quinta-feira, 3 de março de 2016

Fim do mundo? Chinês começa com mais estrelas e ameaça a hegemonia




FUTEBOL INTERNACIONAL




Campeonato se distancia do perfil de "ex-jogadores em atividade" com estrangeiros convocados para seleções. Penta, Guangzhou de Felipão ainda é o time a ser batido




Por
Rio de Janeiro






Os investimentos recordes feitos na última janela deixam claro: a China já está incluída entre os grandes centros do futebol. O país pode ser longe no que depender de sua referência, mas definitivamente não se trata do fim do mundo. É lá que estrelas como Alex Teixeira, Ramires, Lavezzi, Gervinho, Jackson Martínez e os recém convocados Renato Augusto e Gil jogarão ao longo do ano, contrariando o perfil já distante de “asilo”.

A Superliga chinesa, que dá seu pontapé inicial nesta sexta-feira com Guangzhou R&F x Hebei China Fortune, se livrou da fama de seduzir “ex-atletas em atividade” ao apostar num crescimento que a coloque em condição de rivalizar com a Europa. Os planos são os mesmos da Major League Soccer, dos Estados Unidos, com a diferença substancial na conta bancária. Afinal, em glamour e qualidade de vida, é impossível Pequim e Guangzhou competirem com Nova York ou Los Angeles.


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Charge Mario Alberto China Mario Alberto (Foto: Mario Alberto)
Dragão chinês: rico campeonato ganha visibilidade 
no mundo inteiro (Foto: Mario Alberto)


O aporte financeiro é motivado por nome e sobrenome: Xi Jinping, presidente eleito em 2013. Ele quer revolucionar o futebol no país e transformar a China em potencial sede e campeã da Copa do Mundo. Sua principal medida foi introduzir o esporte desde cedo nas escolas – cerca de 120 técnicos estrangeiros ajudarão no desenvolvimento e capacitação de jovens chineses e professores locais.

O objetivo é ter 20 mil colégios especializados em futebol em 2017 e 50 mil em 2025, produzindo talento local para também fornecer material à seleção, um problema atual para a 96ª colocada no ranking da Fifa (o mais novo da última convocação, Wu Lei, tem 24 anos).

- Vejo o presidente do Jiangsu como um bom exemplo a ser dado em relação ao desejo de a China se tornar um polo importante no futebol. Numa das conversas que tivemos, ele falou que os chineses são apaixonados por futebol e que muitos desses investimentos estão relacionados com a vontade deles de trazer a Copa para o país. Acho que esse processo vai continuar, eles vão seguir investindo pesado, mas vejo a questão do limite de estrangeiros como algo que vai restringir um pouco. Só podem quatro jogadores de fora e um asiático em campo e isso deve conter um pouco esse ímpeto deles de contratar um pouco mais para frente – disse o volante Ramires, ex-Chelsea, contratado com Jô e Alex Teixeira para o Jiangsu Suning.


 Guangzhou Evergrande campeao Supercopa da China (Foto: Reprodução/Sina.com) 
Time a ser batido, Guangzhou já tem um 
título ]em 2016: a Supercopa chinesa 
(Foto: Reprodução/Sina.com)


RUMO AO HEXA?

Um clube em especial também teve enorme contribuição: o Guangzhou Evergrande, extinto Guangzhou Pharmaceutical, propriedade de uma farmácia local. A imobiliária que leva o nome atual comprou a equipe em 2010 por € 14,2 milhões e iniciou uma era hegemônica no país – cabe lembrar que todos da elite têm dono$, a maioria do ramo imobiliário. O time que já foi de Muriqui, Elkeson e Conca hoje é de Ricardo Goulart, Paulinho, Jackson Martínez e Luiz Felipe Scolari.


Renato Augusto Ralf Beijing Guoan (Foto: Sina.com)Os ex-corintianos Renato Augusto e Ralf são dois dos estrangeiros do Beijing Guoan (Foto: Sina.com)


Ídolos se foram, outros chegaram, e o Guangzhou Evergrande se transformou numa potência esportiva: é o atual pentacampeão nacional (2011 a 2015) e por duas vezes conquistou a Liga dos Campeões da Ásia, título que não acabava na China desde 1990. Apesar dos reforços alheios, ainda é considerado o time a ser batido, talvez por influência dos chineses. Nove entre 25 que estiveram nos últimos amistosos da seleção defendem o time, com destaque para o veterano e capitão Zheng Zhi, de 35 anos.

