quinta-feira, 3 de março de 2016

Mineirinho se inspira em sua história e lema na Austrália: 'Tranquilo, favorável'



MUNDIAL DE SURFE



Atual campeão mundial busca a terceira vitória consecutiva do Brasil na Gold Coast australiana, a partir de 10 de março. Na estreia, Adriano enfrenta Kolohe e convidado




Por
Rio de Janeiro



Adriano de Souza (Mineirinho), em Pipeline, no Havaí (Foto: WSL / Kirstin Scholtz)"Tranquilo e favorável", Adriano 
de Souza mira estreia com pé 
direito (Foto: WSL/Kirstin Scholtz)


Quando pensa em Gold Coast, a primeira coisa a vir ao pensamento de Adriano de Souza é uma nova temporada do Circuito Mundial, afinal, tudo começa na Austrália, a partir de 10 de março (noite de quarta-feira, 9, no Brasil). Primeiro brasileiro a liderar o ranking mundial, segundo do país a erguer o troféu de melhor do mundo e um dos responsáveis por abrir os caminhos do "Brazilian Storm" no surfe, Mineirinho viveu uma batalha de dez anos na elite até a recompensa de uma vida de dedicação.

Atual campeão mundial, o paulista do Guarujá inicia a busca pelo bicampeonato diante do americano Kolohe Andino e um wildcard (convidado), após um mês de treinos no palco do evento e um ajuste fino no Havaí. Ele espera ao menos repetir o resultado do ano passado, quando se despediu da primeira de 11 etapas do Tour em terceiro lugar.

Pela segunda vez consecutiva, o campeão mundial é brasileiro, e o país poderá conquistar a terceira vitória seguida nas direitas de Snapper Rocks, depois de Gabriel Medina (2014) e Filipe Toledo (2015). Se antes, Adriano seguia o bordão "missão dada é missão cumprida", hoje, o lema é outro.
O Ricardinho está comigo o tempo todo, dá para sentir. Busco inspiração na minha história, pois ela mostra que sou capaz. Sobre o bicampeonato, é cedo dizer, mas espero estar na briga. Como disse ano passado, meu objetivo é chegar em Pipe disputando o título"
Adriano de Souza

- Eu quero aproveitar a música do verão e poder dizer "tá tranquilo, tá favorável" no fim de cada etapa - disse Mineirinho, bem humorado.

Inspirado em Ricardinho dos Santos, morto em janeiro do ano passado por um policial militar e uma espécie de "força oculta" a lhe guiar rumo ao topo, Adriano diz que o foco é chegar novamente ao Pipeline Masters com chances de título. Foi na lendária praia do North Shore de Oahu, no Havaí, que ele venceu não são só o  caneco da Liga Mundial de Surfe (WSL), como o da derradeira etapa do Tour, sendo o primeiro brasileiro a alcançar o feito.

- O Ricardinho está comigo o tempo todo, dá para sentir. Busco inspiração na minha história, pois ela mostra que sou capaz. Sobre o bicampeonato, é cedo dizer, mas espero estar na briga. Como disse ano passado, meu objetivo é chegar em Pipe disputando o título - afirmou Adriano.

Adriano de Souza, o Mineirinho, é carregado nas areias de Pipeline e vibra muito com o título mundial (Foto: WSL / Kirstin Scholtz)
Adriano de Souza foi carregado nas areias 
de Pipeline após conquistar o título 
mundial (Foto: WSL / Kirstin Scholtz)


O surfista de origem humilde, filho de uma empregada doméstica e um estivador aposentados, cresceu na favela de Santo Antônio e deu os primeiros passos esporte aos sete anos, graças a um presente do irmão, Ângelo de Souza. A prancha de R$ 30, em segunda mão e já deteriorada pelo tempo, renovou as esperanças de um futuro melhor para família, mas, acima de tudo, era uma forma de afastá-lo da violência e outros problemas da periferia do Guarujá. Desde cedo, o seu talento foi lapidado e ele foi rompendo barreiras.

Aos 15 anos, em 2002, Mineirinho foi o mais jovem campeão de um campeonato profissional ao vencer o SuperSurf, do Circuito Brasileiro. Em 2004, foi campeão mundial júnior, na Austrália, e, em agosto do ano seguinte, bateu o recorde de pontos no QS, carimbando a vaga entre os melhores do mundo em 2006. Em dez temporadas na elite, ele esteve no top 10 em sete, tornando-se uma das principais referências de uma "geração de ouro", que conta com nomes como nomes como Gabriel Medina, Filipe Toledo, Miguel Pupo, Wiggolly Dantas, Jadson André e Italo Ferreira.


O HOMEM A SER BATIDO

Nesta temporada, o Brasil será representado por 10 surfistas. O recorde é de 2001, quando o esquadrão verde e amarelo veio reforçado por 11. Sem temer os rivais, Mineirinho torce mais um ano de hegemonia brasileira no circuito, porém, sabe que o caminho será árduo.

Estou mais leve. Sei que tive um ano maravilhoso que se passou, porém, sei que as cobranças serão ainda mais fortes. Não pretendo sossegar com esse título. Agora vou lutar é por mais, já sei como se faz e sou o cara a ser batido esse ano. A responsabilidade dobrou"
Adriano de Souza

- Sabemos que temos muitos concorrentes fantásticos com o Kelly (Slater), o Mick (Fanning), o Julian (Wilson), Jordy (Smith), o John John (Florence) e muitos outros. Uma coisa posso garantir: não é fácil. Nunca é. Sobre nosso elenco, é uma turma forte e acredito que vamos brigar pela vitória em todas as etapas - analisou o paulista.
Atual campeão mundial e primeiro brasileiro Pipe Master, Adriano se vê como o adversário a ser batido em 2016.

- Estou mais leve para seguir trabalhando. Sei que tive um ano maravilhoso que se passou, porém, sei que as cobranças serão ainda mais fortes. Não pretendo sossegar com esse título. Agora vou lutar é por mais, já sei como se faz e sou o cara a ser batido esse ano. A responsabilidade dobrou.


BATERIAS DA  1ª FASE

1: Italo Ferreira (BRA), Keanu Asing (HAV, Ryan Callinan (AUS)
2: Julian Wilson (AUS), Michel Bourez (TAH), Adam Melling (AUS)
3: Filipe Toledo (BRA), Jadson André (BRA), Stu Kennedy (AUS)
4: Gabriel Medina (BRA), Caio Ibelli (BRA), Sebastian Zietz (HAV)
5: Mick Fanning (AUS), Matt Banting (AUS), wildcard
6: Adriano de Souza (BRA), Kolohe Andino (EUA), wildcard
7: Jeremy Flores (FRA), Adrian Buchan (AUS), Davey Cathels (AUS)
8: Kelly Slater (EUA), Matt Wilkinson (AUS), Conner Coffin (EUA)
9: Nat Young (EUA), Kai Otton (AUS), Alex Ribeiro (BRA)
10: Josh Kerr (AUS), Taj Burrow (AUS), Kanoa Igarashi (EUA)
11: Jordy Smith (AFR), Wiggolly Dantas (BRA), Miguel Pupo (BRA)
12: Joel Parkinson (AUS), John John Florence (HAV), Jack Freestone (AUS)


Adriano de Souza Mineirinho Gabriel Medina pódio Pipeline surfe (Foto: Divulgação/WSL)
Mineirinho recebeu troféu de campeão das 
mãos de Gabriel Medina após o Pipeline 
Masters (Foto: Divulgação/WSL)


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