, ter o que comer todos os dias... Agradeço a Deus por ter a oportunidade de mostrar o meu talento para as pessoas e ao mesmo tempo ajudar a minha família. Eles me ajudaram no início da carreira e agora eu tenho que ajudá-los. Há alguns meses, terminei a pousada na Praia do Porto e dei para minha mãe e minha irma. Tenho um barco também que faz passeio, carros, enfim, coisas que antigamente a gente não tinha e eu consegui com o meu trabalho. Isso é muito gratificante: poder ajudar a família com o que eu faço.

- A Poliana, minha irmã, está cuidando da pousada com a minha mãe e agora vai abrir uma lojinha de biquínis. Ela veio para mim disse: “Ô Italo, eu estou com um objetivo de abrir uma lojinha, você pode me ajudar?". Eu falei: "Vende duas pranchas minhas que você começa”. É uma aposta que ela está fazendo. Tomara que dê tudo certo. Fico muito feliz de poder ajudar as pessoas, não só a ela e a minha família, mas as crianças em Baía Formosa, dando pranchas e roupas. Recentemente, troquei de patrocínio e doei todas as minhas roupas e coisas para primos e amigos. E quando eu tenho prancha e vejo algum moleque que realmente precisa, eu vou lá e ajudo. Não peço nada em troca, só quero ver a pessoa feliz. Não tenho nem palavras para descrever isso, de poder ver o sorriso no rosto de uma pessoa - declarou o surfista.


NORDESTE COMO CELEIRO DE ATLETAS

Italo Ferreira na Gold Coast australiana, palco da primeira etapa do Circuito Mundial (Foto: Carol Fontes)Italo Ferreira foi eleito o melhor estreante do ano passado. Na foto, ele na Gold (Foto: Carol Fontes)


Referência em Baía Formosa, ele não só inspira crianças e adolescentes na região, como também tem como missão dar um futuro melhor àqueles que não tiveram a sua chance. Embora o litoral paulista seja o maior celeiro de atletas atualmente no surfe, Italo acredita que o Nordeste desperdiça muitos de seus talentos pela falta de oportunidade e incentivo. Por isso, sempre que pode, ele oferece roupas e pranchas aos mais pobres. Quando mudou de patrocinador, por exemplo, doou tudo o que tinha da antiga marca.

- O fato de me verem na elite abre a cabeça das crianças, que veem que é possível chegar lá mesmo com todas as dificuldades. Vejo o esforço de todos. Quando vejo alguém que passou pelo que eu passei, eu sempre vou ajudar. Para quem é de Baía Formosa, é difícil você ter o suporte pra sair de lé e disputar os eventos, porque hoje em dia tudo é caro. Se você não tiver um apoio, você não consegue. A não ser que a sua família tenha uma vida financeira boa e possa te ajudar, sem necessidade de um patrocínio. Vejo muitos atletas desistindo porque não tem esse tipo suporte que deixe tudo fácil pra ele ir aos eventos e competir - analisou Italo.

- O Nordeste deveria ter muito mais atletas no Circuito Mundial do que só eu e o Jadson (André). Mas, por causa dessa estrutura que os atletas não tem, eles não desenvolvem. É bem difícil, mas acho que se houvesse um suporte a mais, o Nordeste seria também uma potência como São Paulo, que coloca vários surfistas no Circuito Mundial - acrescentou o potiguar.


BATERIAS DA QUINTA FASE EM BELLS BEACH

1. Nat Young (EUA) 16,83 x Mason Ho (HAV) 11,67
2. Matt Wilikson (AUS) 16,57 x Julian Wilson (AUS) 16,57
3. Mick Fanning (AUS) x Davey Cathels (AUS)
4. Caio Ibelli (BRA) x Jordy Smith (AFS)


QUARTAS DE FINAL

1. Italo Ferreira (BRA) x Nat Young (EUA)
2. Wiggolly Dantas (BRA) x Matt Wilkinson (AUS)
3. Conner Coffin (EUA) x ganhador da bateria 3 da quinta fase
4. Michel Bourez (TAH) x ganhador da bateria 4 da quinta fase

Italo Ferreira observa o mar na Gold Coast australiana, palco da primeira etapa do Circuito Mundial (Foto: Carol Fontes)
Italo Ferreira observa o mar na Gold Coast 
australiana, palco da primeira etapa do 
Circuito Mundial (Foto: Carol Fontes)


Italo Ferreira na Gold Coast australiana, palco da primeira etapa do Circuito Mundial (Foto: Carol Fontes)
Italo Ferreira em belo cenário na Gold Coast 
australiana, palco da abertura do Circuito
 Mundial (Foto: Carol Fontes)



Italo Ferreira na Gold Coast australiana, palco da primeira etapa do Circuito Mundial (Foto: Carol Fontes)
Italo Ferreira na Gold Coast australiana, palco 
da primeira etapa do Circuito Mundial 
(Foto: Carol Fontes)


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