- Antes, quatro ou cinco times brigavam pelo título. Com a chegada de grandes jogadores, e alguns times investindo mais, as coisas mudaram. Hoje tem pelo menos oito equipes, talvez dez, brigando pelo título. O Evergrande, que é atual campeão, tem Felipão e Paulinho, é muito forte. Tem uns chineses muito bons. O time do Conca (Shanghai SIPG) também é muito forte, o Shandong (Luneng) sempre investe bastante. E o nosso (Beijing Guoan), que é o time da capital e tem chineses de qualidade. Vai ser um campeonato muito interessante – avaliou Renato Augusto, com argumentos para acreditar no sucesso do futebol chinês.

- É um mercado que hoje cresceu bastante, é natural que aconteça essa demanda de jogadores. São muitos clubes com muito dinheiro, já começou uma competição interna deles de contratação, pagando valores astronômicos e salários muito bons. E isso faz com que a liga cresça. De uma forma geral, acho que será o início de um boom aqui – completou o ex-corintiano.


DIRETOS DE TV E MÉDIA DE PÚBLICO

Outro fator ajudará a partir desta temporada a embalar o sonho chinês: a venda dos direitos de TV saltou de € 8 milhões no ano passado - apenas uma TV pública transmitia o torneio - para € 1,11 bilhão (R$ 4,61 bilhões) no período de 2016 a 2020. São € 220 milhões (R$ 915,2 milhões) por temporada, um aumento de 2.750%.

A Superliga despertou o interesse internacional e, claro, ganhou outra dimensão no país. O limite de cinco estrangeiros (um deles asiático) ainda limita uma escalação galáctica, mas os nomes oferecidos aos torcedores devem ser o suficiente para gerar comoção nacional. A expectativa é de que a média de público suba de 22.193 pessoas por jogo para a casa dos 25 mil, ultrapassando o Campeonato Italiano (Série A) e Francês (Ligue 1). Por conta da população de 1,35 bilhão, não seria anormal ver o torneio alcançar o top-3 em breve, abaixo apenas do Alemão (Bundesliga) e Inglês (Premier League) – perto dos 30 mil.


Alex Teixeira Jiangsu Suning (Foto: Getty images)
O brasileiro Alex Teixeira foi o jogador mais 
caro da janela chinesa (Foto: Getty images)




AS EQUIPES


Beijing Guoan
Escudo Beijing Guoan (Foto: Divulgação)

Fundação: 1992 (se tornou profissional em 1992)
Estádio dos Trabalhadores (66.191 pessoas)
Dono: CITIC Group Corporation
Técnico: Alberto Zaccheroni (Itália)
Estrangeiros: Renato Augusto (Brasil), Kléber (Brasil), Ralf (Brasil), Burak Yilmaz (Turquia) e Egor Krimets (Uzbequistão)
Histórico: seis títulos (4º lugar em 2015)
Chineses na seleção: Chengdong, Xizhe, Chiming e Yu Dabao

 


Changchun Yatai

escudoChangchun Yatai (Foto: Divulgação)

Fundação: 1996
Estádio: Área de Desenvolvimento (28.669 pessoas)
Dono: Jilin Yatai Group
Técnico: Slavisa Stojanovic (Eslovênia)
Estrangeiros: Marcelo Moreno (Bolívia), Darko Matic (Croácia), Julien Gorius (França), Ognjen Ozegovic (Sérvia) e Anzur Ismailov (Uzbequistão)
Histórico: um título (10º lugar em 2015)
Chineses na seleção: Nenhum

                               
Chongqing Lifan
Escudo Chongqing Lifan (Foto: Divulgação)

Fundação: 2000
Estádio: Chongqing Olympic Sports (58.680 pessoas)
Dono: Lifan Motors
Técnico: Chang Woe-Ryong (Coreia do Sul)
Estrangeiros: Emanuel Gigliotti (Argentina), Fernandinho (Brasil), Jael Ferreira (Brasil), Goran Milovic (Croácia) e Jung Woo-Young (Coreia do Sul)
Histórico: nenhum título (8º lugar em 2015)
Chineses na seleção: Nenhum


Guangzhou Evergrande
Escudo Guangzhou Evergrande (Foto: Divulgação)

Fundação: 1954 (se tornou profissional em 1993)
Estádio: Tianhe (58.500 pessoas)
Dono: Evergrande Real State Group e Alibaba E-commerce
Técnico: Luiz Felipe Scolari (Brasil)
Estrangeiros: Alan (Brasil), Ricardo Goulart (Brasil), Paulinho (Brasil), Jackson Martínez (Colômbia) e Kim Young-Gwon (Coreia do Sul)
Histórico: cinco títulos (1º lugar em 2015)
Chineses na seleção: Cheng, Linpeng, Xiaoting, Fang, Zheng, Zhi, Hanchao, Bowen e Long


Guangzhou R&F
Guangzhou R&F (Foto: Divulgação)

Fundação: 1994
Estádio: Yuexiushan (20.000 pessoas)
Dono: R&F Properties
Técnico: Dragan Stojkovic (Sérvia)
Estrangeiros: Bruninho (Brasil), Renatinho (Brasil), Apostolos Giannou (Grécia), Gustav Svensson (Suécia) e Jang Hyun-Soo (Coreia do Sul)
Histórico: nenhum título (14º lugar em 2015)
Chineses na seleção: Zhipeng


Hangzhou Greentown
Escudo Hangzhou Greentown (Foto: Divulgação)

Fundação: 1998
Estádio: Yellow Dragon Sports Center (52.672 pessoas)
Dono: Greentown China
Técnico: Hong Myung-Bo (Coreia do Sul)
Estrangeiros: Tim Cahill (Austrália), Matthew Spiranovic (Austrália), Denílson Gabionetta (Brasil), Davy Claude Angan (Costa do Marfim) e Oh Beom-Seok (Coreia do Sul)
Histórico: nenhum título (11º lugar em 2015)
Chineses na seleção: Nenhum


Hebei China Fortune
Escudo Hebei China Fortune (Foto: Divulgação)

Fundação: 2010
Estádio: Qinhuangdao Olympic Sports Center (33.572 pessoas)
Dono: China Fortune Land Development
Técnico: Li Tie (China)
Estrangeiros: Ezequiel Lavezzi (Argentina), Stéphane Mbia (Camarões), Gervinho (Costa do Marfim), Gaël Kakuta (França) e Ersan Gülüm (Turquia)
Histórico: nenhum título (2º lugar na Segunda Divisão em 2015)
Chineses na seleção: Nenhum


Henan Jianye
Escudo Henan Jianye (Foto: Divulgação)

Fundação: 1994 (se tornou profissional em 1994)
Estádio: Zhengzhou Hanghai (29.860 pessoas)
Dono: Central China Real Estate Limited
Técnico: Jia Xiuquan (China)
Estrangeiros: Ivo (Brasil) Eddi Gomes (Dinamarca), Javier Patiño (Filipinas), Osman Sow (Suécia) e Ryan McGowan (Austrália)
Histórico: nenhum título (5º lugar em 2015)
Chineses na seleção: Nenhum


Jiangsu Suning
Escudo Jiangsu Suning (Foto: Divulgação)

Fundação: 1958 (se tornou profissional em 1994)
Estádio Olímpico de Nanjing (61.443)
Dono: Suning Commerce Group.
Técnico: Dan Petrescu
Estrangeiros: Trent Sainsbury (Austrália), Ramires (Brasil), Jô (Brasil), Alex Teixeira (Brasil) e Sammir (brasileiro naturalizado croata)
Histórico: Nunca conquistou o título (9º lugar em 2015)
Chineses na seleção: Xiang e Wu Xi


Liaoning Whowin
Escudo Liaoning Whowin (Foto: Divulgação)

Fundação: 1953 (se tornou profissional em 1994)
Estádio: Estádio Panjin Jinxiu (35.600 pessoas)
Dono: Liaoning Sport Technology College e Huludao Hongyun Group
Técnico: Ma Lin
Estrangeiros: James Troisi (Austrália), Michael Thwaite (Austrália), James Chamanga (Zâmbia), Assani Lukimya (República Democrática do Congo) e Ibrahima Toure (Senegal)
Histórico: um título (14º lugar em 2015)
Chineses na seleção: Nenhum


Shandong Luneng Taishan
Escudo Shandong Luneng Taishan (Foto: Divulgação)

Fundação: 1956 (se tornou profissional em 1993)
Estádio Olímpico de Jinan (56.808 pessoas)
Dono: Shandong Luneng Group
Técnico: Mano Menezes
Estrangeiros: Gil (Brasil), Diego Tardelli (Brasil), Aloísio (Brasil) e Montillo (Argentina)
Histórico: quatro títulos (3º colocado em 2015)
Chineses na seleção: Dalei, Yongpo e Yang Xu


Shanghai SIPG
Escudo Shanghai SIPG (Foto: Divulgação)

Fundação: 2005
Estádio de Shanghai (56.842 pessoas)
Dono: Shanghai International Port Group
Técnico: Sven-Göran Eriksson
Estrangeiros: Asamoah Gyan (Gana), Elkeson (Brasil), Conca (Argentina) e Kouassi (Costa do Marfim)
Histórico: nunca conquistou o título (2º colocado em 2015)
Chineses na seleção: Yan Junling, Yu Hai, Wu Lei e Huikang


Shanghai Greenland Shenhua
Escudo Shanghai Greenland Shenhua  (Foto: Divulgação)

Fundação: 1951 (se tornou profissional em 1993)
Estádio de Hongkou (33.060 pessoas)
Dono: Greenland Group
Técnico: Gregorio Manzano
Estrangeiros: Demba Ba (Senegal), Kim Kee-Hee (Coreia do Sul), Giovanni Moreno (Colômbia), Fredy Guarín (Colômbia) e Obafemi Martins (Nigéria)
Histórico: três títulos (6º colocado em 2015)
Chineses na seleção: Bi Jinhao


Shijiazhuang Ever Bright
Escudo Shijiazhuang Ever Bright (Foto: Divulgação)

Fundação: 2001 (se tornou profissional em 2011)
Estádio Yutong Sports Center (29.000 pessoas)
Dono: Hebei Ever Bright Real Estate Development
Técnico: Yasen Petrov
Estrangeiros: Mario Rondón (Venezuela), Rúben Micael (Portugal), Cho Yong-hyung (Coreia do Sul), Diego Maurício (Brasil) e Jacob Mulenga (Zâmbia)
Histórico: nunca conquistou o título (7º colocado em 2015)
Chineses na seleção: Nenhum
   

Tianjin Teda
Escudo Tianjin Teda (Foto: Divulgação)

Fundação: 1951 (se tornou profissional em 1993)
Estádio Olímopico de Tianjin (54.696 pessoas)
Dono:  Tianjin TEDA Group
Técnico: Dragan Okuka
Estrangeiros: Zainadine Júnior (Moçambique), Aleksandar Jovanović (Austrália), Mbaye Diagne (Senegal) e Wágner (Brasil)  
Histórico: nunca conquistou o título (13º colocado em 2015)
Chineses na seleção: Nenhum


Yanbian Fude 
Escudo Yanbian Fude  (Foto: Divulgação)

Fundação: 1955 (se tornou profissional em 1994)
Estádio de Yanji (30.000 pessoas)
Dono: Yanbian Sports Bureau
Técnico: Park Tae-ha
Estrangeiros: Nikola Petković (Sérvia), Kim Seung-dae (Coreia do Sul), Yoon Bit-garam (Coreia do Sul) e Bubacarr Trawally (Gâmbia)
Histórico: um título (campeão da Série B em 2015)
Chineses na seleção: Nenhum



FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2016/03/fim-do-mundo-chines-comeca-com-mais-estrelas-e-ameaca-hegemonia.html

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